4. Intervenção

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[N/A: Oláá! Tudo bem? Mais um! Essa história é bem especial pra mim, confesso que tenho um espacinho no coração todo especial para ela e espero que tenham gostado até aqui. Bora dar uma movimentada, então! Um beijo e obrigada pelo carinho de sempre.]

Uma hora depois, a família inteira se encontrava sentada no chão da cozinha da confeitaria. Yelena tinha inventado para os clientes que tinha havido um problema com o forno, e as portas tinham sido baixadas. Alexei também tinha sido convocado.

Natasha tinha as costas apoiadas na parede e os joelhos flexionados contra o próprio peito, numa pose muito parecida à que tinha estado segurando um teste de gravidez mais de quatro anos antes, a diferença é que da vez anterior era no chão de um banheiro sujo.

Os olhos inchados precediam os soluços. Se sentia drenada, como se não tivesse mais uma gota de água no próprio corpo. Ela tinha vomitado a história para Melina e Yelena - a primeira, e esperava que a última, vez que o faria. A mãe adotiva tinha pedido - não, suplicado - em meio a muita gesticulação, que as filhas dissessem em detalhes por que achavam que aquela Arabella era o mesmo bebê de Natasha. Finalmente parecia ter se convencido. Alexei não falava nada há mais de vinte minutos - o bigode tremulando sob a própria respiração em pura tensão.

"Sarah Rogers é minha cliente há muitos anos, acabou se tornando uma grande amiga. Conheço a família quase toda, inclusive o filho dela, me lembro quando se casou... Lembro que a nora dela não conseguia engravidar, e então descobriram o motivo e partiram para adoção... Ah, meu Deus. Lembro dela vir me falar toda feliz que a menina era um presente de Natal, que foram buscá-la no hospital..."

Não se sabia quem estava prestes a vomitar ou cair num choro desesperado antes, se Melina ou Natasha. Não tinha como ser uma coincidência.

"Podia ter falado com a gente, Natasha." Alexei disse, mas não era uma bronca. Era mais como se lamentasse. A ruiva deu de ombros.

"Não podia simplesmente jogar isso sobre os ombros de vocês. Além do mais, é fácil me arrepender agora, mas na época eu não tinha a menor condição mental de cuidar dela. Acho que foi melhor assim. E também, a mãe adotiva parou de me responder há mais de um ano. Pelo jeito, repensou toda a questão e não quer mais que eu tenha contato."

Melina uniu as sobrancelhas.

"Bem, Peggy faleceu. Teve um câncer de ovário. Faz mais ou menos um ano."

O coração de Natasha se encheu de uma emoção esquisita ao ouvir aquilo. Primeiro, alívio por não ser o caso da nova família querê-la longe. Mas também, uma enorme tristeza por saber que a filha tinha ficado sem a mãe que a tinha querido e desejado.

A mãe para quem ela não era um acidente de percurso.

"Melina, eu acho melhor manter essa história entre nós. Pelo menos por agora. Por favor. Ainda não sei o que quero fazer. É claro que gostaria de manter contato, mas está óbvio que é um momento delicado para todo mundo."

Nenhum dos presentes pareceu concordar com a decisão dela a princípio, mas não se importava. Aquela história era muito dolorosa para ser simplesmente arrancada e exposta ao mundo daquele jeito.

Sem querer ouvir mais nenhuma palavra, Natasha se pôs de pé, secando o rosto com a barra do avental, ficando de costas para os demais e pondo um fim definitivo na conversa.

Três semanas depois...

Era vinte e seis de dezembro, um sábado. Melina olhou para o salão da confeitaria, praticamente vazio em comparação ao período de Natal; puxou de sob o balcão o bolo que Natasha tinha acabado de confeitar com glacê azul tiffany e desenhos de unicórnio. Olhando para os lados, puxou o saco de confeiteiro com creme rosa e começou a escrever caprichosamente "Feliz Aniversário, Arabella".

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