Finn

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Subo as escadas correndo sem derramar uma lágrima até entrar em algum quarto que tenha nessa casa, bato a porta atrás de mim e tranco.
Não quero falar com ninguém e nem justificar o que vou fazer, Já sou dona de mim para decidir o que fazer quando alguém faz algum mal para mim.

Ouço a maçaneta virar mas a porta não se abre por causa da tranca, me sento na cama com a esperança de quem esteja tentando abrir a porta perceba que eu não quero falar.
Eu respiro fundo fechando os olhos contendo as lágrimas quando ela se abre, a madeira estilhaçando, a maçaneta caindo no chão, ouço a porta bater na parede me assustando.

Seus passos se aproximam, ele para na minha frente e ouço sua respiração pesada cada vez mais que se aproxima.
    Ele passa os dedos pelo lugar que está um hematoma no meu rosto, sinto sua mão tremer.

"Você não tentou nem me contar", diz ele em voz baixa e profunda, "Porquê?"

"Por favor. Apenas saia. Por favor."

Ele se aproxima de mim pairando na minha frente eu coloco minhas mãos em seu abdômen, segurando meus soluços enquanto ele passa os dedos pelos meus cabelos, puxando minha cabeça para perto. Curvando-se, sua respiração saindo em meus lábios, ele diz, "Por que você não me falou?"

"Só me deixe ir", digo a ele. E ele rosna, me soltando. Eu choro, me afastando dele na cama enquanto ele anda pelo quarto.

"Te deixar ir?", ele zomba de mim, repetindo minhas palavras. "Porra, teve um momento que nossa amizade era tudo um para o outro."

"Eu vou te odiar se você tentar me culpar por isso ter acabado, Vou desprezar você e nunca pararei de tentar fugir dê você, porque nunca poderei amar você. Porque você é um doente e odeio o jeito que você me faz sentir! Eu nunca vou te amar, pelo menos não irei amar mais. O amor acabou, Ivarsen."

Ele derruba os itens que estão acima da cômoda jogando todos no chão.

"Eu sempre gostei de você, Finn!"

"As vezes as pessoas não te amam de verdade, Mas elas te mantém na vida delas simplesmente porque sabem que você é boa demais, e odiaria a si mesmo vendo ela amando outra pessoa do jeito que ela te ama e se dedica à isso."

"O que você ta querendo dizer? Que eu te aprisiono na minha vida por ego?"

"Você não gosta ou gostava de mim, Ivar! Você gostava de ser gostado, você gostava da minha disponibilidade, da minha insistência, da minha facilidade. Você gostava de ter sua carência curada."

"Isso não é verdade." Ele me olha com os olhos escuros como a noite.

"Você gosta de me magoar, por que sabia que eu não iria embora, do poder sobre mim, gostava de ter uma reserva enquanto tinha outras, ou melhor, outra né?" Rio me levantando como se tudo que estivesse acontecendo fosse uma piada.

Olho para ele sentindo as lágrimas acumularem nos meus olhos.

"Mas você." paro me aproximando e olhando dentro dos seus olhos, "Você nunca gostou de mim, você gostava de ter alguém. não de me ter."

Ele anda até mim, agarrando a parte de trás do meu pescoço. "Você estava apaixonada por mim?"

"Isso não importa mais. Sua namorada pode fazer esse papel para você!"

"Pelo menos ela me trata como se eu fosse alguém!" Ele grita tão alto que meu corpo treme.

"SIM, MAS ELA TE AMARIA SE VOCÊ FOSSE NINGUÉM?" grito de volta tentando falar sem minha voz tremer ou falhar pelo choro.

"NINGUÉM ME AMOU QUANDO EU NÃO ERA NINGUÉM!"

"EU AMEI!"

Minha tentativa de não deixar as lágrimas caírem falharam e elas já estão caindo pelo meu rosto, Respiro com dificuldade, ofegante, como se estivesse lutando por ar.

"Antes do dinheiro, antes da fama..." Paro engolindo em seco, "E antes da mentira."

Ele geme, como se estivesse com dor, e eu fico ali, ainda quente da minha fúria e lágrimas caindo dos meus olhos, minhas pernas tremem.

Por que ele não está atacando ou dizendo as coisas mais pesadas para mim?
    Ele apenas fica sentado ali, o ar entrando e saindo de seus pulmões, fica calmo depois de alguns minutos, mas eu cerro minhas mãos, ficando preparada. Mas ele não diz nada. Ele apenas fica ali. Quieto.

Até o momento que ele se levanta, sua aproximação me faz recuar para trás mas ele apenas me da um beijo na testa e sai do quarto. Me deixando ali parada, me deixando ali, sozinha novamente.

   Ainda estou parada quando vejo alguém entrar na porta e desembaço meus olhos, Tia Winter está parada esperando por qualquer tipo reação minha.

  Corro até ela como fazia quando tinha 8 anos e abraço ela me deixando desabafar, caímos aos poucos no chão e ela ainda me mantém envolta dos seus braços.

"Eu estou aqui, está tudo bem!" Sua mão passa pelo meu cabelo me acarinhando enquanto lágrimas caem.

"As vezes me pego olhando nossas fotos, sinto meus olhos brilharem sem precisar me olhar no espelho... sinto saudades do que fingíamos ser."

"Vocês tem tudo desde que eram crianças, Finn."

"Quando paro para pensar em nós, tudo que penso, os sentimentos se parecem como cores." Falo me sentando em seu lado mas com a cabeça ainda encostada em seu ombro.

"Damon tinha esse mesmo efeito em mim, por eu não enxergar ele me trazia todos os sentimentos através das cores." Ela conta com um sorriso.

"Quando eu o vi com a namorada no vestiário, foi triste, sentia a tristeza e sentia o mundo apenas na cor azul. Quando sinto saudade dele tudo parece sem cor, como um cinza escuro."

"Mas você amá-lo é como vermelho."

  Olho para ela e ela tem o rosto virado para mim com seus olhos brilhando, passado se passa nos seus olhos.

"Damon foi o primeiro a me incluir em tudo, antes dele não sabia que poderia me tornar a mulher que sou hoje. Tivemos problemas, Eu deixei os outros tomarem decisões por mim que acabaram afetando nosso relacionamento e poderia ter evitado." Ela coloca a mão na minha mandíbula. "Mas vocês não iram cometer o mesmo erro que nós."

"Ele tem outra, apresentou como sua namorada e acabou."

"Damon Torrance se casou com a minha irmã, como você acha que eu me sentia na época? Uma vadia dessa não deve te fazer se sentir insegura pela presença dela, ela não vai durar muito em nossas vidas."

"Mas e hoje em dia? Sabe, ela é sua irmã e acabou que no final você ficou com ele."

"Arion na adolescência era uma pessoa difícil de lidar, ela falava algumas coisas que me machucavam mas depois de uns anos percebi que ela também foi uma vítima dos meus pais. Hoje ela e eu temos contato de longe por causa da nova vida dela, ela encontrou alguém que a ama e tenho uma sobrinha. Por incrível que pareça ela não se casou por dinheiro, como todos imaginavam da parte dela quando ainda era adolescente."

"oh." minha boca fica em formato de O em choque com tudo, tenho medo de perguntar as coisas pra minha tia e acabar sendo intrometida.

"Finn, Coloquei o homem que eu amava na cadeia e mesmo assim ele voltou para mim! Não deixe uma sem noção impedir isso." Ela sorri, "Mas não corra atrás, de um ultimato, viva sua vida e verá como é ter um torrance beijando seus pés."

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