CAPÍTULO NOVE

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O relógio marcava duas horas e meia da manhã, até chegar nessa hora refleti sobre o que queria fazer e pensei em desistir, mas logo tratei de espantar todos esses pensamentos já que estava decidida em ir até o fim. Eu já tinha pegado os grampos, então abri a porta do quarto encontrando o corredor completamente vazio e silencioso. Andei devagar e com calma para não fazer nenhum ruído, desci as escadas e segui para o outro corredor que levaria até o escritório. Respirei fundo e com os grampos tentei abrir a porta, não tendo muito sucesso nas primeiras tentativas. Eu estava correndo contra o tempo e podendo ser pega a qualquer momento, esvaziei minha mente e tentei de novo dessa vez tendo sucesso.

O escritório estava escuro e eu não seria louca de acender a luz para atrair muita atenção caso alguém passasse por ali. Liguei a lanterna do celular e andei rápido até a mesa, haviam muitos papéis ali e descartei os que tinham o slogan da Heinrich Group. Havia quatro gavetas na mesa, a primeira estava repleta de papéis e também não vi nada de muito interessante entre eles. Já na segunda tinha duas pastas, uma delas tinha o meu nome e isso fez meu coração acelerar com um pouco de medo do que encontraria ali. Ao abri-la encontrei um dossiê meu e o pior foi ver que ele era de três anos atrás, significando que John já havia encontrado-me totalmente diferente do que ele disse quando nos vimos pela primeira vez algumas semanas atrás. Tinha várias fotos minhas ali, fotos ao ar livre e com meus amigos e familiares na Espanha. Mais ao fundo encontrei um papel com a assinatura de John e de Benício, logo pensei ser de quando eles me trocaram. 

Mas não era. Era de dois anos atrás. 

O papel parecia ser uma espécie de acordo entre os dois com relação a mim, meio que passava toda a responsabilidade para John, porém eu permaneceria em Barcelona pelo tempo que ele achasse necessário. Isso significava que eu já tinha sido vendida por Benício a muito tempo e a sensação que senti foi muito pior do que antes. Senti minha visão ficar turva e um nó subir na garganta, eu não queria derramar nenhuma lágrima por aquele verme, mas era algo impossível de se fazer quando você nota que as pessoas agem como se a gente não valesse de nada. Os outros papéis mostram que John sempre teve controle sobre tudo o que eu fazia e que estava de olho em mim o tempo todo.

Sua reação no dia da reunião talvez tenha sido apenas atuação por parte dele. Idiota. 

Guardei tudo de volta na gaveta e abri a terceira, lá havia uma pasta com o nome de Bianca e senti meu coração se apertar pela garota, acho que ela não merecia o que aconteceu. Não tive tempo de ver, pois ouvi passos no corredor, fechei a gaveta e corri para o banheiro que havia ali desligando minha lanterna. Meu coração estava acelerado enquanto rezava para que John não entrasse no banheiro. Escutei a porta ser aberta e fechada e pelos passos ele não estava sozinho, logo vi a luz ser acesa pela fresta da porta.

— O que é tão urgente assim, Paul? — Ouço John perguntar, ele parecia um tanto irritado.

— Recebemos uma carta de ameaça endereçada à Bárbara. 

Arregalo meus olhos e coloco minha mão sobre a boca para não fazer nenhum barulho. 

— Ainda não sabemos de quem é, mas eles mandaram fotos da Bárbara no jantar e quando ela te seguiu, o que indica que eles poderiam ter pego ela naquele momento e só saberíamos muito tempo depois. — Continuou Paul.

— Mas que porra. Eu já tenho muitos outros problemas para ter agora alguém ameaçando minha esposa de morte.

— Eu sei disso, John. 

Eles permanecem em silêncio por um tempo, parece que John está andando de um lado para o outro e eu sinto meus olhos ficarem marejados novamente com o medo de algo acontecer comigo daqui pela frente. Tento manter a calma e conto mentalmente até dez para não fazer nada que indique minha presença ali. 

MAIS QUE UMA NOITE - JOHN (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora