XX - Dia do Julgamento II

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Jane estremeceu. Não acreditava no que estava vendo... Jeff. Jeff, aquele desgraçado que havia arruinado sua vida, ali, bem em sua frente. Todas as vezes em que havia fantasiado este encontro, nunca imaginou que seria dessa maneira. Não... Não assim, não agora, não dessa forma... Murmurava para si mesma. Não podia conter as tremedeiras. Não sabia se eram por raiva ou medo, ou talvez tristeza. Seus sentimentos estavam uma bagunça! Justo agora que finalmente havia visto um pouco da tão aclamada luz no fim do túnel.

— O que é, Jane? Achei que ficaria felizinha em me ver. – Debochou o sádico, abrindo um sorriso largo e pavoroso, também abrindo seus braços. — Vem pra mim. Me mostra o que você sabe.

A jovem deu um grito de fúria e se preparava para atacá-lo. Custou bastante para Toby segurá-la, já que normalmente simplesmente iria assisti-los se matarem, porém, havia encontrado um certo conforto na companhia da jovem, que lhe lembrava os pequenos momentos de alegria que passara com sua irmã e sua mãe.

Enquanto isso acontecia, Kagekao e Sadie levavam Janie o mais longe que pudessem da mansão. Aos poucos, a garota se "humanizava" novamente. A garota parou e vomitou algo negro.

— Acho que ela voltará a ser humana. – Comentou Kagekao.

— Ela é a primeira pessoa que vejo estando entre um proxie e um humano... Espero não precisar ver mais isso. – Comentou Sadie com sua voz leve e angelical.

— Ah, merda... Minha cabeça. – Janie caiu de joelhos, enquanto lágrimas quentinhas e salgadas desciam de seus olhos, os olhos que já tiveram um lindo e doce brilho. — Aí... Onde eu tô?

—... Me desculpa, garota. Mas agora você tá por si. – Revelou Kagekao seriamente.

A jovem arregalou os olhos, finalmente estando ciente de sua situação. Não... Não era possível, não! A garota meia humana se levantou lentamente e agarrou o casaco negro de Kagekao. Sua aparência angelical se foi. Não era mais a mesma garota do começo da história, definitivamente. Agora, seus cabelos que já foram levemente loiros estavam grudentos e oleosos, com suas mechas cobrindo-lhe quase todo o rosto (elas pareciam lâminas afiadas). Seus dentes cerrados em puro ódio e desgosto, lembrando um animal selvagem violento, e não ajudava o fato de agora seu rosto estar sujo por um líquido viscoso e preto que... Lembrava bastante os tentáculos de Splendorman.

— O que você tá falando?! – Questionou a jovem em um tom ríspido — Vocês disseram que iam me proteger!

— Não. Dissemos que encontraríamos um jeito, deixamos claro o que poderia acontecer, e adivinhe, o pior aconteceu. Eu não sei o que vai acontecer ag-

— NÃO, NÃO, NÃO! VOCÊS DISSERAM QUE IRIAM ME PROTEGER! – A jovem levantou a voz, seus olhos obviamente não ficaram vermelhos, mas só a raiva e o ódio que havia dentro deles... Bem, já era o mínimo para causar um arrepio. — EU NÃO VOU MORRER POR CAUSA DAQUELE DESGRAÇADO! SE EU FOR MORRER EU MESMA TIRO MINHA VIDA! EU NÃO VOU MORRER DE UMA FORMA PATÉTICA COMO UM ESTUPRO!!

A jovem apertava mais e mais Kagekao, que permanecia tranquilo perante a situação. Sadie não tinha muito o que fazer. Tinha medo demais para se aproximar, e de qualquer forma, poderia acabar atrapalhando. Porém, distante, se ouviu uma risadinha. Uma risada masculina e perversa, seguida de palmas.

— Hehe. O show está espetacular, sinceramente. – Offenderman se aproximou, enquanto segurava a cintura de...

— C-Catherine?! – Questionou Janie, em surpresa.

