CAPÍTULO DEZ

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Eu tinha medo de fechar meus olhos e tudo acontecer de novo, ainda lembrava de cada detalhe de duas noites atrás. Meu rosto estava roxo e dolorido, assim como minhas costas e meu pescoço que continha marcas dos dedos daquele homem. Eu tinha breve noção do que havia acontecido com ele, provavelmente torturado por John e seus capangas para descobrirem quem o mandou para me matar. Assim como na outra noite, eu estava acordada próxima a porta da varanda, olhando para o céu estrelado esperando John chegar para que assim pudesse deitar e tentar dormir um pouco. Mesmo que ele tivesse me garantido que tinha reforçado a segurança na casa, eu simplesmente não conseguia sentir-me segura ao ponto de fechar meus olhos, pois cada ruído que ouvia era o suficiente para fazer com que perdesse o sono.

Iríamos voltar para Nova Iorque assim que amanhecesse, estava ansiosa por isso, mesmo que não indicasse estar segura. Kate telefonou mais cedo e conversamos por bastante tempo, foi bom para me distrair de tudo o que aconteceu e ela pareceu extremamente preocupada, até disse que as outras famílias estavam em alerta e prontos para a guerra. Eu não sabia o que ela quis dizer com outras famílias, mas também sabia que não demoraria para descobrir.

Ouço o barulho da porta, John entra no quarto tirando seu paletó, ele caminha até mim ficando em minha frente, deposita um selinho em meus lábios e sorri. 

— Você sabe que não precisa me esperar acordada, certo?

— Sim e você também sabe o motivo disso. — Murmurei tão baixo que acho que ele nem ouviu.

— Eu não vou deixar que ninguém te machuque, nunca mais. 

John segue em direção ao banheiro enquanto eu vou para a cama, uma parte minha ficou mais calma e com o sentimento de segurança sabendo que ele estava ali. Um tempo depois John deitou ao meu lado, puxando-me para ficar abraçada ao seu corpo e sentindo sua respiração em meus cabelos com sua mão acariciando meu braço, não demorei muito para adormecer.

Quando acordei já tinha amanhecido e John não estava mais no quarto, um tempo depois eu esperava por ele na sala para irmos ao aeroporto, não aguentava mais ficar nessa casa que a cada segundo trazia lembranças do ataque. A viagem de carro foi rápida com Taylor foi rápida, John teve que resolver um último assunto antes de ir para o aeroporto. Durante o trajeto observei a cidade pela última vez, infelizmente não quis sair mais para aproveitar todos os lugares de Oslo e não sei se vou querer voltar aqui tão cedo em minha vida.

No aeroporto, o avião particular de John já estava pronto, assim que entrei na aeronave vi John sentado em uma poltrona com seu celular em mãos, sentei ao seu lado e ele sorriu para mim antes de guardar o aparelho. 

— Bárbara, houve alguns imprevistos e você vai ir para Barcelona. — Ele disse sem desviar seus olhos de mim.

— Por qual motivo? Você precisa parar de esconder as coisas de mim, eu quase fui morta e nem sei a razão para isso.

— Eu prometo que vou te contar tudo quando for o momento certo. 

Ficamos em silêncio por alguns segundos, sabia que nem mesmo ele acreditava nas palavras que foram ditas. 

— Eu posso até ir para Barcelona, mas Benício terá que ficar longe de mim.

— Não se preocupe com aquele merda, você não ficará mais que dois dias na Espanha. Seus amigos já foram notificados sobre sua volta ao país, eles viajaram com você para a Itália.

— Como... 

Iria perguntar em como ele entrou em contato com Clarke e Henry, mas lembrei que o mesmo possuía muito controle sobre minha vida, então era bem possível que também soubesse tudo sobre os dois. Eu estava brava por John ainda esconder as coisas de mim, também ansiosa para reencontrar meus melhores amigos, mas no fundo apreensiva, pois não queria colocar eles em perigo. Até porque se foram até a Noruega para me matar, podem muito bem irem na Espanha terminar o serviço.

Eu havia dormido por um tempo e quando acordei já tínhamos pousado em solo espanhol, só que ainda permanecemos no avião. Caminhei até a porta para sair do pequeno quarto em que estava e assim que abri notei que John falava ao telefone. Fazendo o mínimo de barulho, coloquei minha cabeça para fora a fim de ouvi-lo melhor e rezando para que ele não olhasse para trás e me pegasse em flagrante. 

— Destrua todas as provas e certifique de que a encomenda chegue até o destino final em dois dias, traga-me também aquela pasta. — John instruiu a pessoa do outro lado da linha. — Eu tenho certeza de que Benício está ajudando os responsáveis por mandar matá-la, então é hora de termos uma conversa com aquele verme. 

John permaneceu por alguns minutos em silêncio ouvindo o que a outra pessoa dizia. 

— A mãe dela era uma prostituta que estava trabalhando para a Bratva a fim de buscar informações sobre os negócios de Benício, por isso ele entregou-a para mim como se não possuísse nada. Agora os assuntos inacabados da mãe com os russos são meus. 

Exceto quando Benício chamou-a de puta, essa era a segunda vez que alguém falava algo sobre minha mãe. Voltei para o quarto, fechando a porta com todo o cuidado, naquele momento eu não queria ouvir mais nada que John tivesse que dizer ao celular. Eu não esperava ouvir aquilo e começava a ficar apreensiva sobre o passado de minha mãe e pelo que ouvi não duvido que tenha matado ela. Na verdade, estava muito curiosa sobre essa relação com os russos, apesar de que tudo indicava que também mexiam com coisas ilegais. No fundo eu queria saber sobre a minha mãe e sua família e já que John não queria dizer nada, eu iria descobrir por conta própria e sei que terei o apoio de meus amigos. 

Assim que passei pela porta do apartamento, fui recebida por dois pares de braços em um abraço apertado de muitas saudades. Eu senti muita falta dos meus amigos, principalmente das nossas noites de cinemas e conversas juntamente de conselhos para toda vida. John já tinha partido de volta para Nova Iorque, enquanto eu iria para a Itália, no fundo algo me dizia que onde eu ficaria tinha ligação com John e a vida que levava. 

— Eu sinto muito pelo o que você passou. — Disse Henry, olhando cada detalhe do meu rosto. — John nos contou quando telefonou. 

— Mas ainda não entendemos bem essa viagem de última hora para Sicília. — Comentou Clarke. 

Eu sabia que não deveria trazer meus amigos para esse mundo, porém eles são meu ponto fraco e prezo muito pela vida deles. Nunca me perdoaria se algo lhes acontecesse apenas para me atingir. 

— Eu estou correndo risco de vida e parece que Benício está no meio disso. A questão aqui é que não tenho muitos detalhes, entretanto vocês dois precisam me ajudar a descobrir o que está acontecendo. 

Henry e Clarke trocaram um olhar antes de voltarem suas atenções para mim. Meu amigo caminhou pela sala e sentou-se ao meu lado no sofá enquanto Clarke buscou uma garrafa de vinho e três taças na cozinha. 

— Escutei John comentar que minha mãe era uma prostituta. — Murmurei bebendo um pouco do vinho. 

Henry apertou minha mão e sorriu docemente para mim. 

— Eu conheço alguém que pode stalkear todo o seu passado e das pessoas que te cercam. — Ela começou dizendo. — Mas é muito arriscado, tenho certeza que John pode acabar descobrindo que estão vasculhando sua vida. 

— Creio que até que ele saiba, nós já teremos partido da Itália. — Disse enchendo minha taça novamente. — Assim que seu amigo nos entregar todas as informações, precisaremos despistar Leon e os outros seguranças e assim ir em busca da verdade.

Era loucura, porém não tinha outra opção. Se John não queria contar o que sabia sobre o passado de minha mãe que colocava minha vida em risco, eu iria atrás das respostas sozinha.

MAIS QUE UMA NOITE - JOHN (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora