Words are weapons

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Entrar em casa novamente depois da discussão com a mãe era uma das lutas que poderiam ser vencidas. Pelo menos agora que ele se sentia mais forte.

Marshall precisava achar um lugar para seu irmão ficar até que as coisas se resolvessem com a mãe, porque, não arriscaria deixar o menino no mesmo ambiente que ela, sabendo que ela poderia ter uma recaída na frente dele. Tentaria proteger sua inocência até ser tarde demais.

- Eu te inscrevi em um programa do governo para viciados em álcool. Você vai frequentar a casa três vezes por semana e conversar com pessoas iguais a você, conversar com um profissional que saiba lidar com você. - Disse em alto e bom som, enquanto lavava a louça na cozinha. Sabia que a mãe estava escutando.

- O que você fez Marshall? - A mãe respondeu, irritada, gritando. De novo, não sabia se controlar.

- Mãe. - Ele se virou para ela, largando o prato que estava em suas mãos. - Acredito que você precise de ajuda e conversar com pessoas como você apenas três vezes por semana não vai te matar. Você pode fazer esse sacrifício por mim? Pelo Nathan? Não quero que isso se torne uma briga.

Debbie ouviu, perplexa. O que ele estava pensando?

- Não sou uma viciada. Você deveria ter me consultado.

- Mãe, não estou te internando contra a sua vontade. Eu só te inscrevi em um processo terapêutico. Você pode faltar se quiser, as reuniões começam depois de amanhã.

- Por que fez isso sem perguntar a minha opinião?

- Porque achei que me agradeceria por querer que você se torne alguém melhor. Você pode escolher o que deseja para si mesma e não vou interferir, mas quero que saiba que faço tudo por Nathan. Para que ele tenha uma mãe. A mãe que eu não tive.

A mãe ficou calada.

- Se eu fizer isso, você me perdoa?

Marshall franziu as sobrancelhas.

- Pode ser um recomeço para nós.

A mãe se aproximou dele, deitando a cabeça em seu ombro. Ele não se mexeu. Não estava acostumado com aquelas demonstrações de afeto quando vinham dela e não sabia como reagir a elas.

- Tenho que te contar mais uma coisa. - Ele disse, a garganta seca.

- Eu e DeShaun vamos participar de uma batalha de rimas. Para tentar ganhar um pouco de dinheiro e para tentar conseguir um contrato com uma gravadora, se ganharmos. Se conseguir, gravarei uma demo.

Proof conseguiu convencer Marshall a deixá-lo fazer sua inscrição para uma batalha, o que no início ele negou, participaria apenas da competição de skate tradicional, mas quando o amigo disse que ele poderia tirar uma boa quantia de dinheiro se participasse, Marshall não pensou duas vezes, apenas aceitou.

Não que ele tivesse medo. Ele mesmo escrevia as próprias rimas. O Hip Hop fazia parte de seu sistema, o criara como ele era e o tornara uma pessoa mais confiante.
Ele não tinha medo de participar, mas de fracassar e ter que voltar para casa sem nada. Ter um sonho é bom, faz bem para a alma, mas sem dinheiro, não se paga as contas que venciam em cima da bancada da cozinha do trailer.

A mãe apenas franziu as sobrancelhas.

- Vou participar de uma competição de skate também.

Silêncio.

- E acredita ser capaz de ganhar dinheiro com essas competições em que foi inscrito por aquele seu amigo? Acredita conseguir gravar uma demo? - A mãe soltou as palavras com um tom ácido de deboche.

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