— Pois é, pois é. Sua irmãzinha veio fazer uma visitinha, não é fofa? – Offender aproximou o cadáver de si e acariciou-lhe o rosto apodrecido, o qual deixou algumas larvas escarapem de seus buracos. Janie deu um grito de horror e ódio. Os outros Proxies estavam tão chocados quanto ela. Aquilo era... Magia com a gosma negra? Aquilo definitivamente era errado, mas quem eram eles para questionar uma criatura sabe sei lá quanto mais poderosa e superior? — Ela é minha... Mais nova dama. – Offender colocou-lhe uma rosa em um buraco na carne podre. — Mas é claro, você pode se juntar a ela também. A final, quanto mais melhor, não é?

A criatura riu novamente. Janie deu um tipo de urro e correu para cima de Offender, que simplesmente ordenou a Catherine que o protegesse. Janie não excitou e partiu para cima. Não importa se fosse sua irmã, estava amaldiçoda agora, e ela faria de tudo para fazer Offender pagar por aquilo. A criatura ficou apenas apreciando o caos, enquanto gargalhava da desgraça.

Com Jane, Toby e Jeff a coisa não era diferente. O jovem tinha extrema dificuldade de segurar a mulher, que estava disposta a acabar com Jeff ali e naquele momento. Por um impulso de ódio, a mulher correu até o assassino. Como era guiada pelo ódio, não foi difícil se esquivar da mulher. Jeff começou a brincar com ela, se desviando sem dificuldades de seus golpes de faca, apenas debochando da mesma. Toby, também por um impulso, decidiu ajudá-la. Ele pulou à frente e deu um soco em cheio em Jeff.

—... Rogers. Covarde... – Ele riu. Jane tentou o atacar, mas foi paralisada pelo sádico. — Se queria me derrotar, deveria ter lutado realmente. Que decepção, Janet... E você. – O homem puxou a gola da camisa de Toby, que o observava com um certo desgosto.  — Eu esperava mais de você... Tá me tirando?

—... Eu s-só estou s-sendo f-feliz. – Jeff soltou uma gargalhada. Toby apertou o pulso do mesmo, o fazendo soltá-lo. O sádico balançou a mão, aparentemente o golpe havia surtido o efeito, porém, a risada não parava.

— Feliz? O que ce sabe sobre ser feli-

— O que VOCÊ sabe sobre s-ser feliz?! – Toby retirou seu machado de seu cinto — M-Matar pessoas s-só por t-ter sofrido um b-b-bullyingzin-nho?! P-Patético.

Jane deu um chute em Jeff, o que o irritou e o fez puxá-la pelos cabelos.

— Bem, se está sendo feliz dessa forma boba... Imagino que também seja feliz com sua amiguinha aqui. – Ele puxou Jane pelos cabelos, a fazendo dar um berro de dor.

Toby obviamente ficou puto, a final, era sua única amiga... Como ele ousa?! Toby correu com o Machado em direção a Jeff, que desviou delicadamente utilizando a mulher de escudo. Mesmo estando presa, Jane precisava fazer algo. Então, ela se lembrou do tombo que teve com Toby no lago. Mesmo que doesse, ela precisou fazer isso! Ela puxou Jeff utilizando seus cabelos, e o fez tromba com Toby. Logo uma luta corporal começou... Entre os três. Foi uma bagunça, enfim, muito sangue. Porém, duas cabeças pensam melhor do que uma. Não foi difícil Jane e Toby terem uma vantagem sobre Jeff, mesmo que ele fosse mais experiente.

No fim, os três ficaram basicamente rolando pelo chão. Toby ficou por cima de Jeff e começou a e forçá-lo com seu machado. Porém, Jeff logo enfiou uma faca em sua barriga... Mas a força é adrenalina de Toby não cessava sua força.

—... Jeff. Isso... Acaba agora. – A mulher se levantou com dificuldade e se aproximou do rosto do Sádico, que a olhava sorridente.

— Tch, você não conseguiu me... Matar sozinha? Heh. – Debochou Jeff.

— Não interessa. Eu só quero te matar.

— Vamos ver se consegu-

Jane então, deu um golpe certeiro na boca de Jeff, afundando lentamente sua faca até o fundo da garganta dele. Sua boca se encheu do sabor metálico que tão bem conhecia. O sádico começou a rir intensamente, enquanto se afogava com o próprio sangue. Jeff... Estava acabado. Esse foi o fim.

—... Bem, isso foi bem melhor que a terapia do Splendy, na verdade. – Disse Jane, se jogando no chão de costas e então, descansando. Sentindo seu suor escorrendo, enquanto o frio da noite beijava sua pele.

Continua...

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