"ROSAS E SEUS ESPINHOS" 1 parte

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Nos dias que se seguiram, Sophie parecia bem menos energética e entusiasmada. A menina passou muito mais tempo ajudando Cecília com a organização da casa do que brincando e lendo seus livros escolares. Ela parecia estar se esforçando para ser uma criança exemplar, como uma forma de se redimir, o que só aumentava a certeza de George de que o problema não foi simplesmente um acidente. De qualquer forma, tinha certeza de que não era nada realmente sério, embora a menina não parecesse entender isso.

Ao invés de tentar forçar Sophie a desabafar, e explicar de uma vez por todas o problema da criança para agir de forma tão dramática e excessiva, ele optou por seguir o conselho de Cecília.

"Resolver as coisas com a Daphne". É, isso faria Sophie se sentir melhor, queria resolver logo isso então escolheu mandar um bilhete para a casa Peres, assim poderia contar com a presença de Daphne logo pela manhã. Não duvidava que Daphne aceitaria ajudar, mas precisavam de mais do que só um discurso da jovem, dizendo que não estava magoada com Sophie e que ela não deveria ficar triste.

Ela não era boba e parecia realmente acreditar ter feito algo muito errado. Apesar dos modos carrancudos, George se lembrava de muito da inocência da infância, sabia que crianças sempre aumentavam seus problemas, mas Sophie fazia isso em um nível preocupante. O que a fazia se portar assim? O que aconteceu com ela?
Bem, teria tempo para conquistar sua confiança e ter suas dúvidas esclarecidas, mas no momento precisava aprender a lidar com esse jeito complicado da menina.

[...]

— Boa tarde Sr. Joel...digo...George — Daphne o cumprimentou, tímida como de costume, mas dessa vez se dispôs a olhar seus olhos.

Isso o teria deixado hipnotizado, mas já estava perdido com o fato de ter ouvido seu nome sendo dito por ela. Definitivamente poderia se acostumar com aquilo.

— Daphne! — Sophie exclamou, enfim colocando um sorriso em seu rosto. Mas então, como se só agora se lembrasse da culpa que sentia pelo que fez as plantas, seu entusiasmo foi trocado por um tom mais recatado. — Ao que se deve a visita?

— Bem... — a mulher começou, parecendo muito mais gentil e confiante agora que falava com a menina. Era como se estar na companhia de uma criança a fizesse ser mais sincera consigo mesma. — Eu vim pedir um favor, para as minhas flores. Poderia me ajudar?

Os olhinhos da menina pareciam brilhar enquanto ela concordava. A fazer sentir que estava compensando seu erro, parecia a melhor forma de a convencer que merecia ser perdoada.

— E com o que quer ajuda? — Sophie perguntou.

— Sabia que a madame Sol tem uma extensa coleção de plantas e animais exóticos? Estava doida para explorar seus jardins. George até chegou a se oferecer para me acompanhar durante a festa, mas infelizmente acabamos não tendo tempo para isso.

Ele sentiu seu rosto ficando mais e mais ruborizado ao descobri o motivo digno e inocente para Daphne ter marcado aquele encontro. Ela confiou que ele seria uma companhia honrada e que a defenderia, se sentiu segura com a ideia de ficar junto a ele em um jardim escuro e isolado, mesmo sendo um brutamonte rico e influente que poderia sair impune de muita coisa.

Ela confiou nele, e ele a desrespeitou permitindo que sua mente se desviasse para caminhos tão inapropriados e promíscuos, e ao acreditar que ela seria capaz de armar um plano tão frio para o prender em um casamento.

— Podemos fazer uma visita a Sol. — Cecília sugeriu, provavelmente já entendendo o plano de George.

— Você tem muito o que fazer aqui. Deixe que eu as acompanho. — George sugeriu, sabendo que a última coisa que Cecília precisava era voltar a aquele lugar agora.

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