Finn

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Minha mãe é uma mulher bonita. Não estou dizendo isso porque sou filha dela e, portanto, a via por lentes cor-de-rosa. Estou dizendo porque é verdade — Emory Scott é uma mulher bonita, impressionante e requintada.

Mas minhas feições não são tão perfeitas quanto as dela. O rosto da minha mãe tinha aquela beleza clássica capaz de fazer homens, mulheres e crianças pararem para olhar sempre que ela passava.
Já eu, sou mais bonitinha do que exuberante.
   
   Mas estou aprendendo que a maquiagem e a roupa certa podem transformar qualquer garota bonitinha em mulher fatal.

Não sei qual é o meu plano. Em primeiro lugar, Ivarsen e eu não estávamos namorando. E como não quero que ninguém mais saiba que estávamos tendo um caso, não posso entrar na festa e derramar um copo de cerveja na cabeça dele. O que posso fazer é mostrar a ele exatamente do que está abrindo mão.

Não vou mentir,  dói que ele não tenha me dado um aviso-prévio como prometeu. E definitivamente me incomoda o fato de que ele esteja com outra pessoa hoje, enquanto eu ainda podia muito bem continuar saindo com ele. Mas sabia com quem estava me envolvendo quando comecei isso.  Ivarsen Torrance pega todo mundo. Ponto-final.

Meu ego, no entanto, se recusa a aceitar isso, o que é a razão pela qual, horas depois de tudo que aconteceu hoje , estou saltando de um táxi na frente da casa de um dos colegas de time dele que está dando uma festa em comemoração ao último jogo.

Meu sobretudo de couro me aquece, enquanto perambulo junto à porta da casa, debatendo meu plano de ação. Dois garotos saem, e fico satisfeita quando ambos param para dar uma conferida em mim. Rio. E isso porque a aprovação deles se baseou unicamente na minha maquiagem e no penteado. Provavelmente estariam salivando se vissem o que há debaixo do meu casaco.

Pego o celular.
Cheguei, digo a Octavia. Cadê vc?

  Ela: cozinha.

Inspirando fundo, entro e abro caminho em meio à multidão. A música vibra no chão sob meus saltos, à medida que passo pelas mesas à esquerda e sigo em direção ao corredor que comunica o salão principal à cozinha.

Tem mais uma meia dúzia de mesas baixas e altas nessa parte. Vejo Octavia que está conversando com Madden e Fane, enquanto Gunnar contorna uma  mesa verde segurando um taco de bilhar. Com uma garrafa de cerveja na mão, Dag assiste à jogada de Gunnar, o próprio taco descansando na parede ao lado.

Finalmente avisto Ivar. Está praticamente escondido num canto, conversando com uma morena de calça skinny e suéter azul decotado.

Desabotoo o casaco, tiro e seguro debaixo do braço. Então empino os ombros respirando concentrada e caminho até a mesa de sinuca.

  Um assovio corta a música, cortesia de Gunnar. "Nossa", ele me dá uma cantada. "Você tá um arraso." Seus olhos azuis brilham, cintilantes. "Qual é a ocasião?"

                          Sorrio, timidamente.
"Só estava com vontade de me sentir bonita."

  Octávia bufa. "Amiga, você tá mais do que bonita. Acho que todos os homens da casa acabaram de armar a barraca."

Octávia se aproxima. "E aí, isso significa que está pronta para mergulhar de cabeça na piscina do namoro de novo?" Sorrindo, ela aponta para a minha roupa, que, para ser sincera, não diz exatamente "quero namorar"

O vestido tubinho vermelho vai até o meio da coxa. Coloquei um sutiã de bojo, então meus peitos estão bem no alto. A maquiagem esfumada deixa meus olhos enormes. Os scarpins de salto treze fazem minhas pernas parecerem incrivelmente longas. Claro que elas quase congelaram no caminho do táxi até aqui, mas a busca pela beleza às vezes envolve sacrifícios. Essa é a lição número um no manual da sedução segundo Indie, que inclusive ainda não vi aqui e ela não é de deixar Madden sozinho.

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