"UM POR DO SOL E A LUZ ACABA"

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George estava começando a imaginar que seu irmão houvesse mentido a gravidade de sua situação apenas para o fazer ir viajar. Sua família achava que Santa Marianna ficava deprimente durante as férias, mas ele adorava ver a cidade livre de todos aqueles incompetentes.

Não que não sentisse falta de alguns deles, e com certeza ele não estava se referindo a uma certa ruiva que também havia partido de férias para o Rio com a família a alguns dias. Ele com certeza não havia sonhado com ela nos últimos cinco dias direto. Com toda a certeza não paralisava no meio do trabalho, porque as vezes a brisa fria se chocando com seus lábios o fazia sentir falta dos beijos quentes de Daphne. E como toda e definitiva certeza, ele não estava num misto de ansiedade e alegria enquanto se arrumava de forma apressada para ir em direção a casa Peres.

Apenas tinha de passar num mercado próximo ao local, e sabia que não levaria tempo para Pietra, e consequentemente Daphne, saber que ele estava lá. Apenas queria poupar seu tempo e ir a cumprimentar, só para não a ouvir perguntar o porque de a ter ignorado. Afinal, ele com toda a certeza existente no universo não adoraria ver Daphne demonstrando ciúmes nem saudades.

— Bom dia Sr. Joel. — Sophie  e Cecília disseram ao passar por ele.

— Sr...Joel? — George repetiu, confuso, sem entender o porquê de o estarem chamando assim.

— Não é ótimo? Dei um jeito nelas. É uma pena ser temporário. — Malcon disse, se referindo a Sophie e Cecília.

— E como exatamente você fez isso? — George perguntou, ainda surpreso.

— Eu as contei uma velha história.

Ele ainda tinha algumas dúvidas, mas estava focado em ir fazer as compras para sua cunhada, e talvez ir ver Daphne. — Sophie, acho que não vou ter tempo para te levar a casa de seus amigos hoje. Você pode ir com Malcon, vou te compensar depois.

— Tudo bem senhor, o Malcon tem mesmo uma missão para hoje. — a criança o informou.

— Uma missão é? Me contem mais detalhes depois. Bem, bom dia para todos e até mais tarde.

[...]

— Pensei que não receberia meu bilhete. — George disse, aliviado por ver Daphne.

— Minha mãe abaixou um pouco a guarda já que estamos de férias. — ela explicou, enroscando uma mecha de seu cabelo nos dedos e desviando o olhar. Talvez também estivesse ansiosa, talvez tivesse se arrependido e percebido como isso era arriscado, talvez só tenha aparecido para dizer que aquilo estava passando dos limites e que seria melhor se separarem. Uma densa neblina de paranóia começava a se formar em sua mente, mas foi cortada pela voz tímida de Daphne, que parecia mais melodiosa a cada vez que ouvia. — Eu senti sua falta. — ela afirmou, e então se levantou um pouco sob as pontas do pé para conseguir dar um beijo na bochecha de George.

Ele pensou em a abraçar ou ao menos dar um beijo rápido, mas percebeu que Daphne ainda parecia ansiosa e percorria seus olhos de um lado para o outro, não parecendo acreditar que estavam sozinhos.

— O que houve? — George perguntou, segurando o lado esquerdo do rosto de Daphne com sua mão, que tinha quase o comprimento da cabeça da mulher.

— Você não sente que tem alguém nos observando? Ofélia nunca vai a estufa, e decidiu ir justo quando você estava lá. Minha mãe sempre me procura nos jardins quando não me encontra, mas na festa da Cecília, ela foi direto para a biblioteca. Isso me da um mal pressentimento.

— Acho que isso de se esconder não está fazendo bem para você. — George disse, se sentindo culpado.

— É claro que está, você me faz sentir ótima. — Daphne afirmou, tentando o animar, acariciando sua bochecha de forma meiga.

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