Enfim, se amar

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Lisboa - Anavitória ♪

Cena Censurada: Clara e Helena se beijam no chão da sala.

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Helena sabia que aquela tinha sido uma péssima ideia. Na verdade, parecia que ultimamente ela estava fazendo uma coleção de péssimas decisões e não conseguia parar. Mas com certeza ter concordado em fazer o treino no apartamento de Clara depois que a academia do prédio foi interditada estava se saindo a mais estúpida delas.

Em sua defesa, Helena tinha tentado se afastar e muito mais do que uma única vez. Mas depois de sentir os lábios de Clara nos seus por aquele segundo demorado na primeira vez que saíram juntas, e experimentar seu cheiro tão de perto, a ponto de se embriagar, naquele abraço de despedida quando foram ao bar do Simas, ela sabia que as coisas não seriam tão simples.

Depois que Clara passou a evitá-la, não responder as suas mensagens e nem aparecer aos treinos, fazendo-a esperar todo dia que nem uma boba, Helena se sentiu uma completa idiota por ter passado a noite anterior imaginando como seria o reencontro das duas.

Ela tinha tomado uma decisão. Quando Clara resolvesse aparecer, Helena indicaria outro profissional a ela e iria embora. Talvez elas ainda acabassem se vendo já que ela continuaria atendendo seus outros clientes do prédio, mas era só cumprimentá-la de longe e continuar fazendo o seu trabalho. Seria mais seguro.

Mas quando Clara finalmente apareceu, seu coração sentiu um alívio em vê-la ali outra vez. Helena ainda estava magoada com toda aquela situação, mas a aflição por ficar longe de Clara parecia maior do que o resquício da raiva pelo seu silêncio.

Ouvi-la admitir que já tinha beijado outras mulheres e vê-la ficar sem palavras e não conseguir admitir ou negar que o fez por razão do seu próprio desejo, e não apenas por causa de outros homens como ela tinha incitado, devia ter feito Helena enxergar a grande red flag acompanhada de placas de perigo e aviso de não se aproxime.

Afinal de contas, Clara nunca abandonaria o marido para ficar com ela, Helena sabia disso. Mas perceber que ela não conseguiu negar tal coisa, somado com o interesse dela em saber como era o casamento entre mulheres e ainda aquela vez em que ela descaradamente deu em cima de Helena, a fez criar uma esperança ao invés de afastá-la.

E mesmo depois, ao propor que outro profissional passasse a atender Clara, Helena o fez com o resto de autopreservação que ainda tinha, mas com medo que a aluna optasse por esse caminho. Quando Clara negou veementemente dizendo que gostava dela, seu coração bateu acelerado, martelando nos seus ouvidos.

Foi impossível para Helena negar o pedido dela para que almoçassem juntas naquele dia, parecia que por mais que ela tentasse se distanciar, Clara estava empenhada em não deixar.

O almoço teria sido perfeito se não fosse pela intromissão de Paula. Foi inquietante estar ali com Clara sabendo que a ex as observava de longe, mas em dado momento Helena já nem lembrava mais da sua existência. A conversa com Clara fluía naturalmente e ela falava tudo com tanta empolgação que seus olhos sorriam também, bem diferente daquela mulher tímida que ela viu entrar na academia ou a aluna retraída e acanhada que era assim que começaram os treinos. A risada com ela era fácil e o tempo parecia que corria desenfreadamente quando estavam juntas.

Era tão lindo ver o jeito que Clara falava do filho e o quanto ela estava feliz por ele estar saindo de casa, frequentando o ICAES e voltando a viver novamente. Helena a achava uma mulher incrível, a admirava tanto que não conseguia entender como Clara continuava presa naquele casamento que só a fazia mal.

Tudo O Que Nunca Tiveram | ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora