Capítulo Cinco

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Sonho estranho esse que tive. Não costumo sonhar muito, mas esse foi diferente? Quem era aquela mulher acorrentada? E o que vai acontecer comigo?Levantei e olhei o relógio. Era 22h00min. Desci para tomar um copo de leite para ver se o sono voltava. Dormi muito pouco, e amanha vai ser um dia longo. Espero que eu não sonhe mais com aquela estranha mulher. Estava na cozinha quando vi meu pai sentado na bancada com um copo com uísque na mão.

-Pai!- Arranquei o copo da mão dele e segurei seu rosto. - Você nunca bebeu. O que aconteceu?

- Quando você subiu, eu comecei a chorar. Desculpe-me se eu nunca te contei, mas foi tudo para te proteger. Eu fui ao mercado e comprei duas garrafas de uísque e bebi um copo. Joguei o resto no ralo. - Ele caiu da cadeira e abraçou minhas pernas- Por favor, me perdoe. - Ele disse com lagrimas nos olhos. Ajoelhei-me junto a ele, segurando seu rosto e enxugando suas lagrimas.

- Eu é que peço desculpas. Não deveria ter cabulado hoje de manhã. Nunca mais farei isso. Prometo- O abracei fortemente e senti suas lagrimas salgadas e geladas molharem minha camiseta.

- Obrigada filha. - Ele disse se levantando e me ajudando a se levantar também. – O que faz acordada ás. - ele olhou o relógio da parede para consultar as horas- 22h20min?

- Vim beber um copo de leite.

- Tudo bem. Beba e suba, porque amanhã eu não quero atraso- Ele disse me dando um beijo na bochecha esquerda e subindo as escadas. – Boa noite.

Ele subiu me deixando ser engolida pelo breu da noite. Fui a geladeira pegar a gélida caixa de leite e despejar o conteúdo branco em um copo. Apoiei-me na bancada e observei a paisagem da rua a noite. Se não estivesse quase caindo de sono, poderia jurar que eu vi uma sombra se desfazendo em fumaça. A cabeça prega cada peça.

*****

Como eu odeio acordar cedo. Essa vida não é minha. Levantei-me rapidamente e fui me arrumar. Meu quarto não tem um closet ou algo do tipo. Tenho apenas um velho guarda roupa preto com um grande espelho no meio. Algo que me irrita, porque eu não me considero bonita e não gosto de me olhar nele. Meu pai sempre me ensinou: Não guarde belezas na terra, e sim no céu porque são elas as chaves para entrarmos no reino dos céus.

Depois de me arrumar, que não é algo tão demorado, desci as escadas e fui para a cozinha para tomar meu café da manhã. Sempre tomo um copo de suco e duas torradas com geléia ou pasta de amendoim. Sempre sigo uma rotina. Sou uma pessoa equilibrada e sempre tento encaixar tudo em um pequeno calendário que fica atrás da porta marrom do meu quarto. Sai de casa e fui para a escola. Você se pergunta por que eu não vou para a escola com o meu pai e isso tem uma resposta simples. Eu ODEIO que me chamem de pudinzinho e ir com ele para a escola, é o mesmo que pedir para toda a população fixa do Vaticano me chamar por esse apelido idiota. Demoro por volta de vinte minutos para chegar à escola e esse é um dos outros motivos para eu não ir de carro. O outro é porque eu gosto de andar e é uma boa caminhada até lá. Cheguei e já dei de cara com o grupo dos populares, que em minha opinião, acho que toda escola tem. E sempre são do mesmo jeito. Acham que a escola é deles. Não vou negar que já quis entrar nesse grupo e consegui, mas depois de ver o quanto esnobam as pessoas por terem os melhores celulares, as melhores casas e as melhores contas bancárias.

-Oi Chris. – Uma delas me parou. Típico. Tentam me convidar para festas ou coisas do tipo. Chega a dar medo o sorriso delas. Parecem robôs. – Toma um convite para a minha festa.

- Obrigado. – Eu disse pegando o papel vermelho sangue em forma de batom. Segui meu caminho e joguei o cartão no lixo. Cheguei ao corredor e fui para o meu armário. Ele ficava do lado de um armário de um cara punk. Ele e o grupo dele ficam sempre encostados, como hoje, lá conversando e falando da nova musica que uma banda que usa mascara e quebra guitarras no palco. Ao meu outro lado fica o armário dos nerds que geralmente estão falando sobre um novo robô ou sobre como o Galaxy S6 é horrível e o pior celular que a Samsung já fez. Meu grupo é os do sem grupo. Os que falam de qualquer coisa que vier a cabeça. Somos os excluídos. Gosto deles porque é como se eu não fosse um lixo e não fosse o holofote. Como se estivesse entre esses dois. Gosto da companhia deles e acho que eles gostam da minha.


O Pecado Escondido-Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora