Capítulo Quatorze

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Novamente tive pesadelos, mas dessa vez eu estava em um lugar estranho. Era uma floresta escura com as árvores como garras e o ar frio como a neve. Ao longe, se erguia um grande castelo capaz de abrigar uns cinco King Kongs. Caminhei vagarosamente rumo a entrada principal. A floresta era estranha. Eu podia ouvir gritos que machucavam meus ouvidos pela entoação. Ao longe da floresta, pude ver que era cercada por um abismo de fogo. Era de lá que os gritos vinham. Gritos gélidos de socorro como gralhas. Ao me encontrar em frente da entrada do castelo, o grande portão de ferro se abriu revelando um grande corredor. Andei calmamente rumo ao fim onde havia um arco enorme. Dentro da sala do arco, avistei um homem vestindo um terno observando a vista, o que era estranho já que a vista era um poço de fogo sem fundo. Ele se virou para mim e reconheci aqueles olhos vermelhos a léguas de distância. Era o homem que me atacara na escola e no hospital. Era Lúcifer. Ou pelo menos ele dizia que era Lúcifer.
-Olá Chris.- Ele disse com um sorriso que mostrava os seus dentes afiados. O som da sua voz entrava na minha cabeça como facas cortando a carne de um pobre bezerro.- Bem vinda a minha casa.
-O que quer de mim? E como assim essa é a sua casa?
-Bom,- Ele disse se sentando no grande trono de ossos que se erguia em frente da janela na qual ele observava o abismo- Respondendo a sua primeira pergunta, você sabe o que quero. Respondendo a segunda, esse é o inferno. O destino de milhares de pessoas do seu mundo patético.
-Eu não sei o que você quer de mim. O QUE VOCÊ QUER?
-Quero que me liberte. Me tire da minha prisão, e eu- Com um gesto da mão, uma cela foi projetada ao seu lado com uma mulher. A mulher que sonhei numa noite.- Liberto a sua mãe.
-Hã? E-ela é a-a minha m-mãe? -Eu disse apontando para a mulher que estava agarrada nas grades olhando para mim.
-Sim. A mantive em cativeiro. Sabia que poderia usa-la um dia a meu favor. Me liberte e eu soltarei sua mãe. -FILHA! NÃO FAÇA ISSO. PENSE EM TODAS AS ALMAS QUE VÃO SER MORTAS E CONDENADAS.
-Mas eu ia poder conhecer você. -Eu disse correndo até a grade e segurando seu rosto. Ela parecia comigo. A não ser pelos cabelos que eram curtos e os olhos.
- Ele nos mataria assim que eu me libertasse. Não pense só em você. Pense nos outros também.
- Chegará a hora que você terá que decidir.- Lúcifer disse olhando desafiadoramente para mim.
-Irei fazer o certo. Irei te matar e depois vou salvar minha mãe.
- É o que veremos pequena Chris. Espero que não saiba sobre a profecia que se refere a você.
-Mas que profe...
-Esta na hora de acordar Chris. Até a vista.

Acordei com o travesseiro encharcado de suor e o coração em uma taquicardia. Que sonho estranho. Na verdade não sei nem se foi um sonho ou foi realidade. Mas de uma coisa eu sabia. Havia uma profecia sobre mim. E eu sinto que ela está preste a se cumprir.

***

-Está pronta querida?- Meu pai me perguntava enquanto descíamos para o subsolo pelo elevador. Ele era de vidro, então podíamos ver a paisagem. Bom, se o estivéssemos no mundo real, não haveria nada a não ser o fosso do elevador, mas como estamos no céu, a visão era outra. Salas e mais salas com várias coisas para o lazer. Tinha sala com jogos, spa's, mesas cheias de comidas como batata frita, frango assado e chocolate, piscinas e mais piscinas, cinemas. Era o paraíso. Literalmente. Estamos indo para o último andar. A sala de treinamento onde os anjos treinavam. Meu pai iria me ensinar a lutar e usar meus poderes.
-Mais ou menos. Nunca pensei que poderia fazer uma bola de fogo.
-Vai ser fácil para você. Está no seu sangue. É só deixar fluir.
Chegamos ao último andar e aquilo parecia não ter fim. Era como se estivéssemos na praia novamente mas sem a grande casa de praia. Havia alguns anjos ao longe lutando um contra o outro. Estavam em treinamento.
-Bem filha- Com um gesto ele fez subir da areia um grande carrinho cheio de espadas. -Escolha uma.
Olhei o carrinho e me impressionei com a quantidade de armas que Deus tinha. Olhei as espadas e avistei uma que eu gostei. Sua lâmina era negra com um cabo dourado com detalhes brancas. Ao pega-la, eu senti uma força estranha saindo do meu braço e entrando na espada.
-Rainsoul.
-Como? -Perguntei
-A espada que você pegou. Rainsoul. É a espada que usei para banir Lúcifer dos céus.
-Nossa. Eu acho que não mereço uma espada tão poderosa. Eu posso pegar outra e ....
-Não. Não é você que escolhe a espada, mas a espada que escolhe você. Ela é sua.- Papai pegou a espada novamente e colocou nas minhas mãos. -Agora venha. Vamos aprender a luta de verdade.

O Pecado Escondido-Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora