T R I B U N A L

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TRIBUNAL
Maya pov's

Eu respirei fundo quando vi Manu.

- Oi, como foi a viagem?
- Foi calma. Tá de boa. Ela já chegou? - Neguei com a cabeça voltando a me sentar. Richarlison deixou um beijinho em meus cabelos.

- Filhas. - Eu hiperventilei ao ver minha mãe e Matheus lado a lado.
- O que você está fazendo aqui?
- Eu recebi uma intimação, não estaria aqui por conta própria. - Eu troquei um olhar por ela.

(...)

- Maya Oliveira?
- Correto.
- Você sabe porque está aqui hoje?
- Não faço ideia. - Respondi, tranquilamente.

- Acusações de manipulações nas câmeras do caso do seu pai.
- Isso nós sabemos faz muito tempo.
- Até que saíram de dentro da sua casa?
- Como?
- As manipulações, foram feitas por um computador que na época, pertencia a sua casa. - Eu passei o olho por Manuela e Liliane, Manu parecia tranquila, mas a mais velha engolia seco enquanto suas pernas subiam e desciam freneticamente.

- A que horas?
- Eu faço as perguntas.
- Não vou poder te dar uma resposta coerente sem antes saber a hora.
- Onze da noite.
- Impossível ter sido eu ou minha irmã.
- E porque afirma isso com tanta certeza? - Questionou.

- Eu era nova, Manu também, papai nunca ligou muito para isso, mas Liliane tinha regras absurdas quando o assunto era tecnologia, nós só tínhamos acesso aos computadores até as seis da tarde, após isso ele era bloqueado automaticamente, eu e Manu tentamos da primeira a última combinação e nunca nenhuma funcionou.
- Então, afirma que é impossível estar perto do computador nesse momento.
- Com toda certeza.

- Vocês recebiam visitas frequentes?
- As únicas eram do Matheus.
- Era seu namorado?
- Na época, não. - Fiz uma careta ao me lembrar de como eu gostava daquele lixo.

- E Manuela? Não havia uma chance dela entrar?
- Se eu sabia pouco daquilo, minha irmã menos ainda, ela mal ficava em casa, saia, porque nossa mãe é chata.
- Você coloca isso no presente?
- Sim.

- O que insinua com "chata"?
- Só o limite de horários já era algo absurdo, tínhamos 15 anos, mas depois que nosso pai faleceu, ficou mais absurdo ainda, redes sociais controladas, os computadores foram vendidos.. - Eu parei por um instante antes de me virar para minha mãe. - Por que você vendeu os computadores?

- Maya. - O juiz repreendeu.
- Não, não faz sentido. Os computadores estavam em perfeito estado, e ela quis vender? - Eu nunca havia pensado nisso, porque computadores era um assunto meio chato, mas, quando o assunto vem a tona, você se lembra de coisas que não se lembrava antes.

- Você não precisava de dinheiro, eu estava recebendo todo mês da herança dele.
- Chega, Liliane. - Matheus se pronunciou.

- Foi a gente.
- O quê? - Foi a vez de Manu falar.

- Liliane estava chateada, supostamente seu pai estava traindo ela.
- Isso é mentira! Meu pai sempre fez tudo pro casamento ser perfeito.
- Deixe ele falar, Maya.
- Enfim, então, decidiu uma vingança, Maya.. ele te amava tanto, fazia tudo por você.. - Matheus sorriu, aquele sorriso, me assustava. - Sempre foi o amor da vida dele, tudo que Maya pedia, papai ia até o fim do mundo para ter.. sabe o que sua mãe sentia? Inveja. Eu sempre me questionei como alguém poderia ter inveja da própria filha de tal forma?

Richarlison já havia se levantado e estava ao meu lado, porque eu hiperventilava.

- Continuando.. ela fez, ou melhor, mandou fazer e então, descobriu das câmeras. Lembra? Eu era o gênio da informática, você amava isso.. ela me pediu ajuda, minha família estava em crise e então eu como criança indefesa ajudei.
- Ai Meu Deus.
- Quando eu fui crescendo fui percebendo a gravidade da coisa, e então, namorei com você. Você sempre foi uma ponte, Maya. - Eu vi minha vista ficar preta, mas não cheguei a desmaiar.

- Você nunca me amou.
- Não me faça rir.
- Você atrasou minha vida. E você, Liliane, é uma desgraçada, digna do menor amor possível, eu tenho vergonha de ser sua filha e eu espero que você morta aqui. Por tudo que já nos fez.

- Ah! Seu juiz!
- Sim?
- Ela abandonou minha irmã, na rua, de menor.
- Abandono de incapaz. - Murmurei para ela me levantando. - Você é a pior pessoa desse mundo e não só como mãe! Por que se foi cruel a uma pessoa que jurou estar com você na saúde e na doença, você não será boa com mais ninguém, se não ama nem as duas filhas que gerou em seu ventre, não ama ninguém. - O juiz assistia, em silêncio..

- Eu amo a Manuela, Maya. Eu não gosto de você. - Por mais que fosse óbvio, ouvir aquilo da sua própria mãe era absurdo, como?
- Meu amor. - Richarlison tocou meus ombros me juntando em um abraço.
- Eu não acabei. Eu era perfeita, com a vida perfeita, uma filha única, um marido importante, até você aparecer, e seu pai simplesmente se encantar por você.
- Eu sou filha dele!
- Não é! Ele está morto, Maya. - Eu fechei meus olhos.

- Claro que está. Você o matou. E meu Deus eu sempre fiz tudo pra tentar fazer você se sentir menos infeliz por isso e você só estava com medo de ser presa! Sem nenhum arrependimento, seu medo é pagar pelo jeito que agiu.
- Você também.. É. - A mulher apontou para Richarlison. - Você fez a cabeça dela até ela não poder mais, até essa aí me expulsar de casa.

- Eu não perco meu tempo com a senhora.
- Claro que não, já conseguiu o que queria? Claro que conseguiu, se estavam suspeitando até de um bebê, mas nem isso ela foi capaz de gerar. - Eu voltei a me sentar, agora sim eu estava chateada, porque era um assunto recente.

- A vida sabe as responsabilidades que dá a cada um, minha senhora, e minha mulher tentou lutar por ele a cada segundo, mas infelizmente, não deu. Agora, eu não admito uma pessoa que colocou uma filha, maravilhosa por sinal, no mundo sem ao menos amar, fale mal de uma mulher que amou o seu sem ao menos o ver uma vez. - Os olhos de Liliane expressavam raiva, Matheus estava sendo algemado. - Vamos, amor. Acho que ninguém precisa ouvir mais nada.

 Acho que ninguém precisa ouvir mais nada

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(2/3)

Essa guerra ai acabou.

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