Arrependimento e Descoberta

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Presa do Crepúsculo

Início de Um Sonho

Masmorra

Tarraskorn, parte 1

[Sirius]

Depois de uma boa queda, não sei como consegui me levantar, afinal, a altura me fez sentir dor em locais que nem sabia que existiam e parecer que alguém me observava. Mas a pior sensação foi a de andar por uma espécie de poça gosmenta que cheirava a ferro junto ao odor de cadáver, mas... Ter de ouvir uma voz feminina clamando por ajuda, e quando atendi ativei o mesmo feitiço da entrada da caverna.

E o que eu vi, foi nada menos que um monte de corpos com um colar grosso e marcas de mordidas e rasgos que pareciam estar ali alguns dias, onde a cada rosto vazio que olhava, minha garganta dilatava. E o estopim para o meu vômito, foi quando encontrei a fonte do pedido de ajuda: uma garota que parecia ser mais nova que eu com um olhar de desespero que passava o sentimento como um vírus. Ela estava com o cabelo branco, acredito que pelo estresse, e tinha sangue, não só na boca e nas mãos, mas no corpo inteiro e espalhado de tal forma que não dava para ver direito as suas roupas, exceto um círculo vermelho com um pentagrama invertido pintado de preto no colar.

Eu a acalmei depois de um tempo, já que ela falava rapidamente ou gritava enquanto saía lágrimas ao monte de seus olhos, tudo isso com o intuito de me pedir para que a matasse. Mas quando ela ficou apta para falar, imediatamente seus olhos se reviraram e ela caiu no meu colo.

Porém o pavor fez com que meus braços ficassem moles para segura-la, a fazendo cair no chão. A primeira coisa que pensei em fazer foi tirar o colar, ela poderia não estar aguentando um sufocamento, só que... Junto dele veio um espigão que deixou um grande buraco no local...

Eu havia sido a última pessoa viva que ela teve contato, a última pessoa que falou com ela...

- Você poderia tê-la ajudado, então por que não fez nada, caralho!? - Gritei para mim mesmo.

Mas essa impotência fez com eu despertasse uma memória da infância, a qual, finalmente entendi o significado:

- Strayt! Cadê a Alvi..?

- Sirius... - Dizia aos prantos enquanto botava as mãos nos meus ombros - Você tem que entender: mesmo que nós Aventureiros sejamos de certa forma autônomos, por outro lado somos apenas membros do exército real e temos que ser fortes mentalmente... Para enterrar nossos companheiros e civis que não tiveram a mesma sorte de quem volta.

Após certo tempo de contato das minhas mãos com a terra ensanguentada, a sensação de ser observado se encerrou pela decisão que o responsável teve, se mostrar para mim.

Era um Tarrasque, assim como o que encontramos juntos do Ragnar, porém esse era um velox ao invés de um renitens. Ele tinha a mesma aparência de lobo com cascos, porém azul e bem magro e esguio, juntos dos cascos que pareciam ter articulações igual a dedos, algo óbvio para um ser que tem a velocidade como trunfo. E para ajudar nesse aspecto, ele possuía vários espinhos saindo de suas vértebras e no tornozelo levantado.

Essa era a imagem que fui ensinado quando criança, mas esse era diferente, não só por não concordar com a definição que eu cresci, mas também por ser maior e ter alguns dos espinhos das costas e dos tornozelos unidos por uma membrana vermelha, e essa cor também era espalhada como manchas no resto do corpo.

Eu estava de frente a um tarraskorn, a forma evoluída de um tarrasque. O medo controlava meu corpo para que eu não me mexesse, apenas meu instinto de defesa conseguia fazer minhas pernas travadas andarem para trás, sempre olhando fixamente para ele. E foi lá que eu notei, o olhar dele não era de um predador, e sim de um ser racional que sentia curiosidade ao olhar para mim.

Imediatamente sua pata foi levantada após um olhar semelhante à compreensão, mas enquanto eu me posicionava para atacar, ele batia no chão para cavar um buraco bem fundo, um que, com certeza, cabia todos aqueles corpos. Mas como esperava, ele não ficaria por muito tempo aqui, pois uma porta bem alta e larga, o suficiente para que ele passasse, se abriu. Não podia ficar bravo por ele ter me deixado com o trabalho sujo, afinal algum dos meus amigos chegaram na sala do tesouro.

[Gali]

Aonde eu havia caído era estranho, ao mesmo tempo que era duro, tinha partes que eram moles especificamente em divisões, eu logo descartei a possibilidade de ser um pântano com uma trilha de pedras, afinal, como teria plantas vivas num lugar tão escuro. Então testei a possibilidade de ser um guardião de masmorras, seres que serviam para proteger a sala do tesouro. No caso eles podem ser um Guardião Celestial, um golem ou uma fera, e eu acabei acertando na última opção.

Eu estava andando por um Tarraskorn, mais especificamente da espécie renitens, igual o do Ragnar. Mas diferente daquele, esse tinha uma armadura completa, como o exoesqueleto de insetos, e as divisões moles e locais de articulados eram magenta, além de ter um chifre na ponta do nariz e seus cascos serem mais grossos.

Ele levantou a cabeça abruptamente, lento graças a armadura, mas forte o bastante para que eu caísse. Mas logo depois que voltei pro chão, uma porta se abriu e ele acabou me ignorando. O que foi favorável para mim, já que precisava de tempo para achar um jeito de sair daquela sala, cujo chão tinha uma peculiaridade.

Um quadrado gigante, cujas pontas tinham pilares com uma vela e o centro preenchido com um círculo dividido no meio, que possivelmente seria aberto se eu acertasse o suposto enigma que aqueles pilares representavam.

E para o azar dos extintos orcs, eu sempre fui apaixonada por quebra cabeças de todos os tipos.

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