egoísta

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[...] – Espera, então… então é, é meu?

– Sim senhor. — Ela abaixa o tom de voz.

Fernando olha para a mesma e se senta na cadeira devagar, sem expressão mudando seu olhar para o nada. Assim ele permanece por alguns minutos sem falar uma palavra sequer. Depois ele levanta e sai da sala, sem falar um A, indo em direção a sala de Omar.

Letícia não acreditou no que tinha acabado de ver, ela já esperava uma reação ruim da parte de Fernando mas não nesse nível.

Ela ficou extremamente triste, e até ofendida. Ela se conhecia, ela não esperava mas se iludia, sonhava com uma boa reação, porém ao mesmo tempo ela se aliviou, ela poderia então criar aquele bebê sozinha.

  Mais tarde naquele dia, ela estava com Aldo em sua sala, apenas jogando papo fora.

– Bom Aldo, agora eu preciso ir.

– Certo, onde você vai?

– Hoje é o dia de ouvir o coração do bebê. — Ela diz com a mão na barriga.

– Ai meu deus que bacana, quer que eu a acompanhe?

– Ai Aldo, eu agradeço mas, eu vou criar esse bebê sozinha, então eu quero ir sozinha.

– Claro, você está certa. — Ele levanta da cadeira.

No mesmo instante que Aldo sai, Fernando entra na sala.

– Vai sair, dona Lety? — Ele diz mansinho.

– Sim, anote meus recados. — Ela vai em direção a porta, seria, mas Fernando a interrompe.

– Onde a senhora vai, sabe, para eu falar se alguém perguntar.

– Diga que vou ao médico.

– Está tudo bem dona lety? — Ele põe a mão na testa de Letícia para checar sua temperatura.

– Está tudo ótimo. — Ela diz o tapeando.

– E então?... — Ele questiona com o bloco de notas em mãos.

Ela abaixa a cabeça e responde:
– Eu vou ouvir o coração do meu filho. —

Ela segue caminho mas Fernando a pega pelo braço com o rosto fechado.

"Meu filho" Letícia nunca havia se referido ao bebê como 'seu' era a primeira vez, mas foi de uma forma egoísta.

Notas da Thay:
Agora ferrou.

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