Andrew
Eu tinha esquecido a porra do meu celular lá. Na pressa para sair depois que Irma praticamente me expulsou, eu tinha deixado meu celular na minha sala, o consultório. E só percebi quando estava chegando em casa.
Eu não podia deixar meu celular lá, então eu voltei para buscar. Eu sabia que se Irma me visse, ela ficaria irritada, então eu pretendia pegar o celular e sair sem ser visto. Era um bom plano.
Mas assim que eu estava chegando no abrigo, eu vi a mulher de mais cedo sair correndo. Era como uma cena de filme, ela estava segurando sua bolsa, com a mão no rosto enquanto ia correndo até o outro lado da rua e entrava no carro. Irma a tinha chamado de Lola e ela era uma das mulheres que estavam na foto do time de vôlei da faculdade. Antes da lesão.
Me lembrei do olhar no rosto da Irma, quando viu a mulher. Ela parecia assombrada. E a pergunta que ela me fez semanas atrás me veio a mente.
O que você faz quando magoa alguém que ama?
Por alguma razão, eu sentia que essa pergunta tinha algo a ver com a Lola e as amigas da faculdade de Irma.
Abri a porta do abrigo e fui recebido com o silêncio. Irma não parecia estar qualquer lugar a vista. Provavelmente estava no escritório ou no terraço. Suspirei e fui para o consultório, pegar meu celular. E depois de fazer isso, quando estava voltando para a recepção, eu ouvi.
Vidro de quebrando.
Meu coração saltou uma batida e eu apenas reagi, correndo escada acima. E veio o outro estrondo. Mais alto.
Desespero me consumiu, enquanto eu tentava chegar até Irma. E assim que cheguei ao topo da escada, eu ouvi seu choro e o grito torturado. Fui até a porta do escritório e vi Irma lá dentro, lançando uma cadeira pela sala. O choque me manteve parado, sem ser capaz de reagir. Ela também não tinha me visto. E eu a vi chorar e cobrir sua cabeça com suas mãos, puxando seu cabelo enquanto soluçava. Quando ela se moveu para a outra cadeira, eu agi.
Eu fui até ela.
Eu a abracei por trás, segurando seus braços.
— Irma. – eu falei, desolado. Ela se deixou cair contra meu corpo e eu a segurei, a apoiando. E um soluço sacudiu seu corpo, enquanto ela chorava. Sua respiração foi ficando mais e mais ofegante. Lentamente, eu fui andando para trás com ela, até chegar na parede. Me abaixei devagar com ela, até estarmos sentados. Irma ainda estava chorando, cada vez mais alto e mais desesperadamente.
Eu apenas a abracei, a segurando enquanto ela tirava toda essa dor do seu peito.
Era óbvio que seja o que ela tivesse conversado com a Lola, isso tinha sido o suficiente para desencadear uma crise nela. Tudo o que Irma guardava tão profundamente dentro de si, finalmente estava saindo.
Me mantive ali, em silencio. Apenas esperando.
Pouco a pouco, o choro foi diminuindo. Suas mãos estavam no meu braço e ela recostou sua cabeça no meu peito. As lágrimas ainda escorriam por seu rosto, mas ela parecia um pouco mais calma.
— Irma.– eu chamei e ela virou seu rosto para me olhar. Eu perdi o ar. Pela primeira vez, desde que eu a tinha conhecido, Irma estava com a guarda completamente baixa e eu podia ver toda a dor que ela escondeu. Assim, como eu também podia ver o quão cansada ela estava.
Seu olhar era como um pedido de socorro que ela não tinha coragem de expressar em voz alta.
E eu desejei desesperadamente ser aquele que a salvaria.
— O que aconteceu, cariño? – perguntei baixo, com a minha mão tocando seu rosto. O lábio de Irma tremeu quando ela fechou os olhos e deitou sua cabeça em minha mão.
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Tudo de nós (The Heartbreakers #3)
RomanceIrma Keller era a ponteira do time de vôlei da Kennesaw State. A garota que ia jogar em um time profissional. Aquela que brilhava dentro de quadra. Mas em seu último jogo pela universidade, Irma sofreu uma lesão que destruiu seu joelho e seus sonhos...