Por Você -Daerin/Haelle-

-facing the truth-

(POV - Haerin)

Acordo com a forte luz do sol em minha cara me fazendo resmungar em desgosto por ser acordada desse jeito.

Me sento na cama e começo a olhar o cômodo que costumava dormir quando mais nova, lembranças vem a minha mente, principalmente dela. Tentei esquecer de todo o meu passado nesses anos nos Estados Unidos, mas parece que não funcionou, eu sou uma idiota mesmo.

Solto um riso anasalado pelos meus pensamento, me levanto e vou direto ao banheiro lavar o rosto e fazer minhas higienes matinais, decido por ficar de pijama mesmo já que estava com preguiça de trocar de roupa.

Ao sair do quarto e andar pelos corredores, acabo por olhar pra porta do quarto que ela dormia e mais lembranças vem a mente. Eu já sabia que seria difícil voltar a morar nessa casa, mas o único jeito de superar seu medo é enfrentando ele, então vou fazer isso, irei apagar tudo oque aconteceu.

Balanço a cabeça tentando pensar em outra coisa e desço os degraus da escada com a visão de Hyein e Eunchae vendo dorama abraçadas, elas se tornaram um casal tão fofo.

- Que dorama é esse? - Pergunto parando atrás do sofá recebendo o olhar das duas.

- Hometown Cha-Cha-Cha - Eunchae responde voltando sua atenção a TV.

- É sobre oque? - Olho um cena onde te uma mulher dirigindo com duas idosas de carona e um homem de face gentil, a motorista parecia com raiva de algo.

- Uma dentista mimada que por algum acaso abre um consultório numa cidade pacata e se apaixona por um "caipira" faz-tudo que ensina pra ela que o mundo não gira em torno de seu umbigo - Hyein falou tão rápido que fiquei alguns segundos só processando oque ela disse.

- Hm, parece ser legal - E de novo me veio aquelas lembranças, de nós duas abraçadas nessa mesma casa e nesse mesmo sofá - Droga - Sussurro enquanto balançava a cabeça me amaldiçoando por não conseguir parar de pensar nela.

- Oque foi? - Hyein me olha preocupada - Dor de cabeça? - Estava pronta pra negar sua pergunta, mas como não queria explicar que estava lembrando daqueles momentos eu decidi mentir.

- Uhum - Botei a mão na cabeça encenando - Irei tomar um remédio pra ver se passa - Andei de forma ligeira para a cozinha me apoiando na pia.

Pego um copo, encho de água e bebo na tentativa de ter total controle sobre meus pensamentos, mas foi totalmente em vão, a cada lugar que eu olhava daquela casa me fazia lembrar daquela época. Senti lágrimas se formando e escorrerem pelo meu rosto, tentei seca-las, mas quando me dei conta já estava sentada no chão da cozinha quase vomitando de tanto chorar.

Não era a primeira vez que isso acontecia, na verdade se tornou algo comum de acontecer desde que fui morar nos EUA, eu sempre lembrava do que aconteceu e começava a ter uma confusão mental o que resultava em noites chorando e vomitando. Fui em vários médicos, mas eles só me deram alguns remédios caros e extremamente fortes que só serviram pra piorar minha saúde.

Nunca falei sobre isso com ninguém, porque não quero que me achem fraca e pensem em mim como um fardo que não consegue esquecer algo que aconteceu a 4 anos atrás.

E ali, naquele chão frio, enquanto eu ainda não tinha parado de chorar, ouvi passos se aproximando e entrei em pânico, não queria que me vissem desse jeito, eu vim aqui pra mudar de vida, não pra ser um fardo, eu não quero isso, não.

- Filha? - Ouvi a voz da minha mãe e congelei, me levantei com a cabeça baixa e tentando não transparecer minha voz rouca e soluços por causa do choro.

- O-oi mãe, estava com saudades - Mantenho minha cabeça baixa, mas sou surpreendida com um silêncio desconfortável e com minha mãe botando a mão em meu queixo e levantando meu rosto.