Octavia

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  Conversei com ele depois da última vez que ele nos visitou. Eu pude ver a malícia em seus olhos quando ele falou sobre o dia que me viu na festa do time de Ivarsen.

Levou todo o meu autocontrole para não bater com a cabeça dele no capô do carro e dizer a ele, em termos inequívocos, que não vai rolar. Vejo carros de polícia em todo ao redor da casa, eu e Dean nos entreolhamos confusos.

  Paro na entrada enquanto Dean fecha a porta atrás de nós.

   Finn está quase em posição fetal no chão, os olhos fechados e o rosto camuflado pelos cabelos.

Minha respiração para enquanto espero que alguém diga algo.

"O que Houve, Mãe? Aconteceu algo com a vovó ou Tia Arion?" pergunto, espero uma resposta.

   Sinto um par de mãos me puxando e vejo que é meu pai.

"Eu quero que você tenha calma, princesa." Ele começa. "Seu irmão, Ivar." O encara sentindo minha boca secar.

"Pai."

"Sequestraram Ivarsen, Tavi." Que? Não! Meu irmão, isso não pode acontecer.

     Me levanto passando a mão na minha cabeça tentando voltar para a realidade real. Minha respiração diminui um pouco, mas não é suficiente para limpar as imagens perturbadoras da minha cabeça.

Está aqui de novo. Os monstros. os homens maus, Cadê Mads? Ele disse que sempre vamos a lugares juntos, mas ele não me levou com ele.

Lágrimas enchem os meus olhos, As paredes. A escuridão. Tudo isso parece errado.
   
Eu não deveria estar aqui. Minha casa é com papai e mamãe. Não, Por favor. Mads? Aonde estão nos levando? Eu quero meu pai.

        A primeira gota de sangue atinge o chão. Outra segue. Então outra. Antes que eu perceba, uma poça de vermelho me cerca, sua superfície é como um espelho, consigo me ver nela e vejo Mads.

"Eu estou com medo, Mads."

"Eu estou aqui, Tavi." Ele responde

Vejo o homem mau no chão e sangue saindo dele.

Sinto frio, meu queixo treme e meu corpo dói dos meus dedos do pé até a ponta do meu nariz.

       Eu apenas recuei, meu corpo inteiro tremendo com o pensamento de ter que voltar para aquela noite e passar por tudo o que veio com ela. Eles não sabem como me afetou, acham que por ser muito nova na época eu não lembro. Mas eu lembro de tudo e todas as maldades que eles falavam.

Além disso, ninguém realmente me conhece - ou pelo menos não da maneira que eles pensam. Eles não veem a sombra chata e persistente sobre o meu ombro ou as lágrimas presas no meio do nada.

  Eu sou interrompida pelos meus pensamentos quando uma mão forte envolve meu ombro. É tão repentino que eu endureço e levanto meu braço como fosse uma armadura que pudesse me proteger.

Um homem mau e sombrio está me agarrando, seus dedos estão em mim, seu cheiro, ele aperta tão forte meu braço que fica a marca da sua mão.

"Sparrow?" Uma voz calma corta o ciclo vicioso habitual de pensamentos.

  Dean. Lágrimas caem em minhas bochechas enquanto eu imploro por ar.
   
    Ele me puxa para ele pelo braço que está segurando e me envolve em um abraço apertado. Ele apenas me abraçou e sussurrou palavras suaves no topo da minha cabeça.

"Fique assim," diz ele em voz baixa. "Quem quer esteja na sua cabeça não existe, apenas eu estou aqui com você. Ninguém vai te machucar ou machucar seu irmão, Ot."

  Saio do seu aperto e arfo em um susto vendo o braço dele, estão arranhados e alguns sangram.
   Meus olhos se enchem de lágrimas, eu fiz novamente.

"M-me desculpa, eu não sei o que..." Minhas palavras caem quando ele pega em meu rosto colocando meus olhos fixos aos seus.

"Nada é sua culpa, é apenas reação. Não ouse se culpar por algo que você não tem controle, eu estou bem."

    Ele me abraça novamente e encosto a minha cabeça em seu peito, vejo a confusão correr pela casa mas não ouço os barulhos. É como se eu tivesse vendo um filme no mudo e a única coisa que eu sinto são os braços que me envolve.

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