EU GOSTO DE VOCÊ UM POUCO DEMAIS

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Oh, eu tenho tremido
Eu amo quando você fica louca
Você tira todas as minhas inibições
Amor, não há nada me impedindo
Você me leva a lugares que destroem minha reputação
Manipula minhas decisões
Amor, não há nada me impedindo
[There's Nothing Holding Me Back - Shawn Mendes]

••••

Estava chovendo, trovejava e o vento balançava as árvores com uma violência anormal naquela manhã. Estava frio, o que fez com que o garoto colocasse um moletom por cima da camisa e da gravata do uniforme escolar.

Ele não conseguia acreditar no que havia acontecido, preferia acreditar que tinha sido uma alucinação ou um simples sonho como os que tinham lhe tirado o sono nas últimas noites.

Mas as fotos tiradas por seus amigos, onde ele estava com batom borrado na boca e sendo encarando por um Jungkook com a boca tão vermelha quanto a dele, foram o suficiente para convencê-lo de que tudo tinha sido real.

Os beijos.

Os sorrisos tímidos.

As confissões.

O beijo na testa.

Ele suspirou, levando a ponta dos dedos até a testa e tocando o local do beijo. Ainda havia aquilo, aquela coisa que fazia seu coração se esforçar mais e bater mais rápido.

Idiota. 

Ele riu, sacudindo a cabeça e pegando uma xícara na prateleira da cozinha. Um pouco de suco e um sanduíche de atum seriam seu café da manhã, e ele estava mais do que satisfeito de ter o que comer.

Quando estava terminando de preparar o sanduíche, ouviu uma tosse pesada e rouca vindo do corredor.

Jimin sentiu o costumeiro arrepio nada bom.

— Chegou tarde ontem — comentou a mulher, arrastando os pés no chão — Eu não digo mais nada.

— Eu avisei que chegaria tarde, estava com meus amigos — explicou ele, se recusando a virar e olhar nos olhos dela.

Jimin sabia que ela tinha se drogado, e sabia que o efeito ainda podia estar ativo. Qualquer mínima coisa seria o suficiente para ela se descontrolar.

Ele sentiu cheiro forte de cigarro e álcool. Era infernal toda a vez que ela pisava em casa, e a forma agressiva como aquilo atingiu suas narinas o fez perceber quão perto ela estava.

Ele a viu se apoiar no balcão, ao lado dele, e cruzar os braços, mas fingir estar distraído demais cortando o sanduíche ao meio.

— Quem era o garoto? — perguntou ela, erguendo uma sobrancelha. 

Jimin engoliu seco.

— Que garoto? — retrucou.

— Seu namorado. Seu pai conhece ele e eu não — Yeejin falava calmamente. Era o que sempre acontecia antes de seus surtos. — Tem tanta vergonha assim da sua mãe?

— Você não é minha mãe. Você só me teve porque o aborto era caro e você tinha medo de morrer no processo — respondeu ele, levando o sanduíche a boca e mordendo um pedaço grande. Havia um nó na garganta, então se limitou a mastigar várias vezes até conseguir engolir.

Ela não respondeu.

— Eu tentei, Jimin. Mas eu odeio ser mãe — retrucou ela.

Havia tanta mágoa, tanto ódio na forma como ela pronunciou aquilo, que o ruivo sentiu-se momentaneamente culpado. Mas afinal não era sua culpa.

Aminimigos • JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora