Capítulo XII

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Pensei que Dominick não viria esta manhã para me buscar, mas ele veio

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Pensei que Dominick não viria esta manhã para me buscar, mas ele veio. Ainda estávamos estranhos um com outro depois da discussão de sábado no restaurante. Por culpa dos acontecimentos, a água que ele derramou, os xingamentos, eu tentando correr atrás dele com um garfo mas sendo barrada pela minha amiga e meu pai, levei um sermão daqueles.

Sim, sou uma adulta de 22 anos e recebo sermão dos meus pais, mas atire a primeira pedra aquele que nunca recebeu um na vida.

O que mais odeio na vida é decepcionar meus pais e pelo jeito que falaram comigo depois, estava estampado na cara deles que eu os desapontei. Refleti um pouco e realmente sei que fiz coisa errada, mas Dominick também fez.

Minha mãe sendo minha mãe me obrigou a pedir desculpas para ele e eu pretendia, só não sabia como, então até agora não falei nada. Faz um tempinho que estamos parados no trânsito, só os sons da rua para quebrar o silêncio que estava.

Encostei a cabeça no banco e respirei fundo e olhei para ele. Me assustei um pouco quando meu olhar encontrou o seu. Ele estava me observando, como se estivesse pensando em algo. As buzinas dos carros começaram a soar e nós dois saímos do transe em que estávamos.

Respirei fundo novamente e tomei coragem.

— Desculpa — falei baixo.

— O que disse? — Seu olhar variou da rua para mim.

— Você tá de brincadeira? — o encarei indignada. — Eu pedi desculpas pelo sábado.

— Ah... Relaxa.

— O que?

— Relaxa, linda. Não foi nada demais.

— Eu tentei te perseguir com um garfo.

— Se estava com fome, era só falar — franzi as sobrancelhas e bati em seu braço. — Ai! — ele reclamou colocando a mão por cima do lugar onde bati enquanto dirigia com a outra.

— Para de ser idiota, estou tentando me redimir.

— Está tudo bem, Lindy, já passou. Aceito suas desculpas, por mais estranho que seja vindo de você.

Não sabia se ficava ofendida ou grata por ele ter aceitado.

— Eu joguei a água de propósito, só para constar, então me desculpa — bati no seu braço de novo, deixando uma risada escapar quando ele fez o mesmo.

— Eu devia ter te acertado com o garfo — nós dois rimos mais ainda.

Posso dizer que uma sensação me atingiu. Não sei dizer, mas rir com ele foi... foi diferente. Era como se pudéssemos rir de tudo e nada ao mesmo tempo.

Dessa vez não paramos para comer, pelo menos não em uma cafeteria, ele tirou de dentro de uma bolsa de ginástica preta um pacote com torradas, uvas e queijo, todos em potinhos separados. Chegamos um pouquinho mais cedo, então comemos no refeitório e depois fomos para a aula de ballet.



Saí do vestiário e diferente do que sempre vejo, não tinha ninguém

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Saí do vestiário e diferente do que sempre vejo, não tinha ninguém. Nem Poppy, Julie, Avery ou Karen. Coloquei meus patins e ao amarrar percebi que logo teria que comprar outro, a bota branca estava começando a rasgar.

Prendendo o cabelo no topo da cabeça em um rabo de cavalo e entrando na pista, encontro Roux conversando com Laurence e Maryane. O loiro ao lado deles com uma expressão confusa.

— O que houve? — perguntei.

— Karen — os três responderam juntos.

— Meu senhor, o que foi que ela fez agora?

— Karen e Evans não fazem parte mais do Lore Vincent — a mulher ruiva respondeu. — Eles não aceitaram ser reservas. Aparentemente o Streatham Ice and Leisure, — outro centro de patinação aqui em Londres que também irá competir — estava com falta de patinadores reservas e a dupla titular que deveria estar presente na competição, saíram por mal comportamento. Ou seja, eles agora são os titulares de lá.

O que? Sabia que Karen podia fazer algumas loucuras, mas competir contra a própria família? Isso é impactante.

— Somos seus reservas agora — Mary disse com sua voz doce e fofa. Gostava dela, ela sempre foi gentil comigo, nós pareciamos um pouco, exceto que seus olhos eram verdes e o cabelos um pouquinho mais claro que o meu. Sorri para ela.

A Cinderela titã e eu nos entreolhamos, acho que pensado a mesma coisa. Alguma coisa de errado vai acontecer.

O restante do dia foi tranquilo. Nós quatro treinamos juntos, com o auxílio do treinador deles, o querido senhor Albert. Ele era o total oposto de Roux, divertido e brincalhão. Ótima pessoa e ótimo professor também.

Ninguém se opôs a sugestão musical, Mary e Lurie não faziam como nós em relação a músicas e coreografias. Roux sempre procurava escolher músicas, coreografias, figurinos, tudo.

Às vezes sentia que ela se sobrecarregava demais. Sei que ela treinava Dominick quando ele patinava solo, mas não sei dizer se ela também era rígida como é agora.

O metidinho, como em todos esses dias, me deixou na lanchonete, estava limpando o balcão e esperando chegar.

— Seu namorado chegou — Janet falou e levantei a cabeça espantada.

— Meu quem?

— Seu namorado. Não é aquele loiro bonito do carro preto que sempre te deixa aqui e vem buscar?

— Sim. Espera, não! Ele — olho pela janela e o vejo com o celular na mão, digitando algo e se preparando para entrar.

— É o que então?

Ela sabia que eu patinava, mas não conseguia explicar a situação na qual me meti.

— E-ele é meu... — O que poderia dizer? Que ele era meu parceiro? Minha Cinderela? Talvez colega. Não, forcei demais.

No segundo em que parei de falar, o mesmo entrou ainda com o celular na mão.

— Boa noite! — ele disse assim que guardou o celular. — Ah, pensei que estava pronta já, linda.

Por que? Por que ele tem que me chamar assim? Por que teve que me chamar assim na frente da minha chefe que agora me olhava com uma cara que dizia " eu estava certa ele é seu namorado".

Por um momento minha mente divagou. Como seria ele em um relacionamento? Como seria ele comigo se nós fossemos um casal? Ele seria gentil? Eu seria uma boa namorada? Dominick pode ser carinhoso quando quer? Ele é bem reservado em relação aos seus sentimentos, principalmente sobre a família.

Não, não acho que daria certo se fossemos um casal. Mais brigamos do que conversamos. Sei que tenho manias que o deixam irritado e faço questão de continuar com elas só para irritá-lo.

— Lindsay?

— Não, eu não namoraria você.

So This Is -Love- HateOnde histórias criam vida. Descubra agora