Capítulo 13

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Eu me sentia aflita, mas de um jeito completamente animador. Apesar dele estar apressando as coisas e não continuar me dando pistas, isso foi divertido. Se ele achava que eu não sabia quem ele era, estava muito enganado. Provavelmente era o tal de Victor. As mortes, a forma de como haviam morrido, e até mesmo o corpo dentro daquela caixa o entregavam. Só podia ser coisa dele, já que como Enid havia comentado, sua família estava morta.

A história Frankenstein sempre me foi interessante. Victor, um cientista maluco que dedicou a juventude e a saúde para descobrir como reanimar tecidos mortos e gerar vida artificialmente. Algo completamente insano para a época, mas que no final o resultado de sua experiência gerou um monstro que o próprio Frankenstein considerou uma aberração, ganhou consciência, vontade, desejo, medo.

Se até mesmo o próprio monstro se considerava uma aberração, por que esse garoto iria querer tentar algo assim novamente? Ainda por cima matando as pessoas para sua experiência.

Outra questão era: Por que vir até aqui para isso? E também, por que envolver Enid e Mãozinha nisso?

Eu precisava acha-los o mais rápido possível.

Procurei pela diretora a princípio, levando comigo todas as cartas que eu havia recebido. Eu não poderia chegar, novamente, acusando alguém sem provas, e agora ela não poderia não acreditar em mim sendo que nas próprias cartas ele estava deixando claro sua ameaça. A conversa acabou se estendendo por mais tempo do que eu imaginava, tive que explicar como tudo começou tendo que ocultar algumas partes, contar sobre o laboratório que tinha descoberto na caverna, deixando Eugene de fora disso também. No fim ela me pediu para não fazer nada que ela mesmo entraria em contato com o xerife.

Como se eu fosse obedece-la.

Assim que sai da diretoria passei no quarto e peguei minha mochila e uma lanterna. Já era noite e para melhorar a situação os lobos estavam transformados e correndo livres por aí. Ir em direção a floresta não foi um problema, foi até divertido, e a diversão ficou ainda melhor quando um dos lobos passou correndo por mim enquanto uivava.

Se fosse outra pessoa no meu lugar ela ficaria apavorada, mas eu não, eu estava completamente animada. A chance de acabar sendo atacada por alguns deles deixava tudo ainda mais animador, mas infelizmente isso não aconteceu. Consegui chegar no laboratório sem nenhum arranhão.

Tudo estava do mesmo jeito que da ultima vez, exceto que a caixa com o corpo já não se encontrava por ali. E é claro, outra carta preta endereçada a mim.

" Clara Wednesday Addams

Não achou que nosso encontro seria nesse lugar imundo, não é mesmo?

Dentro dessa carta você encontrará um pequeno mapa, não se preocupe, o lugar não é longe. Sugiro que seja rápida se quiser ver sua querida lobinha viva.

PS: Seu pequeno membro vivo servirá perfeitamente para meus planos."

Ótimo. Porque não me mandou esse mapa de uma vez logo? Teria poupado meu tempo.

Lá estava eu novamente seguindo pela floresta no meio dos lobos. Realmente, o lugar não era tão longe. Ficava cerca de vinte minutos da caverna.

Uma pequena mansão abandonada. Eu me perguntava se mais alguém conhecia esse lugar. Assim que ultrapassei os portões uma chuva começou, com direito a raios e trovões. Parecia coisa de um filme de terror, deixando as coisas ainda mais animadoras.

As portas da entrada estavam abertas, não precisei ligar a lanterna pois assim que adentrei o lugar as luzes se acenderam. Precisei acostumar meus olhos por causa da claridade repentina, logo eu tinha uma visão ampla do lugar.

Uma corrente estava passada em minha frente, duas foices se cruzando ao lado. Varias linhas se entrelaçavam pelo piso, junto a pequenos botões ligados a vários fios. No centro uma pequena mesa com um jogo de xadrez completamente arrumado. Logo atrás dele duas gaiolas cobertas com panos pretos, os fios que se conectavam com os botões estavam direcionados as gaiolas. Eu gostaria de saber o que eles fariam.

-Finalmente você resolveu aparecer. Por um momento eu achei que você não viria.

Levantei meu olhar para a voz que se fez presente. O garoto que Enid havia comentado, Victor Frankenstein.

Apenas o encarei, esperando que continuasse.

-Você deve estar se perguntando o que tudo isso significa, não é mesmo? Pois bem, não irei enrolar mais.

Calmamente ele retirou o primeiro pano, descobrindo uma pequena gaiola. Está a qual Mãozinha se encontrava dentro. Caminhando para a segunda não precisei que ele a descobrisse, eu já imaginava o que estava dentro dela.

Enid.

Transformada e acorrentada, os pés, as mãos, até mesmo seu pescoço estavam presos por uma grossa corrente. Meu maxilar trincou ao vê-la. Ela estava desacordada, a cabeça tombada para frente. Ele estava tratando-a como se fosse um animal.

Se ele achava que iria sair vivo dessa estava completamente enganado.

-Vamos lá, minha clara Wednesday. Devo dizer que fiquei admirado com sua inteligência, o que só me motivou ainda mais a construir isso tudo. -Victor caminhou até a mesa em que estava o xadrez. -O jogo é simples. Primeira fase, tente adivinhar qual dos fios não irá eletrocuta-los, se errar, uma pequena voltagem será direcionada a eles, outro erro e maior será a voltagem. A segunda fase será sobre as linhas entrelaçadas pelo chão, corte a certa e você desmonta as armadilhas que os machucarão, corte a errada e bom... Você adiantará meu trabalho de desmembra-los.

-Qual a terceira fase?

-Caso você consiga chegar a ela, iremos jogar uma partida de xadrez. Você ganha, Enid sairá viva e a mão morre, você perde, sua pequena mão ficará viva, mas Enid irá morrer. Agora eu me pergunto Wednesday, o que vale mais para você? Seu membro de corpo que faz parte da família ou a pequena lobinha que roubou seu coração?

Despertar de Sentimentos - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora