06 | Little Bit More

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Kim Sunoo

Assim que cheguei em casa e abri a porta, dei de cara com o meu pai sentado no sofá da sala, me esperando. Não era a primeira vez que isso acontecia.

Ele se levantou, vindo até mim e parando na minha frente, me encarando com um desprezo enorme, que tirava toda a esperança que eu ainda tinha em mim.

— Kim Sunoo — ouvi dele, e seu tom parecia irritado, mas indiferente mesmo assim.

Eu já estava acostumado com isso.

— Oi, pai? — respondi ao chamado depois de refletir um pouco sobre a relação que eu tinha com ele, e até tentei sorrir, mas não deu certo.

— E novamente, você saiu e voltou quase um dia depois. Eu avisei 'pra você das outras vezes.

Me senti mal por suas palavras, pois me fizeram lembrar do que eu sinceramente não queria.

Essas... outras vezes.

— Mas... eu te avisei ontem que fui na casa de um amigo e que não ia dormir em casa — Me expliquei, mas mesmo com isso, ele não se deu por satisfeito.

— Que amigo? Você não tem amigos, Kim Sunoo.

Aquilo doeu como uma facada.

— Por que o senhor nunca acredita em mim? — tomei coragem para perguntar, porque sabia que teria que enfrentá-lo um dia, e por mais que fosse meu pai, não tinha o direito de fazer o que estava fazendo comigo.

— Por que será, Kim Sunoo? Hein? Me responde! — exclamou gritando em meu rosto, e depois disso, não senti mais a coragem que tinha tido há segundos atrás, e apenas fiquei calado, abaixando meu rosto e encarando o chão. — Aliás, essa roupa é do seu "amigo"? Eu não lembro de você usando — comentou, mudando drasticamente de humor, como se a segundos atrás não tivesse acabado de gritar comigo, provavelmente fazendo aspas com os dedos na palavra "amigo".

Era visível que aquela roupa não era minha, pois era um pouco maior que o meu tamanho, como Sunghoon mesmo me avisou.

— Sim, é dele — afirmei, ainda não olhando para seu rosto, porque eu não conseguia.

— Mais um? Bom, ele vai terminar com você quando descobrir o seu passado.

Fiquei ainda mais mal, sentindo meus olhos ainda mais quentes e logo as lágrimas que se acumularam nos cantos dos meus olhos caíram deles e em seguida no chão, por eu ainda estar de cabeça baixa. Ele sempre usava o que aconteceu no passado para me atingir e me fazer sentir culpa, o que eu realmente sentia.

— Ele não é meu namorado! — exclamei em tom embargado, sabendo que era sempre assim, eu não podia ter um amigo, que meu pai já falava dele como se este fosse meu namorado, quando não era.

Talvez gostar de meninos fosse um dos motivos para ele me odiar.

— Que seja, eu não ligo — deu de ombros pouco se importando. — Vai, some da minha frente.

Apenas obedeci, porque saí correndo, estando frustrado, triste e decepcionado.

Eu subi as escadas para o andar de cima enquanto minhas lágrimas rolavam pelo meu rosto cada vez mais, ao mesmo tempo que tentava segurar o choro, que estava preso na minha garganta, me incomodando.

Eu queria tanto entender porquê meu pai me culpava por uma coisa que eu não tinha culpa.

Nunca soube ao certo o porquê das pessoas se afastarem de mim, mas talvez fosse por causa do que eu tinha feito, ou deixado de fazer. Eu namorei poucas vezes, porque antes mesmo de chegar a essa fase de namoro, os meninos por quem eu me interessava sempre se afastavam de mim depois de saber do meu passado, sempre sumiam da minha vida, então eu decidi que não iria mais gostar com ninguém.

First Love | SunsunOnde histórias criam vida. Descubra agora