Capítulo 20

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BROOKE FINLEY

De alguma forma, Drake Campbell conseguiu derrubar alguns muros que estavam erguidos a minha volta. De alguma forma, ele fez de um dia de merda um dia que eu não me esqueceria nunca, e eu não poderia estar mais agradecida por isso.

O encontro ainda não acabou, e tudo está indo muito até o momento. Nós dois estamos sentados em uma das dezenas de mesas de uma lanchonete do parque. O lugar é todo colorido e repleto de fotos das mais diferentes atrações do lugar gigantesco.

Enquanto as paredes se mesclam em um tom de amarelo e azul, o chão é ladrilhado por quadradinhos verdes, brancos e vermelhos. É como estar dentro de um arco-íris, cheio de crianças barulhentas e comidas gordurosas, mas bem organizado e bonito de se ver.

— Você já veio aqui? — eu pergunto para Drake enquanto esperamos nossos pedidos. Ele assente, sentado a minha frente no assento azul. Eu direciono meu olhar para uma mesa com duas crianças bem pequenas, se lambuzando com sorvete e rindo tão alto que é possível escutar lá de fora. — E ficou com vontade de voltar?

Ele ri pelo meu tom julgador na última pergunta e eu volto a olhar para ele, arqueando as sobrancelhas. Eu gosto de crianças até um certo ponto, quando elas estão quietas, sem nada nojento nas mãos e escutam a pessoa mais velha, algo além disso já é demais para mim.

— É um lugar legal. — Drake balança os ombros, olhando em volta ao mesmo tempo em que fala. — Meus pais trouxeram eu e Madison aqui quando estávamos fazendo cinco anos, então eu já estive no lugar dessas outras crianças e era algo incrível. Eles continuaram nos trazendo todo ano, então é tudo muito pessoal pra mim. E eu gosto daqui, acho que é um dos meus lugares preferidos no mundo.

— Então você me trouxe para um lugar que é especial pra você. — foi uma afirmação. Minha voz saiu mais cautelosa enquanto eu olhava em seus olhos, e por algum motivo senti meu coração bater um pouquinho mais forte por essa declaração. É tudo tão clichê que chega a me dar náuseas, mas ignoro a minha parte chata.

— Não se ache demais, princesa. — Drake diz com o tom zombeteiro e um sorriso de lado, nós dois observando o garçom colocar nossos pedidos na mesa e se afastar logo depois que agradecemos. — Eu fiquei com falta daqui. Só isso.

Eu balanço a cabeça com um sorriso, não insistindo no assunto quando vejo que claramente é algo mais do que ele diz ser.

— Eu não acho que tenha um lugar no mundo que eu tenha tantas boas lembranças da infância para visitar. — eu comento, enquanto remexo o canudo dentro do copo de suco e mantenho os olhos em Drake, que me escuta atentamente. — É tudo resumido a cada canto da minha casa, o escritório da minha mãe e a escola. Mas eu acabei ficando bem apegada a casa do lago, então acho que se tornou meu lugar preferido.

— Por que nos beijamos lá? — Drake abre um sorriso largo, a diversão estampada em sua feição para tentar aplacar qualquer sentimento ruim que eu estava começando a sentir com as lembranças da minha família e infância nada convencional.

— Eu beijei muitas pessoas lá. — muitas pessoas talvez seja um exagero, mas algo que eu não gosto de fazer é alimentar ainda mais o ego já gigante de Drake Campbell, que mesmo assim parece se divertir às minhas custas.

— Nenhuma melhor que eu, isso eu tenho certeza. — Campbell diz com convicção e eu rolo os olhos para ele. Internamente eu até posso concordar com ele, e até entendo o motivo de tanta presunção, mas nunca admitiria a forma como ele mexe comigo e é bom no que faz.

Eu observo enquanto ele dá uma generosa mordida em seu hambúrguer, algo que não faço ideia de como é o gosto, mas ele parece amar pela expressão de satisfação em seu rosto. Respiro fundo e me ajeito na cadeira, decidida a me abrir um pouquinho mais para alguém que se esforça tanto para manter uma boa relação, qualquer que seja o nome pelo qual podemos chamar isso que temos.

Ambitious Game (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora