Raiva, ódio, vingança... Eram os únicos dos poucos sentimentos que Offender sentia. Um dos poucos que moviam a si. Nele não havia empatia, amor, dúvida, tristeza... Não havia nada. Talvez você já tenha se sentido com ele e, como deve saber, ser movido por sentimentos negativos sem poder ao menos chorar te faz ser miserável, e no fim, era isso o que eu que Offenderman era: Um miserável. A criatura adorava descontar sua miséria em outras pessoas e, por isso, iria fazer a vida da jovem que não conseguira abocanhar miserável. Bem, como Toby não ajudou muito, Offenderman decidiu ele mesmo procurar pistas.
Como já sabia da localização da casa da garota – Pelo episódio em que brincara com sua sanidade, algo que adorava fazer com suas vítimas – ficara mais fácil ainda seu "trabalho". O que se encontrava era apenas a casa da garota com fitas da polícia em volta.
— Heh, parece que a drama queen realmente é amada. De qualquer forma, gosto de pequenos desafios.
Debochou a criatura, que, se movendo pelas sombras conseguiu entrar sem dificuldades no quarto da garota. O quarto não era bagunçado, de fato, parecia até que ela tinha uma mania de arrumação. Nada fora do lugar. Era um quarto bem simples, na verdade. Com alguns desenhos de personagens de vídeo game na parede e algumas bandas de rock pouco conhecidas... Enfim, uma nerd! Na estante vários livros de auto ajuda, porém, não parecia que a garota lia a Bíblia. Talvez fosse por isso que ela não conseguia se ajudar, a falta de fé. "Fé", mais uma palavra que Offenderman pouco conhecia e que pouco se lixava para saber do significado, a final, que diferença faria para si?
Cuidadosamente ele abria cada gaveta de cada cômoda com a ponta de seus tentáculos negros e viscosos. Não haviam muitas coisas interessantes nas gavetas, então, Offender se tocou: Realmente, não acharia nada de importante em um lugar tão óbvio. Se essa garota tinha um ponto fraco ou um diário, ela não colocaria em uma gaveta qualquer!
— Vejamos... Se eu fosse uma jovem classe pobre/média medíocre que tem probleminha de ansiedade mesmo sendo privilegiada... Aonde eu esconderia um diário me vitimizando? – A criatura levantou o colchão da vítima e lá estava! — Nada mais confortante do que ler o diário de uma jovem confusa... É pura comédia!
Offenderman se sentou na cama da jovem sem preocupação, o que a fez se afundar e ranger um pouco. — Puta que pariu, nem pra ter uma cama decente. – Disse a criatura com um tom de desgosto. Logo, decidiu começar a "pesquisar" uma forma de torturar sua vítima. O plano era o seguinte: Descobrir a fraqueza de Janie e, ou fazer essa fraqueza ir atrás dela ou fazer alguma macumba e colocar num pote para Toby dar a ela – Sim. Sim, era fácil assim. Macumbinha em pote era brincadeira de criança pra uma criatura como Offender.
— Tá, vamos ver o que temo aqui... Hum, não, não, chato. Eca, nem dá pra ler isso, o papel tá todo manchado... Nossa. Essa menina precisa de pau pra sair dessa depressão. E isso aqui... Nossa, que mimada. E isso? Huh, parece uma hipócrita megera. – Ele reviraria os olhos se tivesse uma face, aquele diário era típico de uma menininha de 14 anos com crise de ansiedade sendo "Edgy".
Offender pensou que talvez devesse prestar mais atenção naqueles textos, talvez ignorando a melancolia exagerada ele realmente conseguiria achar algo útil, talvez se analisasse por... Outra perspectiva. Depois de passar bastante tempo anotando coisas num caderninho enquanto ficava em uma pose de "Vagabundo" – Sim, a autora só pode descrevê-la dessa forma – Com as botas sujas e respingadas por sangue e... Substâncias internas que não devem ser comentadas, com uma perna cruzada e a outra na cama, sem ao menos se importar mais em manter a cena de investigação intacta; ele encontrou sentimentos realmente sinceros e profundos da garota perante seus traumas, sem tanta forçassão de barra ou vitimização.
