Capítulo 14

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Jennie encarava nervosa a janela de seu escritório, vendo todos os alunos passarem conversando animadamente. Só havia uma pessoa que ela queria ver, mas parece que era a única.

Fazia exatas três semanas que Lalisa não comparecia ao trabalho, não estava em casa e não atendia suas ligações. A última vez que se falaram foi um tanto tensa, com Lalisa cortando todo tipo de pergunta que Jennie fazia e dizendo vagamente que tiraria um tempo para ela. Mesmo sem entender, preocupada, e com vontade de socar a terapeuta, Jennie lhe deu espaço e tempo, mas estava nervosa com todo o mistério que Lalisa havia colocado sobre si.

Jennie sabia que sua amiga não era gentil. Lalisa podia agir como uma criança as vezes, mas era durona e intimidadora. Muitas vezes, não era uma pessoa boa e não lidava muito bem com não ter o que ela quer. Sendo filha única, Jennie entendia perfeitamente. Ela só queria proteger a única amiga que nunca saiu do seu lado ou pediu algo em troca da sua amizade, mas achava que tinha cometido alguns erros por conta disso.

Suspirou, balançando a cabeça e tentando se focar em seu trabalho, que também estava um inferno. Roseanne ainda tentava conseguir informações de Lalisa, muitos pais iam na escola dia e noite tentando comprar a aprovação de seus filhos e uma certa morena de olhos observadores estava capturando sua atenção mais do que devia.

— Com licença senhora Kim.

Jennie suspirou, assentindo desgostosa quando Kai entrou na sua sala. O tímido homem sorriu nervoso e juntou as mãos na frente do corpo. Tinha pavor absurdo de Jennie, mesmo ele e ela sabendo que o marido alto e musculoso de Kai estaria ali em menos de um segundo para defender o pobre homem caso algo ocorresse.

— Diga.

— Queria saber como vão ficar os horários agora que a senhora Manoban retornou.

Jennie imediatamente levantou a cabeça, metade confusa e metade assustada. Sua mente piscava em alerta absoluto para aquela informação.

— Como assim?

— A senhora não viu? — Ele perguntou confuso. — Eu não devia ter falado?

— Não! Era para falar! Onde está Lalisa?

— Estava indo para a sala do segundo ano.

Roseanne.

O coração de Jennie disparou em seu peito e ela levantou de sua cadeira rápida como um raio e saiu correndo. Os corredores estavam meio vazios e era difícil correr en um Scarpin preto de ponta fina, mas Jennie fazia milagres.

Não foi difícil reconhecer a figura alta e vestida de preto que caminhava tranquilamente pelo correcor. Os cabelos longos e negros de Lalisa caíam por suas costas como uma cachoeira, a pasta escura era segurada com firmeza e seu andar era firme,confiante. Jennie gritou, fazendo com que a tailandesa parasse e se virasse.

Diferente do que achou, Lalisa não esboçou nenhuma reação ao ver a amiga descabelada e ofegante correndo atrás de si. Ela a olhou por cima da franja com frieza e virou totalmente o corpo, esperando que uma Jennie incrédula recuperasse o fôlego.

— O que caralhos significa isso!?

— O que parece?

Jennie fechou os olhos, passando a mão nos fios castanhos com força.

— Lisa! Você não atendeu minhas ligações, desapareceu da face da Terra e simplesmente aparece aqui hoje querendo dar aula!?

— Sim.

Jennie ficou olhando para ela assustada. Havia alguma coisa mudada em Lalisa, aquela não era sua melhor amiga. Pelo menos, não a manteiga derretida que deixou em casa três semanas atrás.

— Lili, o que aconteceu na terapia? — Lisa não respondeu. — Ela te fez algo? Quer denunciar? Posso te dar mais dias de folga se-

— Nada do que não deveria ter acontecido, não se preocupe. Deseja algo mais ou posso colocar em dia as matérias que minha turma perdeu?

Jennie deu um passo para trás, os olhos um tanto marejados. Lisa nunca tinha sido tão... fria e dura com ela.

— Lili, você sabe que eu sou a última pessoa do mundo que julga você. Eu sempre te acolhi e quero continuar acolhendo. Por favor, me diz o que aquela mulher te fez acreditar.

— Ela me fez enxergar a loucura das minhas ações, só isso. — Lisa trocou o peso de uma perna para a outra. — Era o que você devia ter feito como minha amiga. Foi loucura o que fizemos.

— Eu melhor do que ninguém sei que estou errada! — Jennie se defendeu, ofendida. — Mas eu só queria proteger você! Sabe que nunca fui capaz de aceitar que você seja derrotada.

— E por isso erramos duas vezes. Não existe coerência nos meus sentimentos e estou disposta a tirá-los para nunca mais voltar.

— Você se ouve!? — Jennie chiou, incrédula. — Lisa, por favor-

— Chega Jennie, você sabe que estou certa.

— O que eu sei é que você está cometendo um erro! Quantas vezes você se apaixonou na vida? Em quantas você tinha esse brilho no olhar?

Lisa ficou em silêncio.

— É exatamente isso! Eu sei que existe o receio da idade e que você se acha uma predadora, não posso tirar isso de você. Mas você não vai tirar esse sentimento porque quer!

— Eu preciso. — Ela falou firme. — Você não vai, e não pode me impedir.

— Só me deixe provar que você pode ser correspondida!

Lisa lhe olhou por um segundo antes de desviar o olhar e Jennie viu, naquele mísero segundo, que sua amiga ainda estava ali.

— Lilo, por favor. Ela pode sair e viver as próprias experiências, vocês podem se encontrar depois, mas sei que pelo seu olhar, você não vai deixar de amá-la, e ela não vai odiar você.

— Você não sabe. — Ela falou baixinho.

— Eu sei sim. — Ela balançou a cabeça. — Quantas vezes eu errei com você?

Lisa lhe olhou pensativa. Jennie encarou ansiosa aquele brilho no olhar retornando aos poucos. Ela ia conseguir.

— Senhora Manoban?

Roseanne a encarou assustada, surpresa e confusa. Usava o uniforme da escola que Lisa odiava, aquela saia curta. Os cabelos estavam soltos e ela se aproximava cautelosa, um tanto temerosa.

— O que está fazendo aqui? — Jennie perguntou nervosa. — Ande, volte para sua sala e-

— Retorne imediatamente para a sala, senhorita Park, ou começará o semestre me devendo mais pontos do que os que tem.

Jennie virou-se, mas já era tarde demais. A feição de Lisa estava dura novamente, os olhos totalmente apagados. Ela não esboçou reação com a presença de Roseanne. Pelo contrário, a olhou de cima a baixo com frieza e ergueu a cabeça. O que havia restado de sua amiga havia ido embora novamente.

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drama a caminho

rezem pra minha patroa não ter dado falta de mim 🙏

Teacher's Pet  • Chaelisa •Onde histórias criam vida. Descubra agora