a esperança despedaçada

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⚠alerta para leitores sensíveis⚠
Menção de morte e sangue.

Foi, foi tudo tão rápido...tudo tão facilmente despedaçado da maneira mais cruel!

A primeira coisa que Nicolas viu foi uma faca gelada no seu pescoço.

E logo depois, sangue.
Muito sangue.

Mas o sangue,não era dele.

Era de Beatris.
Ela não nem teve tempo de reagir, só soltou a faca que segurava nele e soltou um suspiro.
Uma lágrima rolou pela sua bochecha deixando uma trilha de rímel preto.

A dor era tão grande que não dava nem para respirar.

Ao sentir a faca caindo, ele recuou e caiu sentado, fraco e sem fólego. E lá, viu a cena mais aterrorizante de sua vida...

Elie. Segurando o estilete, com o braço atravessando o peito de Beatris por trás.

Ela empurrou as costas da garota tirando o braço de dentro dela.

Uma fina linha vermelha ligava a ponta do estilete da fantasma ao buraco deixado nas costas de Bia, que se partia enquanto ela caia imóvel.

Ele estava mais do que confuso.
Ela tentou mata-lo?
Mas por que?
O que aconteceu?
Aquela...aquela capeta o salvou?
Mas ela matou Bia tambêm!

Mesmo sem querer acreditar, se sentia traído.

Logo depois Théo e Thomas chegaram correndo e gritando o nome dele.
Os dois ficaram horrorizados ao perceber o que aconteceu.

Thomas tapou a boca suando frio, o loiro imediatamente cobriu os olhos, Clara quase caiu.

Elie se virou com um sorriso adorável e meio tranquilizador, e o braço completamente ensanguentado.
-Me desculpem por isso...e-eu falei que ele estava em perigo.-

Nicolas não aguentava mais, agora que o silêncio foi quebrado, ele avançou na menina.
-EU ESTAVA MUITO BEM ATÉ VOCÊ APARECER! NÃO ME FAÇA DE IDIOTA COM ESSA CARA DE BOAZINHA!-

As mãos dele avançaram para empurrar o corpo translúcido dela. A garota agarrou seus punhos e olhou para o rosto dele.

Aqueles olhos eram como um dia nublado: tristes, cinzas e calmos.

Mas ele só sentia nojo do sangue na mão dela. Tentar se soltar era inútil, então ele abaixou o rosto para que ninguém visse as suas lágrimas.

Ele não queria olhar para ela. Não queria se acalmar.
Não queria nem estar alí!
Que droga! Porque isso ta acontecendo?

Elie o soltou, e seus joelhos falharam fazendo-o cair.
Já no chão ele sacudiu o (corpo? alma?) de Bia, colocando a cabeça dela no seu colo.
-BIA ESSA NÃO É VOCÊ!-

Verdade, aquela Beatriz estava emotiva e educada.
A Bia que ele conhecia era debochada e engraçada.

-Tem razão. Não é ela!-
A fantasma balançou a cabeça com uma expressão vazia.
-Nós monstros temos nossas intenções!-

Ela se agachou e fechou os olhos da garota com a mão que estava limpa.
-A Beatris que você conheceu, viva, não existe mais!-

Ele continuava olhando para baixo. Seus olhos castanhos tinham uma expressão de dor e raiva.

E Ela não entendia o porquê!
"Se fosse você que tivesse sido destruída, eles estariam felizes!"
Foi oque a voz disse para ela.

No meio do silêncio Thomas, segurando a mão do seu amigo que soluçava baixinho, tocou o ombro de Nicolas tentando comforta-lo.

Ainda séria e neutra, a garota tirou alguma coisa do bolso e mostrou para o menino.
-Isso aqui caiu quando aquele boneco te pegou. Acho que é seu.-

Era um chaveiro. Metálico e peba, com uma figura da Kuromi na ponta.

Ele rapidamente colocou a mão no bolso onde o chaveiro deveria estar.

Encontrou só a chave.

O garoto pegou o objeto e olhou a figura perplexo.

Um flashback passou pela sua cabeça:

Naquela noite, eles estavam em um parque e ela não tinha maquiagem pesada e nem roupas extravagantes, como de costume.
Nicolas gostava da companhia dela. Era legal ter alguém mais velho que não o tratasse como um bebê.

Beatris tinha acabado de se mudar junto com o circo.

-Eu vi você na minha escola hoje!-
ele comentou, dando outra mordida em seu algodão doce.
-Você tava bem quieta!-

-Vou tentar mudar um pouco dessa vez para ver se arrumo amigos...-
Suspirou desanimada.
-Foi um conselho que me deram.-

O moreno se virou confuso
-"dessa vez"?-

-É que antes, as pessoas ficavam implicando comigo...diziam que eu era metida, irritante, sei lá! Coisas estúpidas desse tipo. E como eu vivo me mudando...-

-Bom, eu acho que você não precisa se forçar a nada!-
ele a interrompeu sem muita emoção, ainda concentrado no seu lanche.
-Você é metida e estranha sim! Mas eu gosto de você mesmo assim!-

Ela riu, aquelas palavras aqueceram seu coração.
-Você também é irritante!-

-Eu sei! E eu mando todo o mundo se lascar!-

A atenção deles foi para uma lojinha lá perto e os dois apostaram corrida até ela.

-Ei, você assiste Hello Kitty?-
ela perguntou com as mãos no vidro de uma máquina de surpresas com vários chaveiros de bichos fofinhos.

-NÃO!-
ele respondeu indignado. Na cabeça dele Hello Kitty era para meninas de, no máximo, sete anos!
-Hello Kitty tem desenho?-

-Sem cultura!-
falou ela mais indignada ainda.
-Assiste PEPPA PIG, mas nunca viu Hello Kitty!-

-ME RESPEITE QUE PEPPA PIG É DESENHO DE MACHO!-

Ela revirou os olhos rindo.
Mas sua risada sumiu quando o menino pediu uma moeda para poder usar a máquina.

-Pirangueiro!- resmungou entregando o dinheiro.

Ao rodar a manivela uma embalagem caiu,
e o brilho do garoto foi sumindo enquanto ele abria.
-Que bicho feio!-
Ele ergueu um inseto branquinho e cabeçudo com antenas amarelas e asas de anjo azuis.

-Você pegou o Kyupi!-
agora era a vez dela e tirou uma coelhinha de capuz preto.
-Que sorte! Eu me identifico muito com a Kuromi!-

-Não é justo! O seu é bonito.-

Beatris olhou para a sua Kuromi e perguntou.
-Quer trocar?-

Nicolas parecia surpreso.

-você gostou mais desse, né? Pode ficar Nick!-

Voltando para a realidade ele puxou a chave do bolso e entregou para a fantasma sem nenhuma cerimónia.

Thomas arregalou os olhos
-MEU DEUS, VOCÊ É INCRÍVEL!-

-A-agora podemos ir embora?- théo se virou para o ruivo com uma esperança ansiosa.

Saindo de sua expressão vazia, Elie deu uma risadinha.
-Obrigada! Mas essa não é a chave!-

Eté Nicolas ficou surpreso.

-Quer dizer... na verdade eu sei onde a chave esta, mas ela fica em um cofre que prescisa de três chaves para ser aberto e eu não sei onde elas estão.-

- Podia ter falado isso antes, né!?-

-Qual é a graça de saber de tudo?-
ela retrucou.
-E pode ficar com ela! Eu não posso tocar nas chaves...-

Thomas queria muito saber o que tinha acontecido, mas todos inclusive ele, ainda estavam muito abalados...

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