5. Teimosia

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[N/A: Finalmente voltei para esta! Saudades mil de vocês! E avancemos com o plot... Espero que gostem! Boa leitura e bom fim de semana!]

Natasha sentia que só podia estar maluca ao entrar no próprio carro num fim de tarde de sábado, com o endereço de Caroline Rogers programado no navegador. Uma semana antes, tinha sido procurada por ela na confeitaria, e tinha se recusado terminantemente a conversar. Relutante, aceitou o papel com o endereço e telefone da moça, caso mudasse de ideia.

Agora, não sabia muito bem o motivo, mas tinha telefonado para ela e decidido ir. Não tinha contado aos pais, muito menos à irmã. Só tinha saído da confeitaria e entrado no carro.

Não se dando mais tempo para pensar, acelerou na direção oposta à de casa.

Ao chegar, era um imóvel pequeno, mas charmoso. Sem parar para olhar a tinta azul céu que cobria a fachada, desligou o motor e tratou de descer depressa. O frio de NY nunca deixava de lembrar Natasha do dia em que saiu do hospital para procurar o endereço da irmã.

Tocando a campainha, colocou as mãos para dentro das mangas do casaco. Em poucos segundos, emergiu da casa a mesma moça loira de sete dias antes. Parecia tão apreensiva em vê-la quanto Nat sabia que se sentia.

"Oi. Entra." Carol fez espaço, e Natasha pisou no aposento aquecido, tirando o casaco e segurando-o junto a si. A estranheza entre as duas era palpável - o que se diz numa situação dessas?

"Vem, vamos até a cozinha. Eu fiz chá."

Os ladrilhos eram antigos, o que dava um ar charmoso para a pequena casa. Em poucos segundos, havia uma xícara de chá na frente dela, e Carol tinha se sentado na cadeira em frente, a barriga se projetando sob o moletom preto.

"Desculpe, eu não sei o que me deu, eu..." Ela começou, mas Caroline ergueu uma mão.

"Está tudo bem. Fiquei feliz que tenha aceitado conversar."

Após dois longos goles de chá em silêncio, Natasha finalmente disse,

"Então... O que queria saber?"

Pousando a xícara, Carol disse,

"Bem... Bella, quero dizer, Arabella, está crescendo. Ela perdeu a mãe adotiva há um ano e meu irmão é um teimoso. Deletou todas as redes sociais dela e eu sei que minha cunhada se correspondia com você de vez em quando, dava notícias da minha sobrinha. Steve, por falta de uma expressão melhor, não faz questão. Não sei exatamente do que ele acha que está protegendo Bella ao agir assim. Então queria saber o que tinha combinado com Peggy, ou..."

"Eu nem a conheci." A ruiva girou a caneca de maneira ausente nas próprias mãos. "Deixei a bebê no hospital e preenchi os papéis. Optei por uma adoção semi-aberta. Não me importaria em saber notícias dela, até queria. Minha ideia nunca foi fingir que nada tinha acontecido, só precisava me reerguer primeiro. Quando mandei e-mails ano passado, todos voltaram. Não sabia que sua cunhada tinha falecido até minha mãe me contar."

"É..." Carol ficou perdida nos próprios pensamentos por um instante. "O que a matou foi justamente o câncer que a impedia de conceber naturalmente. Ovários. Enfim."

O silêncio era cortado apenas pelos goles no chá.

"Posso te perguntar uma coisa?" A loira finalmente disse. Natasha olhou diretamente nos olhos dela, que brilhavam de apreensão.

"Quer saber por que eu a deixei no hospital?"

"Desculpe. É só que... Bem, estou grávida de uma menina também. Não consigo me imaginar..."

Natasha riu por dentro. Algumas pessoas tinham o privilégio de jamais se imaginarium numa situação daquelas.

"Desculpe, não quero te constranger."

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