𝐀𝐢𝐳𝐚𝐰𝐚 𝐒𝐡𝐨𝐮𝐭𝐚

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Vi ela correr para longe com o rosto carregado de dor e lágrimas. Quis ir atrás, mas me contive sabendo que aquilo seria o melhor para nós dois, principalmente para ela. Eu precisava mantê-la segura e se, para isso, eu precisava afasta-la, eu o faria.

Senti meu peito doer quando a vi dias depois, os cabelos mais curtos, o rosto magro e pálido, as unhas descascando a tinta verde, o óculos torto e ela rabiscando sem parar num papel, olhando vez ou outra para o computador. Ela sempre ficava daquele jeito quando concentrada em algo para a faculdade, mas estava pior. Muito pior.

Entrei na cafeteria sorrateiramente e pedi que levassem um milkshake para a mesa dela, um do sabor favorito que sempre vi os olhos brilharem quando ela bebia. Paguei e saí o mais rápido possível para que ela não me visse.

Passei dias tentando ajeitar todo o trabalho incansável, tentando apagar o rastro forte que ela tinha na minha vida, desde os sentimentos até o que ela tinha na minha casa. Impedia que comentassem sobre ela e fugia toda vez que a via.

Seria melhor assim. A Liga dos Vilões não a encontraria, ela não se machucaria caso eu não voltasse para casa e estaria em segurança. 

Respirei fundo quando a vi entrar no hospital de um jeito abrupto, com lágrimas escorrendo nos olhos como na vez em que rompi o relacionamento de três anos. Minha perna latejou forte e meus olhos arderam quando ela se aproximou. Segurei o choro e olhei para a janela, tentando repelir os sentimentos.

- Shota... - Chamou baixinho quando Hizashi fechou a porta do quarto pelo lado de fora, nos deixando sozinhos. - Olha para mim, por favor.

Fechei os olhos com força, apertei minhas mãos e a ouvi respirar fundo com dificuldade. Não tinha coragem para vê-la, não conseguia.

Ouvi ela deixar as coisas em algum canto do quarto e a cama afundar quando ela se sentou na beirada, segurou minha mão e fez uma carinho ali e, meu senhor, como eu senti falta de um misero toque.

- Vá embora. - Pedi com dificuldade, tentando respirar ao invés de chorar. 

- Não, eu não vou. Vou ficar aqui. - Disse convicta.

Quis olhar para ela. Abraça-la. Beija-la. Dizer o quanto a amava e sentia muito. Me contive de novo.

Tirei a sua mão da sua e olhei para a janela em todo o instante que ela estava ali. Me recusei a comer as frutas que ela cortava. A beber a água que ela oferecia até que ela se cansasse e passasse a ler um livro que tinha trazido, não quis saber qual.

Ouvi pequenas batidas na porta e a voz de Eri pedindo licença e entrando, ela correu para os braços de S/N quando a viu, sorrindo largo e dizendo que sentia muita falta. Ela subiu na cama devagar e me abraçou com os braços pequenos, deixou um beijo no meu rosto e me entregou uma maçã, dizendo que era necessário para que eu melhorasse rápido.

Ela conversou com S/N a maior parte do tempo, eu apenas me recostei na cama, fechei os olhos e apreciei a voz da mulher, ouvindo pacientemente e absorvendo tudo o que ela dizia.

- Vocês vão morar juntos de novo? - Perguntou a criança e ouvi a mulher respirar fundo. Ele murmurou um não baixinho e ouvi a criança soltar um suspiro de decepção, me chamou de idiota e se despediu.

Eu não pretendia voltar com S/N enquanto a Liga dos Vilões estivesse a solta. Sabia que ela podia correr o mais simples perigo apenas estando relacionada com um herói. Ela suspirou e senti seus olhos em mim. 

- Eu... eu vou para casa. O Tom está me esperando. - Disse se referindo ao gato frajola que a dei no nosso aniversário de dois anos. Senti outro aperto no peito. - Aizawa, eu preciso que solte a minha mão.

Abri os olhos abruptamente, só então percebendo que tinha entrelaçado nossos dedos firmemente. Respirei fundo e a soltei. Com um sorriso terno nos lábios avermelhados, senti um beijo ser depositado em minha testa e ela dar um adeus.

- S/N! Espera. - Me sentei na cama antes que ela saísse e senti uma pontada de dor correr pelo meu corpo. Ela voltou rapidamente e me empurrou na cama, me fazendo deitar de novo. - Não vá. Fique, por favor, fique.

Pedi segurando seus braços e sentindo as lágrimas correrem pelo o meu rosto. A abracei e senti seus braços em volta de mim, seu carinho em meus cabelos e ouvi a sua voz dizendo que iria ficar.

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