maroon ( 🏳️‍🌈⃤ 001)

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Estava frio no campus da NYU e Sadie estava saindo de sua festa de boas vindas acompanhada de uma estranha, tudo bem, não era exatamente estranha, mas ela havia conhecido Celia naquele dia e elas caminhavam em direção ao dormitório onde sua colega de quarto não se encontrava.
Elas avistaram um vinho rosê provavelmente barato na cômoda e o pegaram.
—  É da Ruby, ela provavelmente não vai terminar — Sadie disse olhando para Celia. — Vai uma rodada?

— Bom, se ela não matar a gente amanhã, sim.

Elas deram um selinho, não tinha sido o primeiro da noite, e beberam o resto da garrafa em meio a beijos selando o que estava por vir. Por volta da madrugada elas dormiram no chão em meio as fumaças dos incensos e mal viram o sol nascer.

— Aí meu Deus, como ficamos no chão desse jeito? — Sadie levanta mexendo em seus cabelos cacheados com dor de cabeça.

— Parece que foi o vinho barato da sua colega de quarto — a ruiva disse rindo se levantando junto de Sadie. — Acho que não tem condições da gente ir para aula.

— Concordo, bom, nós temos música — disse Sadie apontando para os vinis. — Podemos ouvir abraçadas como se nos conhecêssemos a vida toda.

— Estou começando a achar que vou amar essa cidade. — Disse Celia.

Então elas passaram a tarde inteira dançando abraçadas e descalças pelo dormitório com a luz da geladeira e do céu bordô.

Várias tardes assim se passaram e elas começaram a se ver todo dia, Sadie estava se apaixonando, e Celia se sentia diferente de quando estava em Paris com John, seu ex de adolescência, era diferente e real, ela não se sentia dourada, ela se sentia vermelho vibrante.

Elas se encontraram no telhado dos dormitórios e Celia usava um vestido vermelho enquanto Sadie usava uma camiseta de botão branca, o vestido de Celia combinava com o vinho que Sadie havia levado, não era rosê, era tinto.
Seus lábios se encontraram e a marca do batom de Celia se instalou delicadamente em Sadie manchando sua camisa, elas sabiam que metade do campus já sabia sobre elas.

— Nunca tive um primeiro encontro tão perfeito — disse Celia. — Mesmo que estejamos em um telhado.

— Bom, nunca tive um primeiro encontro. — Disse Sadie rindo de leve.

— Fico feliz de ser o seu. — Disse a ruiva acariciando a pele negra de Sadie.

Sadie sentiu o sangue de sua bochecha incendiando, ela desviou o olhar sorrindo e quando olhou para o céu, ele estava bordô, como em sua primeira tarde juntas.

— Parece loucura, mas não consigo mais imaginar meus dias sem você. — Disse Sadie.

Ah, como ela desejou não ter dito isso.
O semestre estava quase no fim e o silêncio havia se instaurado entre elas. Sadie definitivamente não queria perder Celia de vista, não queria perder a pessoa com quem ela escolheu dançar todo dia sob a luz de Nova York.

— Nós precisamos conversar. — Disse Celia olhando-a séria.

— Pode falar, amor.

— Não faça isso, não agora. — A ruiva estava lacrimejando e Sadie estava começando a ficar preocupada.

— O quê?

— Me chamar de amor, fingir que está tudo bem quando definitivamente não está, não finja que está tudo natural.

— Cece... — Sadie se levantou pegando a mão da namorada.

— Você não pode fazer isso, deixar o silêncio dominar e depois me chamar de amor, só para, por favor. — Disse Celia soltando a mão de Sadie.

— Como é? Eu não sou a única aqui em silêncio, você some e não me conta nada, então não venha aqui me culpar e fingir que você está tentando fazer alguma coisa para salvar esse relacionamento, porque eu pelo menos tenho a decência de tentar me reaproximar.

— Tudo bem, Sadie, se é assim que você quer enxergar — a ruiva pegou a taça de vinho que Sadie estava bebendo e derramou em sua blusa. — Vai se foder.

Celia saiu chorando e Sadie se deu conta de que também estava chorando, ela perdeu a primeira pessoa em quem ela confiou, a primeira com quem ela dançou em uma cozinha descalça, a pessoa com quem ela escolheu estar em Nova York, o amor não era mais vermelho, era definitivamente bordô, mas ele tinha se tornado preto e branco naquele momento.

Elas criaram um legado incrível naquela cidade, a porra de uma história que conseguiram estragar e tudo que elas teriam agora seriam memórias dos lábios que elas costumavam chamar de casa.

contos inspirados nas músicas da Taylor Swift Onde histórias criam vida. Descubra agora