Depois do amor a gente vai fazendo hora

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Você consegue sentir onde está o vento?
Você consegue sentir ele passando
Por todas as janelas
Deste quarto?
Porque eu quero te tocar, amor
Eu quero te sentir também
Eu quero ver o Sol nascer sobre seus pecados
Só eu e você

Zayn Malik - Dusk Till Dawn

Para: Gigi Hadid

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Bella Hadid.
• 18 de Julho de 2020
San Diego, CA, USA.

Meu pai veio descendo as escadas quase que imediatamente, e a expressão em seu rosto me fazia acreditar que estava emocionado com o momento. Parou diante de mim e Theo, que estava um pouquinho sonolento e esfregando os olhinhos de forma desajeitada, e eu o vi chorar.

- Bem-vinda de volta, filha - falou com a voz embargada, e eu me controlei para não retribuir o choro, porque ele não merecia. Até conseguia imaginar que meu pai não era favorável às ideias da minha mãe, porque sempre foi controlado por ela de todas as formas, mas fora conivente.

- Obrigada - respondi, austera. Em seguida, vi quando estendeu os braços para a criança.

- Posso?

Não disse nada, apenas entreguei Theo para o avó, que o pegou. Era uma cena que eu esperava há muito tempo. Uma com a qual sonhei por dias e dias, enquanto me via sozinha, com o apoio de uma única amiga, sentindo-me rejeitada. Uma cena que teria me deixado em pedaços meses atrás, mas que agora não acariciava meu coração endurecido pelo tempo.

- Ele é tão lindo - ele comentou, acariciando o rostinho de Theo. - E como está grande... quanto tempo perdemos - lamentou.

- Vocês perderam. Eu estava com ele o tempo todo. Vi cada evolução,cada sorriso, cada expressão, cada fio de cabelo. - Sem dizer mais nada, tirei as coisas do porta-malas, mas a voz da minha mãe soou em meio ao silêncio.

- Deixe isso aí, Bella. Hélio irá pegar.

- Quem diabos é Hélio? - perguntei, erguendo minha coluna, depois de abrir o carrinho de Theo no chão. Minha mãe olhou para mim com uma expressão de repreensão. O palavreado, é claro. Camila não deveria ser tão leviana com seu linguajar. Balela. Havia muitas outras coisas que tornavam um ser humano digno.

- Hélio é o nosso mordomo - ela respondeu.

- Mordomo? - Não consegui não gargalhar. - Que piada!

Eu poderia ter zombado um pouco mais daquela situação, mas nem tive tempo, porque meu nome foi dito com tanta empolgação que não duvidei, nem por um minuto, de quem se tratava. Da mesma porta por onde meus pais tinham saído, vinha Gigi, correndo na minha direção com os braços abertos e se jogando nos meus.

- Mana! Ah, meu Deus! Como é bom ter você aqui! - exclamou emocionada. Gigi tinha ido me visitar em companhia de Zayn pouco depois que Theo nasceu, mas ela parecia não me ver há uma eternidade. Eu sentia falta dela também, por isso retribuí o abraço de forma afetuosa. Mas a verdade era que ainda não me sentia à vontade.

Sentia-me deslocada, como se aquela ali não fosse a minha família. Como se eu não passasse de um elemento entranho no meio de um grupo homogêneo. Assim que nos afastamos, ela se virou para brincar com Theo, que ainda estava no colo do avô, então, minha mãe se aproximou. Pensei que ela iria me cumprimentar, perguntar se eu tinha feito boa viagem, se as coisas andavam bem, se tinha sentido sua falta... se queria tomar um café... Sei lá, qualquer coisa. Mas uma de suas sobrancelhas perfeitas se arqueou, e a primeira porra de pergunta que ela fez foi:

𝐏𝐚𝐢 𝐝𝐞 𝐚𝐥𝐮𝐠𝐮𝐞𝐥 - 𝘑𝘦𝘭𝘭𝘢 𝘢𝘥𝘢𝘱𝘵𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯 Onde histórias criam vida. Descubra agora