Sophie não teve muito tempo para absorver a mudança súbita de seu destino. Passou a semana inteira pensando em como a Sra. Liam seria, a haviam dito que mulheres recém-casadas eram um tanto temperamentais com os criados.
Estava uma pilha de nervos, quando a Sra. Peres apareceu e a menosprezou. Então, enquanto tentava segurar as lágrimas por achar que teria de voltar para a casa dos tios. Aquele senhor interviu, e disse todas aquelas coisas rudes e provavelmente pecaminosas, fazendo Sophie se sentir culpada por rir, como se fosse ela quem havia blasfemado. Ainda assim, a simples lembrança daquele acontecimento a fazia rir novamente.— Era só o que me faltava, deve ser mesmo doente mental. — Afirmou Pietra.
Aquelas palavras teriam deixado os olhos de Sophie um pouco marejados, mas ela estava concentrada em suas lembranças. Bom, segundo o que ela percebeu, o Sr. Joel não era casado, então não teria de se preocupar com uma Sra. Joel recém-casada atormentando os criados, ainda não. Antes que pudesse concluir seu raciocínio, ela sentiu a mão fria e irritada da Sra. Peres agarrar seu braço. Ela a puxava em direção a um carro, enquanto reclamava de alguma coisa o qual Sophie não se deu o trabalho de prestar atenção.
O restante da tarde na casa Peres foi exaustivo. A Sra. Liam não parava de chorar e dizer que precisava de uma criada. No geral, todas as Peres reclamavam de Sophie, como se a culpa do mal entendido fosse dela e não de Pietra. Apesar de deixarem bem claro que ela não era adequada como ajudante, nenhuma delas viu problema em a mandar para lá e para cá fazendo tarefas da casa. A única Peres tolerável era a Srta. Daphne, a filha mais velha de Pietra, que apenas pediu que a garota trouxesse uma bandeja com café e biscoitos. Logo em seguida, chamou a menina para acompanhá-la no café da tarde e até se ofereceu para lhe emprestar um livro. Era uma pena que Sophie não lesse muito bem.
Quando a noite caiu, lhe arrumaram uma cama em um dos aposentos dos criados. Duas das Srtas. Peres a chamaram durante a noite para que as trouxesse leite, água ou outro cobertor.
Na manhã seguinte, Sophie já se via de avental servindo o café como se aquela fosse sua nova rotina. Uma rotina que até poderia ser tolerável, se todas as Peres não tivessem aquela voz irritante, se não falassem tanto da vida alheia, e principalmente se não o fizesse enquanto comiam. Mas todas o faziam, todas menos Daphne na verdade, ao menos se fazia então Sophie não percebeu. E sua voz não era música para os ouvidos, mas era aceitável, talvez porque não falasse muito.Já estava desanimada ao pensar que aquela poderia ser sua vida. Mas então, às nove horas em ponto, o mordomo anunciou a chegada de seu salvador. Ele não usava armadura e nem estava a cavalo, mas se tinha vindo salvá-la daquelas mulheres insuportáveis, então para Sophie o Sr. Joel era tão heróico quanto qualquer cavalheiro de espada e escudo.
— Por que ela está de avental? — Questionou George, sem mal ter entrado pela porta. Quanto mais longe daquelas mulheres melhor.
— Bom, ela estava servindo nosso café. — Explicou Pietra, após um momento de silêncio.
— E posso saber por que ela estava servindo o café para você se ela é minha empregada? — Questionou indignado — Pensei que você tivesse deixado bem claro ontem na estação, que não tinha interesse em ficar com a menina.
— Eu só pensei que enquanto ela estava aqui..... — George a interrompeu. Já havia ouvido o suficiente daquela voz.
— Certo, nada disso importa. — Ele se virou subitamente para Sophie — Você não desfez sua mala, não é?
A menina balançou a cabeça em negativa.
— Ótimo! — Exclamou George — Pegue tudo para podermos ir e deixar as Peres em paz. — Claro, afinal eram elas as verdadeiras incomodadas.
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INALCANÇÁVEL
De TodoO mundo é um lugar tediosamente frio e cruel. Não é de se surpreender que tantas pessoas decidam dar as costas para ele e se enfiar em uma muralha. Mas, como nossos protagonistas irão aprender ao longo dessa história, mesmo a maior muralha de pedra...