Irma
Ignorei a ansiedade no meu peito e encarei a porta de saída, esperando pela Lola. Toquei meus lábios, ainda sem saber o que pensar.
Acho que estava se tornando um hábito.
Andrew estava me encarando, mas eu o ignorei. Tínhamos nos beijado e antes que ele pudesse falar qualquer coisa (como, por exemplo: isso não vai acontecer de novo), eu cobri sua boca com minha mão e disse que depois conversávamos. O beijo tinha me distraído o suficiente para eu assistir o resto do jogo, que voltou após a expulsão das duas mães que brigaram. O treinador Madison parecia muito orgulhoso de si mesmo e, mais uma vez, eu me lembrei de onde o gênio da Kinsey veio.
Após o jogo voltar, o time de Lola foi capaz de ganhar um set, mas acabou perdendo por 3x1.
Eu podia ver que Lola estava chateada por terem perdido, mas também foi a primeira vez que eu a vi como uma treinadora e ela era muito boa. Ela foi em cada uma das garotas, conversou tranquilamente com todas elas e no final teve até um abraço em grupo.
Havia muito do treinador Madison naquele método, mas também havia muito da Lola.
Não pela primeira vez eu me arrependi de ter me afastado da vida das Heartbreakers. Se eu fosse sincera, eu não sabia de mais nada que estava acontecendo na vida delas e isso era culpa minha.
Suspirei e olhei para o Andrew.
— Você quer falar que está arrependido de ter me beijado? – falei e ele cruzou os braços. Eu encarei suas tatuagens. Depois daquela noite, no meu escritório, eu pensei muitas vezes nas tatuagens dele. Eu queria correr meus dedos por elas outra vez.
— Não estou arrependido. – ele disse e eu ergui meus olhos, surpresa. — Eu nunca disse que me arrependi de te beijar, Irma.
— Quando um cara me beija e depois fala "isso não pode acontecer de novo", soa muito como arrependimento. – falei e ele deu um suspiro cansado. Fazia algum tempo que eu não ouvia um desse.
— Você não está num bom momento para isso. – foi sua resposta e eu ergui uma sobrancelha para ele. Ele estava certo sobre isso, mas quem disse que ele tinha o direito de decidir isso por conta própria? — Não me olhe assim, cariño. Você sabe que eu estou certo.
— O que exatamente é "isso"?
— Você sabe o que é. – ele falou, sem se alongar no assunto. Cedendo aos meus instintos, eu me aproximei dele. Andrew me encarou desconfiado, mas não disse nada, apenas continuou parado. — O que você pensa que está fazendo, cariño? – ele tentou parecer irritado, mas eu podia ouvir o carinho e a gentileza em sua voz.
— Hipoteticamente falando, – comecei e ele riu, balançando a cabeça. — se eu estivesse em um bom momento e quisesse isso, o que você faria? – perguntei, parada na frente dele. Meus braços estavam atrás de mim e eu o encarei. Seus olhos me fitaram, cheios de calor. Eu queria me esconder dentro do seu abraço, onde eu sei que estaria sempre segura.
— Nada, cariño.
— Nada? Por que?
— Porque eu não posso. – ele disse e eu inclinei minha cabeça. Ele tinha se fechado de novo, exatamente do mesmo jeito de quando eu perguntei sobre a razão dele ter se mudado para Atlanta.
De repente, a curiosidade que Shea tinha sobre o porque dele ter se mudado, pareceu muito importante e eu também estava curiosa.
— O que aconteceu em Atlanta, Andrew? – perguntei e ele congelou completamente. Seus olhos se arregalaram quando ele me encarou. Então havia algo. O que poderia ser tão ruim a ponto dele sequer falar sobre isso? Um mundo de possibilidades surgiu na minha mente.
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Tudo de nós (The Heartbreakers #3)
RomansaIrma Keller era a ponteira do time de vôlei da Kennesaw State. A garota que ia jogar em um time profissional. Aquela que brilhava dentro de quadra. Mas em seu último jogo pela universidade, Irma sofreu uma lesão que destruiu seu joelho e seus sonhos...