DELINQUENTE PRODÍGIO

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Ei, é tudo culpa minha, na minha cabeça
Fui eu quem nos incendiou
Mas não era o que eu queria
Me desculpe por ter te machucado
Eu não quero fazer, eu não quero fazer isso com você
Eu não quero perder, eu não quero perder isso com você
[Afterglow — Taylor Swift]

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Jimin era péssimo em matemática. Também em química e física, tinha problemas para decorar as datas históricas e não sabia dizer exatamente onde se localizava a Groenlândia no mapa mundi. 

Desde pequeno, suas notas sempre foram apenas o suficiente para ser aprovado no final do ano e isso com muito esforço e noites em claro estudando, o que o levava a chorar por horas repetindo "eu sou burro", enquanto lia os textos e refazia os exercícios.

Mas o basquete sempre foi seu ponto forte, sempre foi seu lugar de conforto, a única coisa em que podia dizer com toda a certeza que era bom.

Era a coisa dele.

Ter Jungkook na sua cola quando se tratava de ser o melhor do time o deixava perto de se tornar um ninguém novamente e isso o deixava enérgico a ponto de odiá-lo. 

Mas depois de ver Jungkook chorando de dor naquela tarde, ele só conseguia sentir aquela culpa agoniante apertando o peito.

 A mesa servida e o cheiro apetitoso da comida não foram suficientes para fazer o garoto comer ou ao menos prestar a atenção no que estava sendo dito.

Não era sua culpa, certo?

Eunwoo o empurrou.

Não, Jimin, não tinha pedido.

Sua mente traiçoeira ficava repetindo aquele momento como um eterno replay. O grito de Jungkook, o rosto molhado, o garoto chorando no chão da quadra e soluçando de dor.

Um dos melhores jogadores do time. A menos de dois meses de distância do campeonato.

— Garoto! — seu pai chamou. Ele piscou com força, voltando a si e encarando o homem que exibia uma carranca nada feliz. Devia ter tido mais um dia daqueles no trabalho. Jihoon apontou o prato do filho. — Coma antes que esfrie.

— Estou com dor de barriga — mentiu, empurrando o prato com uma careta — Não consigo comer.

— Deve ter sido toda aquela bebida. — Heejin resmungou baixo, mexendo a própria comida sem olhar para nenhum deles. — Sabia que seu filho está seguindo seu exemplo e se tornando um exímio alcoólatra? 

O marido revirou os olhos. Havia uma energia caótica pairando entre eles desde que Jimin se entendia por gente. Ofensas graves e palavras afiadas eram uma rotina nada confortável.

— Talvez esteja treinando, para o caso de se casar com uma mulher como você — retrucou o homem, fechando o punho sobre a mesa — Ninguém aguenta sóbrio.

Silêncio.

Já era tão comum aquele tipo de discussão que Jimin não reagia de forma assustada ou com a mínima aversão. Apenas suspirou e permaneceu em seu próprio mundo.

Heejin riu, amargamente, decidindo que a melhor opção era apenas ignorar a existência do marido até que pudesse sair da mesa.

— Como você machucou o nariz? Alguém te bateu? — Heejin perguntou — Se meteu em outra briga?

Jimin, que estava com o nariz levemente inchado e arroxeado, olhou para a mulher.

Os cabelos bagunçados, olheiras profundas. Ela não estava bem, mas jamais admitiria para qualquer pessoa, nem para si mesma. 

Aminimigos • JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora