Capítulo 4

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BROOKE FINLEY

Um dos maiores problemas da minha vida tem a ver com a minha família. Uma mãe narcisista, um pai que não liga para nada que a esposa faz com os filhos e os deixa de lado, um irmão mais velho que saiu de casa cedo para estudar e nos visita poucas vezes.

Esses são somente alguns.

Nós vivemos de aparências. Desde que eu me entendo por gente, minha mãe faz questão de enfatizar que temos sempre que andar na linha e escutar ela. Que não podemos fazer nada que ela não faria e que tudo que ela faz é por nós.

Claro, anos atrás eu costumava escutar tudo e seguia a risca cada palavra que ela dizia, mas com o tempo, quanto mais eu fazia a sua vontade, mais eu ficava desconfortável e mal comigo mesma. Eu fui entendendo também o porquê meu irmão sempre quis sair de casa, e assim fez quando teve a primeira oportunidade.

Por conta disso, eu fui fazendo exatamente o contrário de tudo que ela mandava. Isso a enlouquecia. Hoje, minha mãe já entendeu que eu faço isso para não ter que lhe obedecer e para irritar ela, o que a deixa ainda mais irritada.

— Brooke, eu quero que você comece a fazer a sua inscrição em alguma universidade. — minha mãe começa a falar no meio do jantar, me encarando do outro lado da mesa. — Eu já conversei com alguns contatos meus, eles já estão cientes que você vai poder fazer as opções que eu escolhi lá.

Eu largo os talheres no prato devagar e levanto as sobrancelhas.

— Eu não preciso da sua ajuda. — eu cruzo os braços e o seu olhar já se enche de repreensão. — E eu não vou fazer nenhuma das opções que você quer que eu faça.

— Você não tem escolha.

— Bom, eu sou totalmente capaz de fazer escolhas por mim mesma, então acredito que eu tenha sim. — respondo, com um tom calmo que eu sei que ela não gosta. — Nem perca o seu tempo tentando me colocar em alguma universidade que você tenha contatos. Eu já sei para onde eu quero ir.

Dakota parece que vai explodir de raiva toda vez que alguém fala ou faz algo que ela não ache certo, porque todo o mundo gira ao seu redor na visão dela. Ela também insiste que eu tenho que ir para a mesma universidade que ela ou os "amigos" foram e que eu tenho que estudar a mesma coisa que ela ou o meu pai estudaram.

O empecilho é que além de eu não querer estudar administração e muito menos contabilidade, eu também sonho em estudar na Columbia. Que além de ser em outro país, também é do outro lado do oceano. O mais longe possível dessas pessoas.

— Eu acho que você esqueceu quem manda aqui. — minha mãe retruca e eu me seguro para não revirar olhos, me contentando somente em ignorar isso e comer em paz.

— Brooke. — a voz baixinha da minha irmã mais nova me chama. Olho para o lado e ela está segurando a manga da minha blusa com a mão. — Quando você for embora, você vai levar a gente?

Ela indica o irmão gêmeo ao lado dela com o polegar.

— Na primeira oportunidade. — eu respondo ela no mesmo tom, que sorri e se vira animada para o irmão.

Evie e Charlie são gêmeos. Têm oito anos de idade e não gostam nenhum pouco das regras impostas pela nossa mãe. Eles ainda não foram afetados por toda sua toxicidade, e eu espero tirar eles daqui o mais rápido possível para Dakota não estragar essas crianças como fez com nosso irmão mais velho e comigo.

Os gêmeos são unidos e mantém um laço mais forte entre si que ninguém dessa família jamais teve com outra pessoa. Acredito que esse é o maior motivo para eles se manterem tão firmes diante de tantas merdas que Dakota obriga eles a fazerem.

Ambitious Game (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora