Lover (parte 1)

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Vai ser Two shot.
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-S/N, como vai sua vida?- O sorriso de lado dele era característico, ressaltava o quão moleque ele podia ser.
-vou bem, é muito bem casada a propósito- não dei a ele o gostinho de meu sorriso, apenas virei o rosto.
-que pena, sabia que seu marido é um babaca?- ele deu alguns passos em minha direção.
Denji sempre vestia aquelas calças escuras e blusas brancas, porém o diferencia dele eram os suspensórios, toda vez que o via utilizava em cores diferentes, era para chamar a atenção, a minha atenção, ou de qualquer outra mulher casada com menos de trinta anos, se bem que ele sempre gostou das mais velhas.
-sabe que isso é errado, não sabe?- Mordisquei o lábio- pecaminoso, devia se envergonhar, Deus mandou não desejar a mulher do próximo.
Ele era moleque, não era a primeira vez que ele me cantava, não importa quantas vezes eu o repreenda pelo comportamento inadequado e aparentemente vontade de levar um tiro na testa de algum marido enraivecido, ele parecia não temer ou amar as mulheres que cantava, fazia tudo para se aventurar pela vida.
-tá tarde, não é conveniente uma mulher sozinha andar por essas duas perigosas, vai que algum homem mal está andando por aí? Se quiser posso acompanhá-la para casa- Ele retirou o chapéu da cabeça e me ofereceu o braço.
A cidade era pequena, mas já passava das nove da noite, as senhorinhas mais velhas- as grandes fofoqueiras/jornalistas da cidade estavam se acomodando em suas casas depois da missa de domingo- ou seja, não haviam olhos que pudessem nos ver a essa hora.
-Homem mal? Você é um malandro que anda pela noite, acho que o maior perigo é você! Mas vou aceitar a companhia- sorri de forma pequena.
-algum problema pro aqui? Ele está te incomodando?- o chefe da guarda questionou.
Era alto, tinha cabelos escuros e bem amarrados em um coque samurai, sempre mantendo o semblante sério, especificamente quando se tratava de Denji.
-Tem nada não mano, só tava me oferecendo pra levar ela até em casa- Denji explicou, já abaixando a cabeça, estando emburrado.
Aki era acostumado a salvar a pele pálida de seu irmão, seja quando ele roubava maçãs na feira só para fazer graça ou quando supostamente engravidou a filha do prefeito-história essa que se pendura até hoje, a criança já tinha quatro anos e cabelos loiros, Denji jura de pé junto que não é o pai- o fato era que o jovem chefe da guarda em seus vinte anos de vida era mais responsável que muito pai de família.

O chefe da guarda não era do tipo interessado em mulheres, honestamente todas as garotas solteiras da cidade acreditavam que ele estava mais interessado em cigarros e obcecado por ruas patrulhadas e a baixa da criminalidade do que em um relacionamento, de tal forma que rumores o perseguiam, rumores que podiam ser muito maldosos a respeito de sua posição, se é que me entendem.

-A rua tá sendo patrulhada, certeza que ela consegue achar o caminho sozinho, não é senhora?- ele me encarou.
Um pedido silencioso para "não seja mais um rumor dele, por favor".
-tem problema não Denji, me viro sozinha, o chefe da guarda tá certo, faz mal não, talvez em outra oportunidade, quando você se acertar- dei um sorriso para ele- boa noite para os dois.
Minha casa não era muito longe da igreja, era um dos poucos lugares onde eu podia ir sem ser vigiada por meu marido e seus capachos, ao menos para rezar ao senhor, aquele homem ao menos respeitava a minha fé. Mas sempre me esperava sentando na velha poltrona do avô italiano dele, poltrona essa que eu era estreitamente proibida de sentar.
O fato é que meu marido sabia que eu tinha um amante, ele só não sabia quem era esse amante, todos na cidade desconfiavam, mas ninguém chegava a de fato entregar um nome específico para ele.
"-O amante da jovem esposa do juiz? Certeza que é aquele malandrinho Denji que já ficou com pelo menos 80% das casadas da cidade!"
"-O amante dela? Pois eu juro de pé junto que é aquele velho pinguço dono do bar!"
"-O amante? Aquela ali não me engana, casou cedo e só anda junto das criadas, certeza de que aquela dama de companhia é só uma dama de companhia? Escutei boatos sobre Himeno, qualquer um que se associe a ela é da mesma laia"
Eu não gostava de ser julgava como vadia, mas todos na cidade tinham amantes, meu marido tinha ao menos oito, eu conheço seis delas é quatro são amigas próximas minhas.
-atrasada,mulher- escutei a voz dele no pé de meus ouvidos.
Ele era conhecido na cidade como "o juiz" não porque ele de fato era juiz, meu marido era médico, só que ele era conhecido na cidade por julgar Deus e o mundo.
-Padre se atrasou hoje, mas a rua tava sendo patrulhada, vim rápido- contei.
Seu juiz me olhou de canto e começou a sessão de reclamações.
-está cidade está podre! Eu devia mandar rezar a missa no quintal, você fica se arriscando ser morta nas ruas!
Subi sem sequer terminar de escutar ele falar, sabia que pela próxima uma hora seria ele reclamando sobre o quão sem infraestrutura e segurança aquela cidade era.
Meu quarto felizmente era separado do dele- meu marido precisava de um lugar separado do meu para receber suas amantes, então um ano após nosso casamento (quando eu tinha dezoito anos) ele mandou construir um quarto só para mim.
Minha noite estava fria, assim como meu coração é meu corpo, a única coisa capaz de me aquecer estava ali na janela, presa entre o vidro e a madeira.
Uma cartinha dele.
"Sinto muito por não poder encontrá-la hoje, seu marido é um cara muito bravo, sabia disso? Hoje mais cedo queira te levar para casa, mas você pareci ocupada conversando com garotos, mal posso esperar pelo próximo domingo, fique até mais tarde e vá para a torre da igreja, ouvi por aí que seu marido vai estar fora no próximo sábado e só retornará na segunda, vou ler um poema para você"
Sorri para mim mesma, ele sabia como me dobrar.
-mamãe, estou com fome, o papai não me deixou comer purê de batatas- meu filho veio ao me encontro.
Céus, meu garoto não era a cara do meu excelentíssimo esposo , qualquer um podia perceber que a pele do meu filho era diferente da do meu marido, a cor do cabelo era a mesa da minha, mas os olhos...esses olhos iam me fazer passar por um divórcio quando meu filho fizesse mais idade.

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Conseguem imaginar quem é o amante?

Imagines, Preferences(Chainsaw man) Onde histórias criam vida. Descubra agora