Era começo de noite de uma quarta-feira e o expediente na prefeitura já tinha se encerrado. Mesmo assim, a lareira dentro do gabinete da prefeita estava acesa e havia também um pequeno foco de luz de um abajur ligado, iluminando suavemente a ampla sala.
Sentadas no tapete macio e com as costas apoiadas no sofá, a ômega e a alpha conversavam de maneira despreocupada, falando de situações corriqueiras de suas vidas, enquanto a garrafa de vinho meio vazia permanecia na mesinha de centro.
Naquele dia, Emma decidiu fechar o bar mais cedo, por volta das 15h, liberando os funcionários que ficaram satisfeitos com a folga inesperada no meio da semana. Ela vinha trocando mensagens com a prefeita e as duas combinaram de se encontrar as portas trancadas na prefeitura, depois que o assistente de Regina fosse embora. Preferiam manter sua relação ainda indefinida em segredo, embora o disse-me-disse no vilarejo já tivesse começado sem que elas soubessem.
A alpha começava a gostar cada vez mais de estar na companhia da prefeita. Regina era uma mulher linda, envolvente e inesperadamente simples, que também parecia apreciar a presença de Emma. A tensão sexual entre as duas continuava no ar, pairando silenciosa, mesmo depois delas já terem se acasalado. Porém, a princípio, a alpha não pretendia fazer nada sobre isso. Ela deixaria que a ômega tomasse a iniciativa como já fizera da outra vez, porque não queria se precipitar e dar a entender que só se sentia atraída pela outra sexualmente. Já existia gente demais fetichizando aquela ômega pela cidade.
— Você se mudou para cá há pouco tempo e veio sozinha — Regina comentou — Imagino que sua família tenha ficado em Boston? — perguntou querendo saber um pouco mais sobre a origem da alpha.
Emma sacudiu a cabeça.
— Na realidade, eu quase não tenho mais família. Exceto uma tia e alguns primos — explicou — Meus pais morreram juntos num acidente de carro...
— Sinto muito — expressou Regina, sentindo-se inconveniente por trazer aquele assunto para a conversa sem querer.
— Tudo bem... Isso aconteceu há anos — Emma deu de ombros — Há mais de vinte, para ser mais exata — suspirou, olhando à taça de vinho na mão — A perda dos meus pais me fez amadurecer um pouco depressa e tive que aprender a me virar desde cedo — fitou Regina, que a encarava interessada. — Imagino que perder um vínculo de companheiro e ficar sozinha para cuidar de duas crianças também não tenha sido fácil para você — falou, tomando um gole da bebida, enquanto buscava uma forma de satisfazer a curiosidade que tinha sobre a relação anterior da ômega.
Regina soltou o ar devagar, apoiando a cabeça na mão e desviando por um momento os olhos dos de Emma, com expressão pensativa. A alpha ficou ligeiramente preocupada, imaginando se tinha ido longe demais com sua curiosidade.
— Logo quando Daniel desapareceu, eu fiquei meio catatônica, fazendo tudo mecanicamente e sem entender ao certo o que aconteceria comigo a partir daquele dia — a ômega voltou a falar, fazendo a outra relaxar — A gente cresce ouvindo histórias que o vínculo entre alpha e ômega é para sempre, que se um dos companheiros morre, o outro morre também... — olhou para a loira — Mas, felizmente, eu tinha Madison e Henry para me amparar e eu precisava continuar por eles. Além disso, meus pais também sempre estiveram ao meu lado me dando forças e me ajudando a lidar com o luto — enquanto falava sua expressão permanecia tranquila — No dia que Daniel se foi, nós tivemos uma briga séria — confessou de repente, mudando de posição, e surpreendendo Emma — Eu estava em pré-campanha para meu primeiro mandato de prefeita e ele não concordava com minha candidatura. Sempre imaginei que o alpha de Daniel se ressentia por eu ser uma ômega tentando ocupar uma posição de poder — silenciou, estudando o rosto de Emma — Mas ele me dizia que essa não era a razão para não querer que eu fosse prefeita, mas sim por causa da exposição que eu teria no cargo, ficando mais vulnerável ao desrespeito das pessoas, sendo maltratada por elas por qualquer motivo... E, como meu alpha, ele se sentiria frustrado por não poder me proteger nessas circunstâncias.
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When The Heat Comes [AboVerse | ShortFic ]
FanficQuando Emma Swan se mudou para Storybrooke, depois de receber um bar como herança, ela rapidamente se adaptou ao cotidiano naquela cidadezinha e, aos poucos, foi se familiarizando com as histórias (ou os boatos) que os clientes mais assíduos do bar...