Thomas em apuros

14 3 5
                                    

-Vocês não cansam de arrumar confusão não?-
Rosnou o homem com a sua voz grossa e penetrante.

Eles não responderam, encostados na parede, tremendo e completamente apavorados, era uma cena patética aos olhos de Ray.
-Não fiquem achando que salvei vocês! Essa aberração já era absoleta.-

Ele guardou a arma dando de costas para as crianças.

-Como assim "absoleta" ?-

A voz de Nicolas fez ele se virar de novo.
Lançou aquela carranca de dar arrepios e respondeu apontando para a janela.
-Se você não serve mais, é expulso para o lado de fora, onde apodrece lentamente...
É assim que esse lugar funciona!-

Ray desviou o olhar deles. Parecia estar tentando falar algo e pensando se era correto falar.

Ele suspirou.
-Venham! Não é seguro aqui!-

Na verdade lugar nenhum alí era seguro.

Os dois saíram daquele canto tomando cuidado para não encostarem nas presas da serpente e o seguiram.
No silêncio barulhento, só se ouvia os soluços de Théo que juntava as mãos nervosamente, prendendo a respiração e tentando parar as lágrimas que irritavam o moreno cada vez mai.

-Então como ainda estamos aqui?-
Nicolas perguntou, com a cabeça erguida e sério, tentando esconder o quanto estava apavorado agora.

O policial deu um sorriso malicioso.
-Vocês não tem ideia do quanto são úteis!-

As duas crianças pareciam tão frágeis perto da estrutura alta e séria daquele homem.

Eles pararam em frente a uma porta.
(Que novidade!)

Quando ele abriu, foi visto um quarto, pintado de rosa-claro, com uma cama Queen cheia de ursos de pelúcia, um mosquiteiro daqueles de princesa, um guarda-roupa branco com detalhes dourados e os mais variados tipos de brinquedos, amontoados em um canto.
As paredes estavam decoradas com desenhos coloridos mas bem garranchudos, sendo até "estranhos", e no canto uma escrivaninha marrom cheia de papéis e canetas.

O quarto de Elie e escritório de Ray.

Os meninos já suporam isso, mas...
Porque ele tinha os levado para cá?

Olhando ao redor, em alerta, um desenho chamou a atenção de Théo.

Eram três bonecos de palitinho com palavras acima da cabeça. Um tinha uma saia, escrito "eu", outro de camisa e chapéu azul, escrito "Ray" e outro preto e mais alto chamado "Inquilino".

O mais velho percebendo, comentou enquanto tirava o chapéu e afrouxava a gravata.
-Não achem que estão apenas atrás de uma chave perdida!-
-Tem bem mais dificuldades para vocês saírem daqui...-
.
.
.
Voltando a nossa duplinha com a versão "viva" de Elie.

Mesmo sem entender, Thomas estava amando aquele mundo!

-Ele tem razão! Se cairmos daqui, já era!-
Clara concordou falando séria para eles.

A menina colocou as mãos atrás da cabeça com cara de convencida acelerando o passo.
-Relaxem! Eu sei bem como andar por aqui, mas pode deixar que vou ajudar vocês a descerem...-
Nesse momento a telha que Elie pisava caiu fazendo-a escorregar até a beirada do telhado.

-"Me diz se tem cristão que aguente essa criatura?"- Clara engoliu seu deboche.

-eita...p-pera aí, eu tô bem!- depois do susto ela apoiu o joelho para subir de volta, mas outra telha caiu.

Ela soltou um gritinho ao escorregar denovo.
Engolindo seco, estavam no teto de um pequeno prédio, Elie sentia o vento frio batendo nas sua pernas que já pendiam para fora do telhado.

A Casa da EsquinaOnde histórias criam vida. Descubra agora