Uma Besta Fora da Jaula

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Presa do Crepúsculo

Início de Um Sonho

Vale dos Vikings

Uma Besta Fora da Jaula, parte 1

[Karlow Sventa]

Meu pai tinha um ódio inexplicavelmente alto por Xamãs, não sabia e nunca iria querer saber o porquê. Já que provavelmente era algum motivo fútil, como preconceito.
Depois que ele descobriu que minha mãe era uma das pessoas que ele odiava, passou a descontar todos os sentimentos negativos em nós, como se os todos os Xamãs fossem os culpados.

Eu nem era um na época, mas acredito que ele me batia por lembrar minha posse do sangue de um deles, essa crueldade misturada ao cabelo vermelho que ele tinha foi motivo de ter começado a vê-lo como um “monstro vermelho”. Aquilo não era meu pai, nem me lembro dos olhos dele, portanto, podiam ter certeza que ele não tinha uma alma boa.

Minha mãe, por sua vez, tinha magia de fogo, mas ela usava para me curar, evitando me ver machucado por culpa dela, eu não entendia o motivo dela continuar com meu pai, porém isso acabaria.

Um dia ele chegou bêbado em casa e de repente estrangulou minha mãe, eu não estava mais aguentando, então corri para salvá-la, mas aconteceu o contrário. Senti uma energia estranha saindo de mim, como uma explosão que me fez desmaiar e quando levantei depois de um tempo, vi minha casa toda destruída, o corpo do meu pai completamente queimado e minha mãe lutando para sobreviver usando um último feitiço de fogo para manter ela viva um pouco. Ela só tinha forças para me acariciar como ela sempre fazia, eu não pude fazer nada antes por causa do medo que tinha do meu pai.

Com o passar dos anos, eu perdi esse medo, comecei a fazer tudo o que eu era impedido e não podiam me parar, graças a minha magia. Até que ele chegou... Néosforo, foi assim que ele se dirigiu a mim e perguntou se eu queria entrar para o grupo dele, que segundo o mesmo, seria a nova dinastia de Velfogor. Obviamente não acreditei nas suas palavras e disse que se ele estivesse disposto, teria que me derrubar com um único golpe.

Nem terminei de falar e o mesmo acertou um golpe que não consegui ver, mas pela liberação de mana azul clara que apresentava, me fez perceber que era um feitiço… A minha derrota.

Mesmo relutante aceitei, e rapidamente subi na parte militar e vendo que eu cheguei na posição mais alta nos Condes, ele e os 12 Infantes ofereceram a mim, e a outros do mesmo status que eu, participar de um ritual para aumentar nosso poder. As Células de Moloch.

Eu já ouvi falar sobre esse líquido que se dizia ser o sangue do deus de mesmo nome, mas pensava ser uma lenda. A certeza veio quando após entrar, vi as 13 figuras com uma aparência monstruosa, como se fossem dragões humanóides, eles não iriam nos forçar a fazer se desistíssemos naquele momento, porém ninguém aceitou tal opção.

Dos 17 que estavam ali, só 5 passaram. Os outros 12 morriam explodindo ou enquanto viravam um ser bestial. Nós que passamos sentimos nosso poder aumentar, porém nossas aparências não mudaram já que só tínhamos uma pequena porcentagem liberada.

Depois de um tempo realizando missões, recebi mais uma dose das células, pois aquela primeira era só para testar se éramos compatíveis ou não, essa seria a última e foi muito maior que a outra, ao invés de um gole, foi uma taça inteira, do mesmo jeito que meu poder. Na última medição, eu tinha liberado 48% o mínimo para acessar aquela forma do Néosforo e dos outros Infantes era 50%, um número que só eu não alcancei.

Quando meu chefe falou sobre essa missões, imediatamente me ofereci, já que eu ouvi falar que os vikings eram incrivelmente fortes, e uma luta contra eles me faria subir de porcentagem. Porém estava decepcionado pela simplicidade que foi. Ou talvez não, já que viking anfitrião durante meu teatrinho se levantou me ameaçando:

— Você sabe que não vai ficar assim, né!?

— Muita coragem sua de se levantar quando todos estão no chão, você acha que pode me derrotar?

— Então você não nos conhece... Eu só preciso ganhar tempo até que todos se levantem para fazer você pagar, e nós vikings aguentamos tudo o que bate de frente a nós. — Enquanto tirava um machado curto e um martelo do seu cinto, dizia — Mas acho que não será necessário tanto esforço deles, já que você me forçou a usar algo que deixei para trás a muito tempo...

Ele começava a exalar uma mana azul, levemente escura. E isso me deixou animado, já que ia finalmente ter a luta que eu queria aqui. Isso que pensei até aquela menina de cabelo vermelho chegar com um aspecto, que congelou minha espinha.

Não parava de sair vapor dela, sua pele estava vermelha e com rachaduras laranjas. E com barulhos que só posso descrever como bestiais, se aproximava como um animal selvagem que havia recém fugido de uma jaula. Porém eu não conseguia me mexer. Não esperava encontrar um novo "monstro vermelho".

E em meio as minhas lembranças, não percebi a real proximidade dela, mesmo com o calor, e isso a ajudou a dar um soco na minha barriga com a mão esquerda e com a direita, um soco que se não fosse pela resistência das células, teria destruído metade do meu crânio.

Depois de me recuperar, imediatamente a vi se aproximando com um salto no ar, e instintivamente me apressei para garantir proteção.

— Feitiço de Proteção de Explosão – Armadura de Granada!

Ela não conseguiria me atingir já que com um único toque em qualquer um dos blocos, tudo iria pelos ares, mas completamente para fora. Me deixando intacto.

Porém, não esperava que ela, além de quebrar vários blocos na parte de cima, ela teria forças para me dar um soco de mão aberta fazendo com que eu atingisse uma das paredes, a quebrando. Esse era o maior ponto fraco desse feitiço, eu não podia tocar nas paredes, se não implodiria.

Após um estrondo que destruiu meus tímpanos e queimou a maior parte do meu corpo, eu estava no chão, completamente acabado, só conseguia ver por conta dos meus olhos estarem abertos, sentir o chão e respirar pois meu cérebro ainda estava ativo.

Mas isso não iria durar muito, pois um brilho amarelo e roxo no fundo dos olhos dela acompanhados de uma perna levantada seguido de imediato por um pé na minha cara foram minha última visão.

[Ragnar Brodrok]

A minha suspeita da Illana ser filha dos dois Xamãs daquele dia só aumentou, porém não de um jeito bom. Eu lembrava do jeito que a mulher usava a Fúria Berserk, era completamente o oposto do que a Illana estava usando.

Enquanto a dela era uma habilidade que auxiliava nas lutas e bem controlada, a que eu via era o que nome dizia, alguém agindo como uma animal movido por uma raiva incontrolável.

E eu virei a presa dela, percebendo com a sede de sangue no olhar e na velocidade que ela corria diretamente para cima de mim, por um momento até de forma quadrúpede. Eu aproveitei que já estava com meu martelo para lançar um dos meus feitiços favoritos da minha época de mercenário.

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