— Oh. Coitadinha. Eu até teria dó disso. – Bem, Offenderman quase sentiu algo. Era a primeira vez que considerara os sentimentos de uma vítima. Geralmente ele escutava um "Por favor, não! Sou tão jovem!" em uma lamentação e um choro miserável, mas agora realmente... Tinha parado pra analisar isso. Talvez... Talvez fosse isso uma das coisas que seu sobrinho sente...? Não. Não. É tudo mentira. Ele está fingindo. Só é como eu, só sente raiva, ódio, vingança... Miséria.
"Querido e miserável diário.
Faz pouco tempo que minha irmã faleceu. Eu não posso dizer que amava ela. Quer dizer... Que irmão não ama o outro, né? Mesmo que eu não tivesse tido tanta empatia ou momentos com ela eu ainda sim sinto uma melancolia gigantesca em meu coração. Eu não valorizava na época mas hoje admito sentir saudades de empurrar a cadeira de rodas dela pelo quintal enquanto ela escrevia em seu notebook. Ela era muito boa, na verdade. Sinto até vergonha de como tratei ela e do quão distante eu acabei sendo. Mesmo quando ela recebia mais atenção e amor, ela tentava me incluir no meio. Tentava me alegrar quando estava triste. Eu acho que só percebi o quanto me importava quando vi, escrito nu e cru naquela lápide gelada 'Aqui jaz, Catherine S. Mor'. E oh céus, antes de fecharem o caixão me lembro de... Ter segurado a mão dela. Eu não queria, realmente não queria mas me fizeram tocar. Eu não sabia que era tão gelado..."
Offenderman parou de ler. Era um belo desabafo, e ele admite, sentira uma pequena pontada no peito ao perceber que essa garota só escreveu isso tudo num caderno qualquer porque era como se fosse... A única "pessoa" que a escutava. O quão miserável era isso, huh? Talvez ela e ele não fossem tão diferentes assim. Catherine S. Mor. É isso. Ele já sabia exatamente o que iria fazer.
Cemitério XXX
Já era tarde da noite, o recinto dos falecidos encontrava-se fechado para que pudessem descansar. Não era estranho encontrar espíritos ou até mesmo proxies vagando por ali nesse horário, porém, nesse dia não havia nenhuma alma viva, quase morta ou morta no recinto. Estava extremamente silencioso. As botas de Offender faziam barulho quando se pisava na terra humida que emitia um cheiro distinto. A brisa fresca da quase-madrugada fazia seu sobretudo negro balançar. Offender andava por entre as lápides. Seria um estereótipo dizer que ele simplesmente gostava daquele local – Por motivos óbvios – Porém, ele realmente gostava de lá. Daquele ar, do cheiro de plantas molhadas... Era tão forte e marcante. Também o "sentimento" de ver as lápides. Como era quem foi enterrado lá? Será que realmente era uma avó amável? Será que realmente se importavam? Era uma pessoa que fez mais bem ou mal? Era um mistério. Logo, acabou encontrando a tal lápide de Catherine.
Offender parou em frente a lápide, observando... "Aqui jaz uma filha amada" huh, que piada! Só porque era capacho dos pais. A criatura então começou a cavar, cavar, cavar... Até finalmente achar o caixão. Abrindo-o, ele se deparou com a beleza da morte. Haviam mais motivos para deixar um defunto dentro de uma caixa além de fatores do meio ambiente. Oh, ela era... Bela até depois da morte. Tão mórbido. Estava praticamente decomposta. A autora não vai descrever com tantos detalhes por... Bem, imagina aí uma coisa bem grotesca. É tipo isso a cena.
Offender pegou-a delicadamente e acariciou o que já foi a face de uma bela jovem lentamente. Suas garras ficaram ensanguentadas, estava podre, putrido... Era perfeita. Offender tirou seus tentáculos de suas costas e inseriu-os no cadáver, fazendo um líquido negro correr pelas suas veias. Após isso, ele se afastou. O cadáver começou a se contorcer e fazer barulhos estranhos.
—... Vamos dar uma visitinha pra sua irmã.
Continua...
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Meu Amigo Splendorman
HorreurEsta história não fala apenas de uma jovem solitária, mas tenta retratar o que realmente há dentro de Splendorman. Os mais persistentes sorrisos geralmente são os mais falsos... Capa:. Sue_Zm (Aka. A autora)