Tudo O Que Nunca Tiveram | Clarena

Quando você existe aqui

 Terra - Anavitória  ♪

Headcanon:  Clara sonha com Helena enquanto assiste ao show de Lui Lorenzo.

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Mesmo depois da discussão que teve com o marido, Clara não conseguiu conter a curiosidade e ligou a televisão para assistir ao show. Ela gostava de Lui Lorenzo porque as músicas dele sempre a faziam esquecer por um breve momento a vida conturbada e os seus próprios problemas. Gostava disso.

Theo logo se acomodou no sofá para assistir ao show com a esposa, e perceber o seu interesse incomodou Clara. Ele podia negar quantas vezes quisesse, mas ela sentia que Sol ainda mexia com Theo. As reações dele eram sempre explosivas ou intensas demais quando a situação envolvia de alguma maneira aquela mulher.

Por ora, decidiu ignorar aquilo, queria paz. Mas antes não conseguiu deixar de notar que daquela vez tinha sido diferente. O coração não tinha errado a batida e apertado dentro do peito ao constatar o entusiasmo de Theo. O incômodo estava presente, mas de forma mais sutil.

Conforme o show foi avançando, Clara foi tomada por um sono absurdo. Ela, que antes estava sentada ao lado do marido, foi se apoiando nele cada vez mais. Primeiro deitando em seu peito e por fim acabando com a cabeça apoiada sobre a almofada no colo de Theo.

Era sempre assim. Não importava o quanto ela estivesse interessada no que estava assistindo, Clara sempre caía no sono. A televisão funcionava como uma espécie de sonífero para ela e dessa vez não seria muito diferente.

Clara até tentou lutar contra aquela vontade gigantesca de se render ao cansaço, mas suas pálpebras pareciam ficar cada vez mais pesadas. A música que tocava era lenta se comparada à anterior e passou a funcionar mais como fundo musical para embalar seus sonhos do que qualquer outra coisa.

"Meu coração já te entreguei

Pois quando te beijei, me apaixonei

Só hoje que o tempo já passou

Que eu pude perceber que eu errei"

Ela podia fechar os olhos por cinco minutinhos e só descansar a vista. Não iria pegar no sono, não é mesmo? Ou iria? Clara preferiu acreditar que não e se dar o benefício da dúvida, não importava quantas vezes já tivesse caído naquele mesmo truque e acordado horas depois com os créditos finais do filme que assistia rolando sobre a tela.

"Igual a você eu sei que não tem

De zero a dez te dou nota cem

E até hoje eu lembro de ti

E ainda sonho que um dia você vem"

Ao ouvir aquelas palavras na voz de Ludmilla, a imagem de um certo alguém veio à sua mente com uma rapidez vergonhosa. A fantasia pareceu se mesclar com a realidade, seus ouvidos registrando aquela letra antiga do seu tempo de juventude enquanto seu subconsciente trabalhava a todo vapor.

Primeiro, Clara sentiu uma pressão sutil na bochecha, depois a mesma sensação no queixo, na têmpora direita, na testa... Ela sorriu antes mesmo de abrir os olhos, despertando em meio aquele mar de beijos tão amorosos.

Só podia ser uma pessoa.

"Acorda, dorminhoca!" Disse de maneira gentil, quase que cantarolando. Mesmo que Clara estivesse grogue de sono, o que não era o caso, e Helena não tivesse dito nada, ela saberia que aqueles lábios macios a enchendo com tanto carinho só poderiam ser dela.