Finn

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Na manhã seguinte, acordo, pisco lentamente os olhos e sinto meu corpo pesar uma tonelada.

Então meus olhos se arregalam e levanto na cama, lembrando da noite passada.

"Olá?" Chamo. "Tem alguém aí?"

Não há resposta, Coloco minhas mãos no meu corpo, inspecionando cada parte dele e me lembrando de cada parte que ele me tocou e beijou.

Afasto minhas cobertas, jogo as pernas para o lado e esfrego meu rosto. Como cheguei na cama? Não tenho certeza de qual a opção menos humilhante. Realmente adormecer pelada na banheira com ele ou meus pais terem me encontrado na banheira achando que eu enchi a cara e desmaiei por ali mesmo.

Quase não quero sair do quarto para descobrir a resposta.

Mas preciso encarar a situação.

Pego meu celular e vejo que fui chamada para um teste em uma gravadora famosa que abriu um estúdio aqui em Thunder Bay, ás 14h preciso estar lá e levar alguns documentos.

Saio do quarto caminhando pelo corredor gigantesco e penso quando vamos voltar para nossa casa, vivemos mais aqui na casa dos Fanes do que em outro lugar.

"Ei, querida", minha mãe cumprimenta a moça da limpeza e vem até mim. "Você teve uma boa noite? Última vez que eu lembre de ter visto você foi no salão dançando e depois não te vi mais."

Não consigo falar e puxo a mão dela até o quarto que eu estava, na pressa eu entro junto dela e a encaro sem saber como falar.

"O que houve?", Ela pergunta tentando me analisar com as mãos no meu rosto mas não consigo olhar nos olhos dela.

"Mãe... eu transei." Cuspo de uma vez e tampo o meu rosto com vergonha de ver sua reação.

"Você o que?", A voz grossa e assustada não é da minha mãe e sim da última pessoa que eu queria que soubesse, meu pai.

"Nada! Estamos conversando coisas nossas e você saia daqui, Agora." Minha mãe vai ate a porta expulsando ele e trancando a porta, de todas as pessoas eu preferia morrer do que falar ou melhor, ver meu pai ouvindo sobre isso.

"Por Favor me diz que não foi naquela brincadeira do Gunnar, nada contra você participar desse tipo de coisa mas sua primeira vez ser um menage seria bem... marcante! Assim vamos dizer."

"Menage? Gunnar? Não! Eu nem soube disso e Meu Deus? Gunnar está cada vez mais louco." Damos risadas mas olho pra ela que está esperando por uma resposta mas ao mesmo tempo não quer me apressar.

"Ivarsen e eu estávamos dançando e meio que saímos dali, percebi que eu queria e fiz."

"Está bem com isso? Vocês já se falaram hoje?"

"Ainda não, acordei e ele não estava no quarto. Sim, não me arrependo do que fiz e não escolheria outro para minha primeira vez."

"Queremos o que queremos! Fico feliz que você esteja bem e contente com sua escolha, Mas, Usou camisinha? Não quero nem imaginar o que daria a mistura do sangue Grayson com o sangue Torrance."

"Sim, Usamos e por favor não pense nisso, ok?"

Ela belisca meu queixo me provocando, me afasto rindo.

"Vista-se", Ela me diz. "Nós teremos o brunch em uma hora."




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Chamo um carro no aplicativo e coloco o destino para o estúdio, passo caminho inteiro pensando sobre ontem, sobre ser aceita, sobre eu ter desistido do ballet para seguir no mundo da música e como não contei para ninguém por que gostaria de ser aceita por acharem que tenho talento e não por que alguém da minha família conseguiria me por em qualquer gravadora só por eu ser "filha de alguém, sobrinha de alguém". Passo caminho tão presa em meus pensamentos que não percebo o quão rápido chego no estúdio.

Desço do carro e caminho para entrada do prédio, faço um cadastro e recebo um tipo de cartão de acesso ao elevador que sobe direto ao estúdio. Entro no elevador que tem dois meninos, um bastante alto, cabelo castanho e olhos cor de mel e outro também alto mas não tanto igual ao outro. Esse tem cabelo meio avermelhado, seus olhos não consigo ver por estar usando óculos escuros e uma jaqueta de couro.

