Divinity

Ivarsen

Meus olhos se abrem lentamente. A dor atinge a parte de trás do meu crânio misturado com uma tonteira e pontos pretos se formam na minha visão, mesmo quando eu lentamente me acostumo ao meu ambiente. Onde diabos é esse lugar?
A última coisa que lembro é de ter pego o celular para mandar mensagem avisando a Finn que iria encontrar com ela lá em casa. Então fui para o estacionamento porque eu estava com dor de cabeça estava ficando zonzo e eu precisava descansar um pouco antes de pegar no volante. Mas quando cheguei lá, algum tipo de saco preto tampou a minha visão.

Depois disso... nada. Não havia absolutamente nada. Pisco algumas vezes e respiro profundamente, apenas para ser agredido pelo cheiro forte de gasolina.
Grunhindo, coloco minhas mãos no chão e me sento. Minha cabeça lateja de dor e um gosto amargo inunda minha garganta a cada engolir.

O borrão que cobre minha visão desaparece lentamente e o lugar em que estou sendo mantido entra em foco, estou em um lugar muito alto e venta muito. Árvores me cercam mas consigo ouvir barulho de água, tento olhar ao arredor em busca de alguma coisa mas só vejo verde.

Olhando mais um pouco vejo uma placa na árvore que está um pouco distante mas a minha frente, estou em Sleeping Giant Provincial Park, É um parque que deve ficar quase 300 km de thunder bay.

Escuto passos no meio da mata e meu corpo fica tenso, não sei quem me trouxe aqui ou o que pretende fazer comigo. A sombra ainda está distante mas próxima e vejo uma silhueta feminina se encostando na árvore a minha frente.

Não. Não pode ser ela, Que Porra está acontecendo?

"Quanto tempo, Ivarsen." Sasha está na minha frente. "Sabe, eu fiquei bastante chateada com o jeito que você me dispensou, magoada poxa."

Ela se ajoelha na minha frente e viro meu rosto quando ela toca nele. "Poderíamos ter sido um casal e tanto, mas você preferiu aquela vadia ao invés de mim."

"Tira a porra do nome da minha mulher da sua boca." Falo entre dentes.

"Vejo que herdou a paciência do seu pai."

Um homem com aparência velha entra em cena. Ele é alto e tem cabelo grisalho, e um contato visual de presença que apenas pessoas em uma posição elevada de poder, como já vi no avô de tio Will, possuem.

Ele me encara por um segundo e eu o encaro de volta, minhas mãos fechadas em punhos. Ele não tem uma arma ou nenhum cachorro com ele.

"Que porra você quer?"

"Meu nome você saberá no decorrer da nossa conversa." Ele sorri, seus dentes amarelados e cinismo presente em seu rosto. "Eu serei seu anfitrião durante esse tempo." Ele muda sua atenção para o relógio. "Ou pelos próximos minutos, se eles receberam meu recado."

Eles? Minha família no caso? "Você disse que puxei meu pai, você o conhece?"

"Ah eu fiz." Ele cruza os braços, "Eu vi o dia que seu avô entrou na casa da sua querida e linda avó e deixou seu pai na barriga dela." Novamente aquele sorriso cruel em seu rosto.
"Vi de perto a evolução do seu pai, eu fui alguém importante antes daquele merda e aquela puta tomar meu lugar."

A confusão dele falando de pessoas sem dizer o nome e no passado me encurrala, principalmente na parte do meu avô e minha avó. Meu avô morreu antes de eu nascer e vovó é mãe da tia rika e meu pai mas o pai da minha tia não é o mesmo do meu pai. Eu congelo, as coisas começam a fazer sentido e então a minha ficha cai. Meu pai foi fruto de um abuso sexual.

"Você não fez nada para impedi-lo, ela foi uma vítima e você assistiu tudo." Sinto a bile subir e parar na minha garganta.

"Garoto você é surpreendente, Caralho." Ele bate as palmas rindo e me encarando. "É uma pena eu ter que me livrar de você, pessoas com um raciocínio como o seu são raras."

"Sabe, Menino Torrance." Ele começa. "Eu fui um dos homens mais poderosos de Thunder Bay."

"Eu não me importo quem diabos você é." Cuspo.

"Você deve. Meu nome ficará gravado em suas memórias, porque é isso que virá à sua mente quando nossos convidados chegarem e não seguirem minhas ordens, será o último nome que você irá ouvir antes de apodrecer no mar."

Ouvimos passos e ele junto de Sasha olham para trás, um Corpo alto aparece carregando o que parece um... corpo? cabelos escuros balançam enquanto ele a carrega. Quanto mais ele se aproxima eu vejo os detalhes. O casaco manchado de sangue, eu o conheço. Minha pele parece que vai se rachar e meu corpo vai se desmontar em qualquer instante.

Ele joga o corpo no chão e uma sacola preta tampa sua cabeça, meus olhos finalmente encontram os dele. Kendrick.

"Quanto tempo, amigo." Seu sorriso se iguala ao do homem que está parado ao seu lado.

"Não me chame de amigo, Você machucou a coisa mais importante para mim e traiu minha confiança."

"Antes eu não tinha conseguido mesmo machucar, mas agora." Ele olha para o corpo sorrindo no chão. "Apenas uma cova e meu problema tá resolvido."

Não é ela ali, não pode ser ela. Fixo meus olhos procurando por algo que entregue não ser ela mas toda peça em seu corpo pertence ao guarda roupa da Finn.

"Bom, Ivarsen." O homem misterioso começa, "Seu pai atrapalhou meus negócios com seu avô o matando junto do Senador Grayson, Acho nada mais justo de me vingar do primogênito e da princesa grayson. Não?"

Meus olhos arregalam quando o vejo pegar em uma arma a verificando, ele está blefando não irá fazer nada comigo e não é Finn que está na minha frente. não é ela. Eu tenho certeza que nesse momento ela está segura com a nossa família. Meus pensamentos são cortados quando um deles jogam um colar, o colar que dei de presente a ela. Não, Não, Não. Não é ela.

O estrondo do tiro ensurdecedor me atinge, o sangue se espalhando pelo chão. Os sons das vozes distantes se esvaem em um manto de silêncio à medida que a realidade do que aconteceu se estabelece. Um sentimento de negação surge dentro de mim, tentando negar o que parece impossível de negar. O suor de medo escorre pelo meu rosto, pois o momento da verdade finalmente chega. Eu precisa confrontar a perda de quem eu mais amava.

"NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, não..." Eu só sei gritar, a minha voz tremendo e quebrando com o peso da dor e do desespero. Olho para cima em busca de resposta mas os três, Seus olhares vazios refletindo a ausência da alma, enquanto as lágrimas correm pelo meu rosto. Não era suposto ocorrer assim. Eu pensava que teria mais tempo.

A dor do luto se agita em meu peito, enquanto as memórias de Finn vêm à tona. Um rosto bonito e uma personalidade alegre se refletem nos meus pensamentos, trazendo de volta a esperança perdida. Mas o luto domina minha vida agora, e todo o mundo parece escuro. É difícil ter certeza do que fazer a seguir, mas eu sei que preciso seguir em frente, por ela.

"Você não tem ideia do que fez", eu grito. "Eu vou fazer você sofrer como ela sofreu! Você não sabe o que eu faria para trazê-la de volta, para ver um sorriso na rosto dela somente mais uma vez! Eu vou fazer você pagar, seu maldito filha da puta. Seja buda ou qualquer Deus, eu vou matar todo mundo."