Lindsay é uma incrível patinadora artística, mas se vê encurralada quando precisa de um par para as próximas competições.
Se o desejo de ganhar não fosse tão grande, talvez ela teria recusado a parceria com seu maior rival, o talentoso, mimado e Cin...
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É quase hora do nosso treino e Lindsay ainda não chegou. Ela também não apareceu na aula de ballet, street e muito menos atende o telefone. Mandei várias mensagens e liguei várias vezes. Quando vi que as mensagens não estavam chegando, considerei que ela pudesse ter bloqueado meu número, mas deixei a ideia pra lá. Por que ela me bloquearia?
Ontem, perto de seu horário de saída do trabalho, quase mandei uma mensagem perguntando se ela queria outra carona, talvez devesse ter mandado, assim ela não se atrasaria hoje. Ou será que algo aconteceu com ela? Deus! Será que ela foi assaltada? Ou... Ou tentaram algo com ela?
Com o celular em mãos, ligo desesperadamente para ela. Dois toques e nada. Meu coração acelerando a cada segundo que ela não atendia. No quarto toque, sinto algo me atingir e praguejo.
— Deus, do céu, me desculpa, desculpa, desculpa, estou muito atrasada, eu não te vi. Me desculpa mesm... — respiro aliviado ao escutar sua voz e olhar para baixo encontrando uma bagunça de cabelos castanhos.
— Onde você estava? Está bem? Te fizeram alguma coisa? — Pergunto olhando cada parte de seu rosto e corpo, procurando em seus braços alguma marca roxa e para meu alívio não encontro.
— O que? Eu estou bem e atrasada — ela fala confusa — Dominick o que que deu em você?
— Nada — me recomponho — nada.
— Certo, eu adoraria zuar essa sua cara de idiota agora, mas eu tenho que me desculpar com dois professores. Três se você me atrasar mais.
— Vai direto pro vestiário, já falei com Jonas e Claire, para eles, você teve um imprevisto familiar, de nada por isso também. Você me deve duas.
— Beleza, que seja, obrigada. Eu tenho que correr do mesmo jeito.
Ela saiu correndo e ri quando ela quase caiu virando o corredor. Entrei no vestiário masculino e pude ver Evans e mais dois caras que estavam limpando seus patins. Coloco os meus mais rápido que posso e vou para o gelo. Lindsay não atrasou só ela, assim como a mim também. Faltavam menos de cinco minutos para a treinadora entrar na pista. Entro na pista junto com a morena atrasada e segundos depois a ruiva já está conosco.
— Os dois têm cinco minutos para se aquecerem.
— Mas como...? — falo espantado.
— Eu sei de tudo o que acontece aqui. Como por exemplo meus patinadores se atrasando para duas aulas e para o treino — ela olha Lindsay que se encolheu levemente.
— Desculpa, senhora Roux, eu saí tarde do trabalho, a bateria do celular acabou, eu esqueci ele em casa e quando estava vindo... — a ruiva interrompe com um olhar severo uma Lindsay desesperada. Acho que nunca ouvi ela dizer "desculpa" tantas vezes assim.
— Quatro minutos, agora — ela se afastou e nós começamos com nosso aquecimento, logo já partimos para o ensaio da coreografia.
Esse foi mais um treino que tivemos que estender um pouco mais. Podia ver nos olhos e no comportamento de Lindy que ela estava ansiosa.
— Vai se arrumar, eu dou outra carona.
— Você... Você faria isso de novo?
— Vai logo antes que eu mude de ideia, linda.
Em pouco tempo, nós já estávamos dentro do carro.
— Eu sei que estou atrasada, mas pelo amor de Deus, Cinderela, não vá tão rápido, eu ainda quero viver e saiba que se tiver alguma multa, eu não vou pagar.
— Como quiser, linda — Sorrio e espero ela se acomodar. Igual ontem, acelero como se não houvesse amanhã.
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Falar com Seraphim e falar com a parede é a mesma coisa. Ele para o carro em frente a lanchonete e eu tento recuperar meu fôlego.
— Entregue e sem atrasos. — Olho para ele indignada. — Ei, seu cabelo tá um pouquinho — ele tenta arrumar os fios bagunçados, mas bato em sua mão. — Ai!
— Eu te odeio.
— Ah, que fofa. Se seu cabelo não estivesse essa bagunça toda, eu até te levaria a sério, — rapidamente começo a arrumá- lo com o auxílio do retrovisor. — Simba. — O encaro. — O que? Você pode me chamar de Cinderela e eu não posso te chamar de Simba?
— Eu tenho meus motivos.
— Se for assim, eu também tenho meus motivos.
— Obrigada e tchau, Cinderela.
— Vê se não se atrase amanhã, Simba.
— Vê se não esquece o sapatinho, Cinderela. — entro na lanchonete e já posso ver alguns clientes comendo e outros que aparentemente chegaram um pouquinho antes de mim.
Ontem, levei um sermão enorme da minha chefe. Nunca me atrasei antes, nem mesmo quando tinha Peter como parceiro, nossas agendas batiam, era mais fácil, o que me faz pensar de porquê Dominick não mudou a agenda dele. O que mais ele pode fazer além de ser um irritante 24 horas por dia?
De fato, se ele não tivesse me trazido ontem eu poderia ter me atrasado mais. De todos os modos, eu tive que ficar mais tempo, o que resultou no meu atraso hoje.
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Chego em casa no maior silêncio que consigo. Avery que já deve estar no vigésimo sono teve compaixão e colocou meu celular para carregar. Enquanto o mesmo liga, como o jantar que ela fez. Nossas dietas são parecidas, então fica mais fácil de cozinhar as coisas.
Pego o celular e sou surpreendida por 37 mensagens e 58 chamadas perdidas. Todas de Dominick. Como um pouco da salada que há no prato e outra mensagem chega.
Cinderela irritante, metida a rica, arrogante... : Já chegou?
De novo: o que que aconteceu com você?
Responde logo Simba, ou as patinhas estão te dificultando?
Vai se ferrar Seraphim.
Mas, sim, já estou em casa, quer saber por quê?
Os três pontinhos aparecem, mostrando que ele está digitando, mas logo para. E volta. E para.
Não se atrase.
É tudo o que ele diz e reviro os olhos para a tela do aparelho, voltando a comer.
