A cantora e a deputada conservadora

16 - Ela pode estar com outra pessoa

Hanna Bensson

Porra, como tiraram essa maldita foto? E estão insinuando que eu tô namorando, só pode ser piada.

Ontem eu sai com uns amigos para curtir e acabei ficando com uma moça que estava na boate, foi coisa rápida mas agora fez um alvoroço na minha vida, eu nem sequer sei seu nome.

Eu odeio paparazzis intrometidos.

Minha equipe de marketing apenas disse para eu deixar o assunto morrer e não dar palco e é o que eu vou fazer, não quero ter que me explicar por beijar alguem desconhecido depois de tantos meses, já tinha me tornado bv novamente.

- Vamos? a revista está te esperando pra começar as fotos - Júlia me chamou e concordei saindo de casa na sua caminhonete prata.

- E se ela tiver visto a foto? - perguntei receosa sentindo o olhar de escanteio da Júlia em mim.

- Ela quem? seja específica gata.

- A Danía, quem mais seria?

Júlia revirou os olhos.

- Você não deve satisfação pra ela Hanna, vocês brigaram, pararam de conversar porque ela é covarde e não iria te assumir. Só queria te pegar no off e praticar a homofobia no dia seguinte.

Engoli a seco.

- Ela não é assim ok? A Danía passou por muitas coisas na vida, eu que fui um pouco idiota por ter saido da casa dela aquele dia.

- Não meu bem, vocês jogaram a real uma para a outra, ok? não se culpe e não pense muito nisso, você mesma disse que ela não gosta muito de rede social, então não deve ter visto a foto. - deu um sorriso de leve pra mim, suspirei concordando.

Chegamos no local de fotos para a revista e fui recebida com muito amor. A equipe foi maravilhosa comigo, tiramos milhares de fotos para no final escolher apenas uma pra ser a capa da revista.

Depois de quase 5 horas fazendo diversas poses pude finalmente sentar e descansar.

- Caralho você é muito gata amiga, acabei de ver suas fotos e ficaram lindas! - Julia disse me entregando um salgado com suco natural de laranja.

Dei um sorriso em forma de agradecimento e comecei a comer meu lanche. Depois disso fomos embora sua casa e ficamos vende filme até o sono bater.

Meus dias foram passando sem muita novidade mas algumas pessoas me cobravam declarações sobre a foto que vazou, porém prometi ficar quieta e é assim que vou permanecer.

Lancei meu novo álbum que estava ganhando cada vez mais reconhecimento, acredito que pelo uma música entra no hot 100, a esperança é a última que morre, certo?

Tenho passado mais tempo com meus pais, como prometido e estou mais ativa nas redes, já que agora estou menos ocupado.

Saímos pra jantar, fazer compras, andar no parque, jogar truco, sinuca e vamos na casa de amigos e familiares. Eu amo passar meu tempo com eles, e quando estou em turnê fico meses sem vê-los, doi muito mas é necessário, é o meu trabalho e a coisa que eu mais amo fazer nesse mundo.

Danía Lim

- Drew, eu topo. - falei de uma vez e ele deu um sorriso enorme.

- Jura? - concordei. - vou avisar para o seu pai.

- Obrigada! Você vai comigo pelo amor de Deus. - ele suspirou fundo pensando um pouco.

- Eu não sei falar português.

- Eu falo só o básico e agora? - rimos.

- Eu vou com você, vou aprender no duolingo em 3 dias, não deve ser tão complicado.

- Boa sorte com isso! - ri e ele saiu da minha sala.

Entrei no meu spotify e coloquei as músicas da Hanna pra tocar, tem uma que me chamou muito atenção que chama "Amor proibido", a letra lembra o que tivemos, sei que posso estar louca ou obcecada pela cantora mas é um fato e o Drew concorda comigo.

Meus 3 dias antes da viagem de sábado passaram se arrastando, pode ser minha ansiedade explodindo e eu estar tomando mais remédio que o normal ou apenas culpa do tempo mesmo.

Meu pai veio conversar comigo na quinta-feira na minha sala, desconfiado de eu querer viajar, algo que eu não demonstrava nenhum interesse.

Flashback de quinta

- Filha, está tudo bem? - perguntou com uma preocupação que eu sei que ele não tem, poderia ser ator de novela.

- Sim pai, quero conhecer novos lugares antes que seja tarde demais e o Brasil é ótimo, tem muita cultura, comida maravilhosa, praia e as pessoas são acolhedoras. Não tem com o que se preocupar.

- Eu me preocupo óbvio mas se você quer, tudo bem. Quero que você fique feliz, já me ajudou tanto. - desviei o olhar entendendo perfeitamente o que ele quis dizer. - você é uma ótima filha, obrigado por se sacrificar pelo seu paizão. - Se eu ficar mais 5 minutos com ele vou passar mal e não é brincadeira.

Ele nunca se preocupou comigo, com os meus sentimentos e minha vida pessoal, desde pequena me expôs para a mídia e me enfiou na política. Eu sinto um pouco de ódio dele.

- De nada pai, tudo pelo senhor. - falei e engoli a seco.

- Por isso eu te amo filha. - me encarou sério - não me decepcione, ok?

- Não irei. - falei o mais firme possível e ele sorriu levantando da cadeira.

- Tudo bem, vou para a casa agora. Nos vemos mais tarde na janta. - concordei e ele saiu.

Soltei todo o ar que eu estava segurando e neguei com a cabeça. Senti meu coração acelerar e peguei meu remédio, tomando logo em seguida. Meu pai é culpado pela minha ansiedade e todos os problemas que eu tenho.

Isso precisa ter um fim. Eu preciso viver a minha vida, criar minha história e parar de fazer de tudo pelo meu pai, ele não merece mais. Já vivi 32 anos da minha vida por ele, não aguento mais fingir essa merda.

Se ele quiser continuar vivendo esse teatro, vai viver sozinho.

Flashback off

Estou terminando de colocar minhas roupas na mala, vamos ficar la por pelo menos uma semana. Vários deputados vão e eu não me importo com o trabalho pra falar a verdade, vou fazer somente o necessário e marcar minha presença nas reuniões.

Pensar em encontrar a Hanna novamente me deixa acelerada, já faz meses que não nos encontramos e ela pode estar nesse momento com outra pessoa e eu vou levar o maior fora de todos os tempos, vou ter saído do meu país para ser humilhada por uma mulher de outro país. Ou ela pode estar pensando em mim, assim como eu penso nela.

Torço muito pela segunda opção mas morro de medo de ser a primeira.