O bando do Chapéu de Palha atracou na ilha que não me recordava o nome, o objetivo era apenas recolher mais suprimentos para o navio e ficar tempo máximo para o Log Pose, mas passei a insistir um pouco mais de tempo quando vi aquela mulher. Ela tinha um corpo esbelto e os cachos ruivos lhe incrementavam de modo único.
O Log Pose nos forçava a ficar por uma semana. Pensei ser tempo o suficiente para tê-la em meus braços e fingir que nada aconteceu depois. Só que... ela era a mulher. Mulher que homens como Sanji desejavam, que fazia brincadeiras das quais Luffy gostaria, vivia os momentos como Brook - bem vivido que era - vivia, não reclamava como Zoro, curtia do pouco e do simples da vida.
Ela era uma jovem mulher com alma de criança num corpo de adulto e sabia como uma senhorinha no auge dos 80 anos.
Ver o corpo dourado e esbelto adornado dos cachos cor de fogo trouxera a minha perdição, era uma graça vê-la correr até a água salgada, o sorriso que exibia era estonteante, me fazia querê-la só para mim, guarda-la num potinho onde não poderia ser levada embora nem ferir-se com os males do mundo.
O corpo dela era extremamente bronzeado e eu podia perceber isso cada vez que tirava sua roupa, a pele sempre coberta era tão branca quanto a minha. Eu estava me apaixonando pelo sorriso que dava junto da risada gostosa; me apaixonando pela embriagues que me atingia com o perfume da maresia vinda dos cachos; me apaixonando pelos olhos que me lembram águas profundas do oceano em que navegava; apaixonando-me ainda mais por ela e por seus mínimos detalhes e costumes.
Antes de perceber, já estava pegando algumas de suas manias, adotando-os para mim.
Disse ter encontrado um defeito no navio e que eu levaria um pouco mais de alguns dias para arrumar. Era uma mentira cabeluda. Sanji suspeitou de cara e começou a ficar na minha cola para que "arrumasse" o navio.
Passei a ver S/N apenas do entardecer ao amanhecer, ter menos tempo com ela me entristecia tanto ao ponto de doer o peito.
- Hey, Franky! Você demorou, eu não te vi o dia todo! - Disse a mulher deitada na areia gelada da praia.
Me sentei ao lado dela e a entreguei uma garrafa de cerveja, ela sorriu, se sentou, agradeceu com aquele sorriso e começou a beber. Me atraquei no refrigerante como se fosse a bebida mais forte do mundo.
- S/N, essa vai ser a última noite que vou te ver. - Avisei sem rodeios. Eu tinha me apaixonado naquela mulher mais do que era por barcos.
- É, eu sei. O seu bando está aqui a mais tempo que o necessário. - Comentou com a voz amarga.
- Eu estive pensando, talvez você pudesse vir com a gente. Eu converso com o...
- Não. - Ela falou séria antes de me olhar. Foi a primeira vez que vi o seu rosto frio, sem nenhuma expressão sequer, nem quando ela dormia ficava assim. - Eu amo o mar, mas meu lugar não é em cima de um navio pirata.
Suas palavras foram como facadas no meu peito. Queria chorar. Eu amo essa garota, mesmo que ela não sinta o mesmo ou que não me olhe como um possível pretendente.
- Tudo bem.
- Franky... - Me levantei antes que ela continuasse. Ficar ali um segundo a mais me mataria vivo.
Dei um passo para longe, depois outro e continuei andando até não poder mais ouviu ela me chamar. Me arrastei até minha oficina no navio. Abri outra garrafa de refringente e me fingi embriagar com a espuma. Queria trazer ela comigo, mostrar as coisas desse mar e me deleitar com o seu sorriso todos os dias.
Partimos ao amanhecer, não tive coragem de sair do quarto. Não com olheiras fundas e olhos avermelhados. Respirei fundo para sair quando anunciaram o ataque da marinha contra nós. Robin que viera me chamar, mas parou assim que viu meu estado.
- O que aconteceu? - Perguntou minha amiga. Fingi não ser nada enquanto caminhava para o convés.
Não tinha como não ficar surpreso ao ver o corpo dourado e os cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo debaixo do chapéu da marinha. Ela ostentava uma cara abatida, ergueu um megafone e começou a gritar:
- Bando do Chapéu de Palha, vocês possuem um tripulante que eu desejo! Cutty Flam, mais conhecido como Franky, renda-se agora e embarque nesse navio! - Ouvi ela gritar.
Senti a minha boca se abrir e comecei a rir. Me apoiei na beira do navio e a olhei. Ela ficava uma graça naquele uniforme da marinha.
- E se eu não quiser? - Perguntei apreciando o sorriso que ela abriu.
- Então terei que te trazer a força!
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