O de cabelo castanho me olha como se me conhecesse de algum lugar e me deixando um pouco desconfortável ao sentir seus olhos em meus peitos.

"Você é a garota do Torrance, não é?"

Garota do Torrance?

"Não sou garota de ninguém."

"Bom.", Ele se aproxima de mim, "Diz ele que sim e se eu fosse ele" Ele pega em uma mecha do meu cabelo e passa abaixo do seu nariz fechando os olhos sentindo o cheiro da mecha. "Eu também gostaria de deixar bem claro que você tem dono, colocaria uma coleira com meu nome em seu pescoço."

Engulo em seco e tento manter minha respiração calma por mais que eu não esteja, o elevador demora para chegar no meu destino e olho para o garoto ao lado para ver se ele está vendo isso que está acontecendo mas a decepção me cai quando vejo que ele colocou fones de ouvido e consigo ouvir a música de tão alto que está. Finalmente o elevador para no meu andar e saio apressada de dentro dele e sentindo a risada do garoto atrás de mim.

"Mande lembranças para o Ivar! A gente se vê." O elevador se fecha e a última coisa que vejo é o garoto acenando para mim.

Caminho até a porta do estúdio e aperto a campainha, um cara de barba me atende e abre caminho para eu entrar na sala, o estúdio é bem grande, tem uma sala de espera e duas portas onde acredito que seja da gravadora e um banheiro.


"Senhorita Scott, certo?" Quando mandei minha inscrição decidi colocar o sobrenome da minha mãe que é mais "comum" do que Grayson.

"A própria" Digo sorrindo e estendo a minha mão para ele que retribui o cumprimento.

"Venha, já está tudo preparado para você." Sigo ele até onde fica a gravadora e entro no estúdio, bebo um copo d'água e ajeito o microfone e o fone de ouvido. Ele me da o sinal mostrando que posso começar e canto uma música que escrevi há um tempinho atrás.

Após terminar a apresentação, vou até eles que estão me esperando em uma mesa com papéis e caneta.

"Finn, sua voz é brilhante, calma, doce e um timbre sensacional que estamos procurando. Aqui está o contrato da gravadora e se você ler e aceitar, será bem vinda!" Rob que é o produtor chefe me diz entregando o papel e a caneta, leio tudo com muita atenção por que não quero ser uma Taylor Swift que passa estresse com essas coisas.

Acabo assinando o contrato e conversamos um pouco antes de ir embora, no caminho do saguão eu chamo outro carro com destino aonde Ivarsen costuma treinar e não vejo a hora de contar para ele sobre a novidade, ele sempre me apoiou no ramo da música e não é nada mais justo que ele seja o primeiro a saber.

Mando algumas mensagens e ligo para ele mas não possuo retorno, chego no centro de treinamento e pergunto a moça da recepção se ele ainda está por lá, ela me confirma dizendo que ele está no vestiário e me libera após eu falar meu nome, em alguns momentos gosto de usar meu sobrenome, confesso.

Caminho segurando a cópia do contrato animada imaginando a reação dele e entro no vestiário mas Ivarsen não está sozinho.

Ás 17:25 foi a hora, A hora em que meu coração se partiu pela primeira vez, Ivar estava beijando outra menina na minha frente.

"Torrance..."

Ele se assusta mas a garota me olha rindo como eu fosse uma mãe que acabou de pegar sua filha mexendo nas suas jóias. Raiva, Decepção e qualquer outro sentimento ruim que alguém possa sentir. Quando finalmente consigo me mexer saio dali com lágrimas caindo e um sentimento preso na minha garganta que dificulta eu conseguir respirar.

"Finn, Por Favor..."

Ivarsen tenta vim atrás de mim mas logo para e sei disso ao ouvir a garota dizendo que não vale a pena ir atrás de mim. Não vale a pena? Então ele concorda que sou algo que não vale a pena ele ir atrás?

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