Vinte e cinco

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Sábado

Lilith pov

Acordo com os raios de sol na minha cara, devo ter esquecido de fechar a janela antes de sair ontem. Me viro para outro lado e vejo que Mason ainda está dormindo tranquilamente.

Como alguém pode ser tão tão bonito até dormindo?

Geralmente quando eu acordo me decepciono por ter acordado. Durante muito tempo eu ia dormir torcendo para não acordar no outro dia. Eu estava cansada de tudo, o que eu mais queria era reencontrar meus pais, mas agora esse reencontro vai demorar.

Meus dias ficaram mais felizes nos últimos meses, eu devo isso a Mason e aos nossos amigos. Agora me sinto motivada a ir para escola e vê-los.

- Há quanto tempo você está me observando dormir? - Mason fala abrindo os olhos minimamente por causa da claridade.

- Alguns minutos, eu acordei agora pouco.

- Como se sente? - ele pergunta coçando os olhos e em seguida me abraçando pela cintura - Está sentindo dor em algum lugar?

Um pouco, mas não é por causa de ontem.

- Sinto como se tivesse sido atropelada por um caminhão - eu respondo aproveitando seu abraço - Mas nada que eu não possa aguentar.

- Tem certeza que não se machucou ontem?

- Tenho, por quê? - eu pergunto confusa.

- Eu vi seu machucado na costela - Mason fala me encarando e eu sinto vontade de chorar - O que aconteceu?

- Eu vou te contar - eu falo me sentando na cama e isso faz ele seguir meu exemplo - Mas você tem que me prometer, que vai me escutar até o fim e não vai fazer nenhuma besteira.

- Prometo

- Meu irmão tinha acabado de fazer 18 anos quando nossos pais morreram, eu tinha uns 6 eu acho. Foi muito difícil para nonna e eu mas para ele foi ainda pior. Um dia ele era um adolescente comum e no outro ele era responsável por uma criança e uma idosa que já não estava bem de saúde. Cronos teve que amadurecer e fazer muitos sacrifícios para me criar, não foi justo para ninguém e esse ressentimento o mudou.

Cronos era uma pessoa completamente diferente antes da morte de nossos pais.

- Cronos foi diagnosticado com  transtorno explosivo intermitente quando tinha 8 anos, depois de espancar um colega de classe por mexer nas coisas dele. Ele começou o tratamento e quando eu nasci, meu irmão já conseguia se controlar, então eu não cheguei a conhecer esse lado dele. Bem, como eu disse as coisas mudaram quando mamãe e papai morreram. Cronos parou com o tratamento e os remédios, porque eram caros e a saúde de nonna já não estava boa, pouco tempo depois ela ficou acamada. Nossos pais deixaram uma herança considerável para a gente, mas eles dividiram para nós dois igualmente e eu só poderia mexer na minha parte quando fosse de maior, então Cronos teve que usar sua parte para despesas enquanto ele estudava para se tornar policial. Sem o tratamento e os remédios ele voltou a ter surtos explosivos.

Sinto um nó se formar em minha garganta.

- No começo ele só gritava e quebrava o que via pela frente, mas isso só acontecia quando eu o aborrecia. O problema é que tudo que eu fazia deixa ele com raiva. Eu fazia de tudo para não chateá-lo, mas era inútil, até minha respiração deixava ele irritado. Na primeira vez que aconteceu, eu tinha acabado de completar 7 anos, ele arremessou um copo de vidro na minha direção que acertou a parede atrás de mim mas os estilhaços do copo me atingiram, os cortes foram superficiais e não deixaram cicatrizes. Ele me pediu desculpas e jurou nunca mais me machucar, mas ele quebrou a promessa semanas depois. As agressões foram ficando cada vez mais recorrentes, não tinha o que fazer, eu não sabia como me defender e não confiava em ninguém para me ajudar, então só me restava fazer o meu melhor para não irritá-lo. O hematoma que você viu foi causado por que ele me empurrou contra a mesa de canto quando eu neguei ter algo com você, ele viu a dedicatória que você escreveu no livro da Alice, meu irmão ficou furioso e jogou o livro na lareira, não sei o porquê mas ele não gosta de você e me mandou ficar longe.

Mason parece não saber o que dizer quando eu termino de falar.

- Eu não pretendo obedecê-lo dessa vez, se é isso que você está pensando, mas eu não quero que você se envolva nessa história.

- Tem que ter alguma forma de eu te ajudar, você não pode continuar sofrendo nas mãos dele.

- Eu não mais tolerar nenhum abuso, eu tenho um plano e se você for participar vai ter que fazer exatamente o que eu disser.

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Já estava na hora de ir buscar Violet e Mason insistiu em vir conosco encontrar Frank, o argumento dele era que já que eu conheço os amigos dele, nada mais justo que ele conhecer o meu.

Durante a caminhada até o parque, minha mão direita estava entrelaçada com a esquerda de Mason, já a minha esquerda segurava a de Violet. Ela estava animada nos contando o quanto ansiosa estava para a estreia da sua peça hoje a noite.

Pelo que eu entendi a personagem dela era uma criança que tinha acabado de perder os pais em um acidente de carro e foi morar com a tia que criou uma robô para cuidar da sobrinha, mas a Android levou a sério demais o dever de proteger a criança e virou uma assassina.

Achei a história interessante.

Frank já estava sentado no mesmo banco de sempre arrumando o tabuleiro quando chegamos.

- Bom dia meninas, Mason? - Frank fala com o cenho franzido ao ver o garoto.

- Vovô? - Mason fala parecendo surpreso e confuso ao mesmo tempo.

Eu apenas encaro Violet, que está tão surpresa quanto eu.
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A fic está acabando

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Midnight rain || Mason ThamesOnde histórias criam vida. Descubra agora