Capítulo 24

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Etian era útil, no final das contas.

Timotthe imaginou que o assassino seria um empecilho, desestabilizando o pequeno grupo e os atrapalhando, mas na real ele se encaixava bem, cobrindo buracos e ajudando quando precisavam de discrição.

Agora, estavam muito perto do palácio, o que havia reduzido o número de mercenários, mas aumentado o de soldados. Pinoua havia deixado a cidade nas mãos dos bandidos, protegendo apenas seu palácio com seus homens. Timotthe apertou o maxilar.

- Vamos invadir pela lateral, um ponto que dá acesso às cozinhas. - ele disse para o grupo. - Encontraremos um grupo de soldados e roubamos suas roupas, para podermos andar livremente pelo castelo. Por sorte, as explosões que Asterope e os outros causarem vão chamar atenção o suficiente para agirmos.

- Que horas elas acorrerão? - Etian perguntou, escorado próximo de uma janela.

Eles estavam no último andar de um prédio ao lado do palácio. Era um descuido dos soberanos, deixar um acesso fácil como aquele. Bastava pularem do telhado para a muralha que cobria todo o castelo. Era um salto complicado, mas Timotthe confiava em Lio e Lira para fazer isso.

- Meia-noite. - ele respondeu a pergunta de Etian, que apenas assentiu.

Eles estavam usando a escuridão e esperavam que os guardas não prestassem atenção nas muralhas ao ouvirem as explosões. Logo, em poucos minutos estariam no interior do palácio.

- Sabem onde Aisha está sendo mantida? - Etian perguntou.

- Temos um contato lá dentro. - Lira respondeu, falando sobre Kroll.

Eles sabiam que era uma promessa vaga, mas era a única coisa que tinham. Teriam que confiar no Carniceiro ou procurar por Aisha em cada quarto daquele lugar.

Etian pareceu pensativo, mas Lio disse:

- Está quase dando a hora, preparem-se.

Todos se posicionaram, conforme Etian abria a janela, deixando o ar frio do inverno entrar. Por sorte, havia parado de nevar naquela noite e as ruas estavam razoavelmente limpas para encobrir seus rastro.

O assassino olhou para baixo, reparando se alguém poderia notá-los, e deu um aceno quando viu o caminho livre. Ele começou a subir no parapeito da janela, içando o corpo para o telhado do prédio. Lira, Lio e Timotthe o seguiram em silêncio, até todos estarem sobre uma fina camada de neve, expostos para a noite e as estrelas.

Eles aguardaram, até Lio dizer:

- É agora.

Mas nenhum som veio. Quando Lira abriu a boca para protestar, o caos começou.

Timotthe havia imaginado que seriam apenas barulhentas, mas a força de três explosões juntas causou um tremor que reverberou até ali. O prédio tremeu sobre seus pés, mas eles não tinham tempo para duvidar de nada.

Timotthe olhou para a queda livre a sua frente, vendo os soldados saírem de seus postos para verem o que havia acontecido. Ele parou na beirada e com um impulso forte de suas pernas, saltou.

Ele sentiu o ar zunir e a força da gravidade puxá-lo contra o chão, mas o que estava se aproximando era a enorme muralha de pedra. Timotthe esticou os braços e agachou na parte plana que havia para os guardas fazerem a patrulha. Ele sentiu dor nas juntas, mas apenas espanou as mãos e se levantou. Acenou para os outros três que podiam vir.

Lira pulou primeiro, seguida de Lio e Etian. Quando os quatro estavam a salvo sobre a muralha, começaram a se mover. Correram agachados, protegidos pela pequena barreira que impedia sua queda. Quando chegaram à porta lateral, Timotthe escalou usando uma escadaria que os guardas usavam, caindo nos jardins reais.

Aisha - A Noiva do LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora