Troquei a estação de rádio pela quarta vez na viagem de uma hora que eu fazia. As músicas de rádio não estavam me agradando no dia estressante no qual estava tendo. Talvez fosse o estresse dos problemas que a fazenda estava tendo, mas tenho certeza que uma parte desse sentimento é por conta do senhor Akashi, meu amado pai no qual está me chantageando na cara dura para ir na festa idiota do mesmo.
Eu não sirvo para vestidos elegantes, comidas requintadas, conversas coloquiais e essas coisas chiques. A última vez em que estive em algo assim foi no meu aniversário de maior idade há pouco mais de seis anos. O motivo de eu ir nessa droga de festa é por conta do aniversário de maior idade do meu irmão mais novo. Normalmente, eu o busco em casa e levo o pequeno - não mais tão pequeno - para algum dia digno de diversão, parques temáticos, praias ou rodeios, ou seja, os levo em lugares que meu pai me mataria se descobrisse que estou tirando a ética e moral de sua criança sensata.
A sorte foi a caminhonete estar limpa na parte de dentro, caso contrário, o vestido rubro não combinaria com a poeira da estrada de chão que - por mais que eu limpasse - ficava a marca da lama na pintura prateada. Meus pés descalços pisavam no freio conforme as placas sinalizavam a necessidade de reduzir a velocidade. Eu pensei que a pista estaria pior por conta da neve do dia anterior, mas estava limpa e com a mesma aparência de um dia chuvoso. Troquei a marcha e passei a acelerar nos semáforos amarelos, não me importando com as multas.
A casa gigantesca e bem localizada no centro da cidade não foi difícil de se encontrar. A quantidade abundante de carros tanto dentro do estacionamento quanto fora era imensa. Procurei a minha vaga dentro da área da mansão. Eu encontrei uma única vaga grande o suficiente, com correntes bloqueando o caminho.
Calcei os saltos agulha e desci da caminhonete xingando a qualquer ser que tivesse colocado aquele metal que bloqueasse a minha passagem. O vento gélido foi o primeiro a me receber, apertei o casaco negro contra meu corpo. Desenrosquei a corrente e a puxei até um lado. Entrando de novo no veículo e o estacionando. Quando desembarquei de novo do veículo, vi um com o terno preto.
- Senhora, sinto muito, mas não pode estacionar aí. Essa vaga já está reservada! - Ouvi um deles dizer depois de arrumar a postura, endireitando as costas e colocando as mãos na frente.
Estava mais que claro que o segurança tinha começado a servir a família Akashi há pouco tempo.
- Oh, minha nossa senhora! Desculpe, eu não sabia! Mas por quê não deixar assim, não é mesmo? - Respondi passando pelo moreno, sem me importar de ao menos olhá-lo melhor.
Senti um puxão em meu braço, o segurança estava com um olhar firme quando repetiu sobre o lugar onde meu carro estava estacionado. Endireitei minha postura e o olhei irritada. Estar ali já era irritante e enfrentar um problema desses não colabora com o meu humor.
- Com licença, mas quem você pensa que é para segurar o meu braço? - Questionei o olhando de cima a baixo para relembrá-lo ao lugar que pertencia e agradeci pelo pouco da personalidade mesquinha que tinha. - Pode soltar, você não tem o mísero direito de me tocar. E outra, aquela vaga ali, é minha.
Esquivei-me do aperto que ele fazia em meu braço e segui meu rumo. Não me importei do homem gritar sobre a minha proibição de estar ali. Quando cheguei no jardim, suspirei profundamente. O quintal sempre ficava sem vida no inverno, não tinha flores ou qualquer outra cor para alegrar o meio dos arbustos.
Meus saltos anunciavam a minha chegada conforme caminhava pelas pedras cinzentas. A porta de vidro se abriu assim que me aproximei. O mordomo baixo e de cabelo grisalho sorria largamente com a minha presença. Recebi um abraço caloroso. Meu casaco foi pendurado junto de minha bolsa em uma sala reservada para esses eventos.
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