SORRY

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Como estava acostumado a comer comida caseira e simples, de rua quando estava em casa ou de alguma parada, quando estava na estrada, Woosung se sentiu desconfortável ao ser convidado para jantar em um restaurante francês renomado.  

Suas roupas não pareciam adequadas, assim como ele mesmo. Então ficava ajeitando a gola da camisa o tempo todo, bem como olhava em volta, ansioso para encontrar pelo menos uma coisa familiar, que o deixasse mais confortável naquele lugar sofisticado. 

Sendo assim, como não havia no mundo algo mais aconchegante para ele do que a música, foi imediatamente atraído pelo som do piano, que tocava ao fundo, uma música linda e igualmente triste. Uma tristeza que lhe era conhecida, porque era parecida com a dele, que também era semelhante a dela. Ela, a garota mais triste que já tinha visto. Que não saía da sua cabeça e que por acaso estava ao alcance dos seus olhos novamente.

Mesmo que tivesse a reconhecido antes de ver o seu rosto, Woosung se assustou quando confirmou que a pianista era realmente Milla. Teve que se conter para não pular da cadeira e dizer em alto e bom som: "É você!". Guardou o entusiasmo daquela coincidência para si mesmo, para que não pensassem que era louco, principalmente ela, a quem menos queria desagradar.

Não ficou surpreso que aquelas pessoas não a notavam, como ele fazia, afinal era músico e também já tinha sido ignorado por algumas plateias antes. Mas, aquela música e o talento com que ela a tocava, somados a tristeza dela, não era algo que podia ser facilmente ignorado.

A cauda do vestido preto de Milla arrastava no chão. Ela estava incrivelmente linda naquela noite, mas mais distante do que nunca. Não o notaria, nem se quisesse, assim como ninguém daquele lugar, pois não parecia realmente estar ali.

Olhava para frente, em transe. Seus dedos pequenos e finos passeavam pelas teclas do piano com facilidade, como se já soubessem fazer aquilo sozinhos, sem precisarem dela. E acho que de fato o faziam.

Em um passe de mágica, o que diria no próximo bilhete para ela já estava na ponta de sua língua.

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Sorry

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Quanto mais parava para pensar, mais ficava certo de que não havia nada mais adequado para dizer do que "sinto muito". Por mais que não fosse o responsável pela tristeza dela, queria poder dizer que lamentava pelo o que estava sentindo. Conseguia imaginar o quanto era difícil tocar para pessoas que não a enxergavam, não a valorizavam ou a sua música, pois já esteve no seu lugar. Mas, quanto às suas outras dores, não tinha ideia do que se tratavam ou da profundidade de suas feridas. Se pudesse cuidaria de cada uma delas até que estivessem curadas e ainda se certificaria de que não se machucasse mais ou tentaria, mesmo sabendo que era impossível.

Mais uma vez teve que se conter para não ir até ela e perguntar tudo o que queria saber. Também gostaria de se sentar ao seu lado junto ao piano para tocar uma música juntos. Depois tocaria algo sozinho, especialmente para ela.

Desejava desesperadamente conhecê-la, mas ainda não era a hora, então se contentou em pedir ao garçom que solicitasse uma música em seu nome, deixando a sua identidade em segredo. Ainda não podia se revelar para ela, pois a queria por perto e se se apressasse poderia afastá-la, então teria que ter calma. E agora que a turnê da banda tinha acabado, tudo o que mais tinha era tempo. Por mais essa coincidência teria que agradecer ao destino, mais uma vez.

𝕯𝖊𝖋𝖎𝖓𝖎𝖙𝖎𝖔𝖓 𝖔𝖋 𝖚𝖌𝖑𝖞 𝖎𝖘 | WoosungOnde histórias criam vida. Descubra agora