Sala de Armadilhas

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Presa do Crepúsculo

Início de Um Sonho

Masmorra

Sala de Armadilhas

[Ragnar]

Logo depois de colocar meus três guerreirinhos para dormir, Lagertha chegou no meu quarto enquanto eu escrevia uma carta para um certo amigo.

— O Shin já deve estar carente depois de tanto tempo sem receber as cartas.

— Ele não tem tanto tempo para ler, fora que a linguagem dele é difícil de escrever, mas… Não é culpa dele ser cego…

Ela me abraçou pelas costas enquanto eu terminava segunda demão de tinta para que os pontos ficassem com relevo. Eu até esperaria o dia seguinte para secar, porém uma nova berserker na Associação de Aventureiros era um assunto que ele devia saber o mais cedo possível. Mesmo sabendo que ele já podia ter esse conhecimento graças a sua posição lá, eu me sentia na obrigação de contar.

— Feitiço de Invocação de Eletricidade - Raio Globular - Calor — Invoquei uma esfera elétrica mais focada na transmissão de temperatura, para eu passar levemente nos pontos de tinta frescos, assim os secando — Hoggr! Você não vai precisar esperar a primavera para encontrar o Niddr, pode matar sua saudade... Só se entregar essa carta.

E para finalizar, coloquei a carta no compartimento do colete da minha fênix esmeralda, que apesar do nome, não tem poderes especiais. Outra particularidade era o fato desse pássaro ter um parceiro para a vida toda, ou seja, eu tinha certeza de que a fênix ametista, Niddr, seria o intermédio perfeito para que o Shin recebesse minha carta.

[Illana]

Mesmo querendo iniciar a missão o mais rápido possível, queríamos investigar para ver se não tinha nenhuma armadilha ou até mesmo uma fera lá dentro, o que ajudaria os cavaleiros da Equipe de Exploração e Resgate, que tinham um uniforme branco com mangas azuis e calças amarelas com uma andorinha costurada no centro. A entrada tinha três figuras de animais das cores azul, laranja e verde, sendo que a última era estranhamente familiar.

Zane acabou por jogar uma pedra para ver se não aconteceria nada e depois de garantir que o caminho estava livre, começamos a descer a escadaria para seguir em frente.

Obviamente estava escuro, então Gali invocou uma bola de fogo na mão, em meio a vários círculos vermelhos brilhantes e cheios de símbolos esquisitos, para iluminar o caminho e pelo jeito o irmão dela não gostou muito, expressando isso num tom de voz angustiado:

— Galikea! O que a gente conversou sobre usar as Runas Místicas sem necessidade? Quer ficar em Frenesi?

— Qual é Zane, quero garantir luz durante o caminho, e não se preocupa, eu desativo o círculo e uso minha própria mana.

— Frenesi? — A curiosidade acabou me controlando no momento.

— Lembra quando você ficou louca no vilarejo? — Respondi com a cabeça positivamente — É quase isso, mas com magia... Sem ofensa.

— As Runas Místicas nos permitem usar a mana da natureza, mas como ela é muito bruta se usarmos demais a gente fica descontrolado, além… — A explicação da Gali acabou sendo interrompida por um som de uma corrente elétrica, causada pelo aristocrata usando uma bola de raios na mão.

Algo que nos imobilizou temporariamente de susto, e fez com que nossos cabelos arrepiassem um pouco.

— Olha Sirius, sem ofensa… Mas olha a distância que a gente tá um do outro. Quer dar um choque na gente, por acaso!? — Disse eu, demostrando minha raiva.

— Eu abaixei a voltagem e o calor pra manter a luminosidade — Eu já tinha ouvido falar dessa capacidade que magos do atributo raio e derivados tem, mas nunca vi na prática até agora — E antes que toquem no assunto, esse foco é o que menos gasta mana. Ou seja, vou ter disposição pra lutar caso aconteça algo e vocês dois não se preocuparão com esse Frenesi — Sirius me respondeu com um tom de deboche, porém eu não tinha como ficar calada, pois queria zoa-lo, aproveitando o fato de que, talvez, tenha sido uma indireta para a Gali.

Porém, não consegui pelo simples motivo de ter caído uma lanterna da minha bolsa…

E do jeito que os outros me fitavam em meio as minhas risadas desconfortáveis, eles queriam me matar. Mas para minha sorte, quando liguei, vimos prelúdios das armadilhas e só tivemos uma reação: começar a apertar o passo do coração e a sentir um molhado na pele.

As paredes, teto e piso tinham o mesmo padrão de pedras, focado em fazer uma fortaleza que guarde seus tesouros com eficiência, não para ser uma bela construção.

E isso nos dificultava, já que não saberíamos onde teria o gatilho da armadilha. Imediatamente pensamos em cada um vadear o corredor em diversas partes para procurar um interruptor ou algo parecido.

E deu certo… Afinal, eu quase virei vítima de um sumidouro cheio de espinhos no fundo e só não caí pois o Sirius me puxou, e, considerando que eu, sem querer, me apoiei nele combinado com as minhas intenções anteriores, só pude reparar a Gali fazendo uma leve expressão de ciúmes e virando a cara para mim. Mas depois de me acalmar um pouco, acabei perdendo o foco do nosso plano original, ao apertar um botão no chão que, mesmo após eu tirar o pé, só descia até afundar no chão.

— Correm… — Falei friamente para os outros, afinal estava esperando uma bola rodando atrás da gente.

Todos estavam na minha frente, com o Sirius um pouco atrás, e a posição era favorável para os gêmeos, considerando o nosso pânico. E foi esse pânico que me fez saltar para ajudar o Sirius a acelerar, acabei usando força demais e acabamos caindo deitados.

Ele levantou na hora, mas por conta da minha mão estar com uma sensação estranha, demorei para fazer.

Essa sensação, era um monte de buracos no chão que iam de baixo do meu peito para cima, e a organização deles, junto de um barulho de mecanismos, trouxe um estalo para minha mente. E imediatamente avancei meu corpo para frente, já que espinhos gigantes estavam surgindo do chão. Foi tão rápido que o Sirius até ficou surpreso:

— Como você conseguiu!?

— Como você acha que eu ganhei esses músculos?

— Achei que era por você ser uma berserker...

— Isso ajudou… Mas acabei acelerando com os exercícios, ganhei esse porte aos 10 anos. Mas devo admitir, esses orcs eram bem espertinhos…

— Pois é, a gente ficou com todo esse pânico e era só esperar no conforto de onde estávamos pisando — Zane concordou com meu pensamento.

Finalmente vasculhamos todos os lugares procurando os gatilhos, e ao chegar no final do corredor, acabamos por parar um pouco e verificar os suprimentos.

Porém, quando eu transferi a mochila das minhas costas para o chão, percebemos que pisamos num círculo que se ativava por peso. E antes de qualquer reação, ele rapidamente se tornou um buraco. A última coisa que ouvi, foram os gritos conjuntos se afastando, enquanto só ouvia o meu.

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