A cantora e a deputada conservadora

5 - Assumindo

Danía Lim

Cheguei em casa e corri pro banheiro, não consegui segurar o choro e chorei tudo que tinha pra chorar. Tomei um remédio para dor de cabeça e outro que eu nem sabia pra que servia mas estava ali.

Me encarei no espelho e vi uma mulher de 32 anos perdida, como há muito tempo eu não estava. Chorei mais um pouco e sentei no chão do banheiro.

Fiquei um tempo apenas recuperando meu fôlego e fazendo minha respiração voltar ao normal.

Danía o que está acontecendo com você? se recompõe logo. A última vez que eu senti isso foi no ensino médio. Que inferno!

Não consigo parar de pensar em tudo que a cantora me disse no banheiro, mexeu comigo. Principalmente sobre sua aproximação, eu desejei ela naquele momento, eu queria um beijo seu, me renderia sem pensar duas vezes.

Hanna você me paga.

*

Dia seguinte na minha sala

Drew entrou na minha sala sem bater e fechei a aba no meu computador que estava o Instagram da Hanna.

- Não sabe mais bater? - perguntei e ele deu de ombros

- Você tinha sumido, estava preocupado.

- Relaxa Drew, ninguém me matou no caminho

- Engraçadinha! Agora é serio...a gente precisa conversar.

- Hm? Pode falar, estou ouvindo. - encarei seu rosto e ele parecia tenso, pois estava apertando a cadeira com as mãos. - Drew, o que foi? calma, eu to aqui

- Você promete não me mandar embora? - perguntou apreensivo

- Drew...o que você fez?

- Nada grave, por favor me prometa. - suspirei e apertamos os dedos mindinhos

- Eu prometo Drew. - ele suspirou fundo e me olhou

- Certo, eu estou namorando...

- Fala serio, você ficou com esse medo todo pra contar isso? - ri - bom, parabéns amigo, fico feliz por você

- Danía...- ele suspirou me olhando com medo - é um cara, eu tô namorando um homem.

Ok, agora isso me pegou desprevenida.

Eu abri a boca algumas vezes mas não consegui dizer nada. Ele continuava apreensivo me encarando.

- Por favor, fala alguma coisa. - pediu quase em suplico

- Eu...é - gaguejei, maldição- Drew, certo. Por alguns momentos eu imaginei que você fosse...gay. Mas não pensei que teria coragem pra me contar

- Eu não tinha mas não estava aguentando mais, é péssimo ver seus posicionamento sabia? não conseguia criar coragem pra te falar, pensei que você ia me bater, expulsar, sla...qualquer merda.

Suspirei passando a mão nos cabelos, estou muito nervosa.

- Me desculpa Drew. Não sou a melhor pessoa pra você, não queria te fazer sentir assim.

- Olha, está tudo bem. Eu consigo gostar de você do jeito que você é mas e você? consegue gostar de mim sabendo quem eu sou?

Engoli a seco.

- Sim Drew, eu consigo. - peguei suas mãos e apertei de forma carinhosa - Mas eu não posso te proteger aqui, na política, nesse partido e do meu pai. Eu vou entender e te apoiar se quiser sair e encontrar outro político ou trabalho.

- Querida, eu não vou te deixar. Quero estar aqui para quando coisas emocionantes acontecer.

Sorri e levantei dando um abraço apertado nele, que foi retribuido na mesma intensidade.